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Seu Perfil X Vaga: Há mesmo um match?

Seu Perfil X Vaga: Há mesmo um match?

A importância de UX/UI Designers serem conscientes ao candidatarem-se a vagas

Mao Barros

1/10/24

O fenômeno do “vai que cola”

Conforme falamos no artigo “Elimine ‘detalhes’ que desqualificam seu perfil profissional”, há uma série de atitudes impressionantemente comuns que fazem com que UX/UI Designers sejam desqualificados para as vagas que se candidatam. Entre elas, está a simples conclusão “Ei, essa vaga é pra mim!”, que nem sempre é verdade. O que vemos é um erro estrutural, pois, na verdade essa frase deveria ser “Nossa, que vaga bacana!”. Essas duas conclusões são bem diferentes, e só uma delas é a correta. Todos querem as vagas bacanas, mas elas não são para todos.

Para chegar à conclusão de que a vaga é para você, ela precisa ser muito parecida com o seu perfil atual. Você realmente tem que preencher ao menos a maioria dos requisitos, prestando atenção aos detalhes — Por exemplo: digamos que uma vaga requer que você trabalhe alocado em São José dos Campos. Você vive no Rio de Janeiro, e não tem disponibilidade de mudar-se para SJC. Mesmo que você preencha tecnicamente as exigências da vaga, não há condições para a sua contratação. Mesmo assim, você se candidataria à vaga? A resposta certa é não. Esse exemplo pode ter inúmeras variações: vagas podem exigir um tempo mínimo de experiência, serem apenas para mulheres, requererem um perfil mais analista do que criativo, ou mesmo, serem para um contrato com período limitado. Acredite: Recrutadores recebem currículos de pessoas que apesar de estarem cientes de não poderem atender às exigências, mesmo assim se candidatam, na mentalidade do “vai que cola”. Não.

Agora imagine-se do outro lado da mesa, na posição do “dono” da vaga: além de todo o trabalhoso cenário interno de abertura da vaga, você já sabe o que vem pela frente: receberá muito mais propostas com menos fit, do que menos propostas com mais fit. Logo, quando um candidato aplica a uma vaga que não condiz com seu perfil, ele está não apenas perdendo tempo e prejudicando sua imagem, como também gerando prejuízo de tempo aos avaliadores.

Por outro lado, não há candidato ideal. E é exatamente por esse motivo que bons descritivos de vaga são exigentes e específicos: vence a pessoa que preencher a maior quantidade dessas exigências, pois o alinhamento é sempre feito de cima para baixo. Posteriormente, já tendo passado pela primeira etapa de avaliação, mesmo sem preencher perfeitamente todos os requisitos, você terá a chance de contrabalancear a falta deles com outras habilidades que tiver, que podem ser interessantes e agregadoras à empresa.

Os fatores que geram o problema

Listo abaixo os 4 fatores mais comuns que resultam na candidatura equivocada a vagas:

Nova oportunidade = mais dinheiro?

Há uma mentalidade que assombra UX/UI Designers: Entender a diferença entre o próximo passo em sua carreira e ganhar mais dinheiro. Com o grande boom de UX Design no Brasil e no mundo, diversos profissionais oriundos de outras vertentes do design genuinamente se apaixonaram, migraram e solidificaram suas carreiras; mas ainda muitos, comparando diretamente os salários, consideram-se dignos de pular etapas, intitulando-se erroneamente UX/UI Designers — mas não compreenderam que é impossível, por exemplo, saltar de Designer Gráfico Sênior para UX Designer Sênior porque são práticas, processos e metodologias muito diferentes. O conhecimento e experiência nessas outras vertentes podem ser agregadores ao seu perfil como um todo, mas não bastam para essa denominação. Logo, comparar salários não é um driver correto. Uma nova oportunidade pode, sim, representar uma renda maior, mas esse não pode ser o seu principal fator de motivação: mais importa que você veja uma vaga como o próximo grande passo de sua carreira, do que queira ganhar mais. Inclusive, vemos diversos casos de pessoas que aceitaram serem admitidas para ganhar o mesmo ou até menos do que o emprego anterior, mas entenderam que dar um passo para trás financeiramente não é regredir na carreira, mas sim pensar estrategicamente no médio-longo prazo. É o “perder para ganhar”.

Julgamento errado sobre seu nível profissional e atividade

Conforme falamos no artigo “Como aplicar a uma vaga de UX/UI Designer”, a forma como você se vê e se posiciona profissionalmente pode ser um grande empecilho para sua contratação. Esse artigo menciona e explica as diferenças entre os clássicos 3 níveis mais comuns: Júnior, Pleno e Sênior. O que exatamente define um profissional como pertencente a um desses níveis? Basicamente, a qualificação técnica, o tempo de experiência, a dimensão das responsabilidades e as relações humanas verticais (liderar e ser liderado) são pontos cruciais presentes em toda análise. Com isso, tenha plena ciência do momento de sua carreira levando em conta esses 4 pontos, para que você tenha uma leitura clara sobre você mesmo antes de aplicar a vagas que exijam mais do que você pode entregar. Uma das formas mais eficazes de ter certeza de seu nível de maturidade é perguntando para colegas de trabalho como eles te vêem — Peça total sinceridade, pois uma opinião errada, mesmo no intuito de ajudar, pode prejudicar sua oferta de valor a contratantes.

Outro ponto crucial é a sua atividade. Se uma vaga requer que o profissional produza peças digitais, de nada adianta um profissional de peças gráficas se candidatar a ela. Por mais que em alguns pontos haja semelhança (mesmos softwares, organização de arquivos, etc.), não é o que está sendo solicitado pelo contratante, ou seja, não é o que você está sendo contratado para fazer. Seu passado em outras vertentes do design e afins (como design gráfico, ilustração, caligrafia, tipografia e mais) não te qualificam automaticamente para uma vaga de UX/UI Designer; Podem sim agregar e te diferenciar, mas como não serão sua atividade principal, são muito menos relevantes no processo de seleção.

Não ler o descritivo com atenção

Nos tempos de escola, professores eram categóricos ao darem notas baixas a alunos quando respondiam erradamente às questões de uma prova. O interessante é que, pela análise deles, geralmente o aluno provavelmente sabia a resposta correta, mas não compreendeu a pergunta. A desatenção na hora de entender o que está sendo solicitado é um problema extremamente presente em muitos cenários da vida, e não diferente, é também no âmbito profissional. Por esse motivo, ao se deparar com um descritivo de vaga, leia-o completamente com muita atenção. Uma prática que recomendamos é que você passe os tópicos um a um, fazendo um check nos que tem certeza que pode atender sem dificuldade. Ao final, se você perceber que a maioria dos campos tem sinergia com o seu perfil, proceda à candidatura. Caso contrário, interrompa e não se candidate.

Por outro lado, devido à nossa experiência diária, sabemos que muitas vagas não são bem escritas e claras. Por vezes há informações excessivas, por outras há pouquíssima; ainda, em alguns casos, as exigências não fazem sentido ao perfil de profissional requerido. Para todos os efeitos, o intuito do contratante é encontrar a pessoa ideal para sua necessidade, certo? Então a recomendação a você, como candidato, é que faça contato com o avaliador para esclarecimento de suas dúvidas, para que você se candidate plenamente seguro de sua decisão. Se a sua primeira abordagem a um recrutador for essa, tenha a certeza de que você será respeitado e ouvido.

Não pensar nas consequências

Por fim, todo erro cometido vem com uma consequência, e com ela, um aprendizado importante. Quando um UX/UI Designer se candidata a uma vaga que não está alinhada a seu perfil, uma red flag é levantada pelo recrutador: ao armazenar os seus dados em uma planilha organizacional, a célula com seu nome será marcada com um ponto de atenção em vermelho. Para as próximas vagas que forem abertas, antes mesmo de checar se você evoluiu e está de fato pronto para a vaga, a leitura automática sobre você será negativa devido ao seu histórico. Ainda, considerando que além de você haverá diversos outros candidatos, é certo que você será colocado no final da lista de opções.

Outra questão que é importante levantar é que, por mais que nosso setor esteja em um crescimento acelerado, o mercado ainda é pequeno, as pessoas se conhecem e conversam entre si. Logo, se você comete esse erro repetidas vezes, será uma questão de tempo até os recrutadores chegarem a uma conclusão coletiva sobre você, o que pode ser ainda mais prejudicial à sua imagem e difícil de reverter.

Conclusão

Ao aplicar a uma vaga, esteja ciente que esse processo é muito mais complexo do que você imagina. Todas as suas ações fazem parte da avaliação, desde a forma que você aborda o contratante até a conquista do direito a uma entrevista. Esteja seguro de seu momento na carreira, respeite os contratantes e só se candidate às vagas que realmente estiverem dentro do seu alcance profissional.

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