Introdução
Você trabalharia com você mesmo? Já falamos sobre “qual é a UX do seu portfolio de UX”, mas agora estamos falando da “UX de trabalhar com você”. Se pensarmos que pessoas à nossa volta tem experiências de trabalho contínuas conosco, fica a pergunta: Elas tem tido uma experiência agradável? Nesse artigo vamos levantar quais são as competências mais desejadas pelas empresas, que abrem caminho ao o rendimento de seus times na criação ou melhoria de produtos digitais.
Hard Skills VS. Soft Skills
Por definição, Hard Skills são as habilidades que desenvolvemos no quesito técnico, que nos capacitam a produzir. Dominar ferramentas, saber criar wireframes, jornadas de usuário, telas e protótipos são alguns deles. Logo, entende-se que mesmo um profissional em início de carreira deve ter essas habilidades.
Já as Soft Skills são habilidades relativas ao caráter e personalidade. São os aspectos pessoais que definem a forma como você se relaciona com outras pessoas, e como eles determinam seu comportamento profissional em um conjunto de pessoas que tem o mesmo objetivo em uma empresa. Como citamos no artigo Como aplicar a uma vaga de UX/UI Designer, a maioria dos UX/UI Designers define sua maturidade pela forma como outros profissionais os vêem — então o comportamento é o principal indicador nessa definição. São essas competências que determinam sua maturidade, acima das Hard Skills.
Soft Skills mais desejadas
Como falamos no artigo Sou um bom UX/UI Designer, mas as entrevistas são injustas comigo, gostar de gente é uma das premissas de um bom UX/UI Designer. Não estamos mais na época em que designers não tinham voz, e se acuavam atrás de imensos monitores. Um designer, em sua essência, é um profissional de comunicação. A importância disso tem tomado proporções cada vez maiores nas empresas, por isso, se você não tem essa habilidade, desenvolva-a urgentemente — e se perceber que não é possível mesmo, reavalie seus motivos para ser um UX/UI Designer.
Em vias práticas, preste atenção na forma como você se relaciona em seu ambiente de trabalho — ou mais do que isso, atente para a forma como as pessoas se relacionam com você. Como sabemos: “Não preste atenção no que o usuário diz, mas no que ele faz.” Você não vai obter as respostas que procura perguntando diretamente às pessoas o que acham de trabalhar com você.
Listo abaixo as Soft Skills mais relevantes:
Colaboração/Comunicação com a equipe
Grandes projetos não são feitos por uma pessoa só. Essa habilidade trata de como você vai se posicionar mediante outras pessoas no projeto em questão. Essencialmente, no universo de UX há diferentes times envolvidos além do design, como Desenvolvimento, Product Owners e Stakeholders. Cada um deles tem seus próprios objetivos, que devem ser ouvidos e alinhados às suas tarefas para que o coletivo obtenha sucesso. Logo, é essencial que você consiga criar e cultivar uma via de comunicação com essas pessoas, a fim de manter um bom relacionamento com elas durante todo o projeto.
Empatia
Trata-se da habilidade de entender os sentimentos de outras pessoas, e não apenas isso, mas de torná-los relevantes em seu processo de trabalho. Apenas ouvir não basta, é necessário haver conversão prática em sua metodologia pessoal. Como cada integrante do projeto tem sua própria organização e metas, é primordial que você os entenda e os ajude a atingi-los. Não podemos ser só reativos, mas sim ativos, trazendo elementos que agreguem valor a todos.
Inteligência emocional
Esse ponto talvez seja um os mais desafiadores, quando suas questões particulares não interferem em seu trabalho. A forma como você lida com subordinação à liderança, críticas diretas / indiretas e decisões inesperadas no meio do projeto, ou até mesmo costumes que traz ao ambiente de trabalho, faz muita diferença na forma que as pessoas conseguem se relacionar com você. Manter-se focado, determinado e ainda produtivo em meio às adversidades é um desafio diário que todos enfrentamos, e quanto menos deixarmos nossos vícios pessoais interferirem, melhor.
Apresentação/Habilidades de falar em público
É fato que algumas pessoas são naturalmente mais extrovertidas, e para esses, falar em público não é problema. Se você não é uma dessas pessoas, saiba que essa habilidade pode (e deve) ser desenvolvida. É indispensável que você consiga, sem dificuldades, expôr processos, defender conceitos e decisões de design consistentemente. Uma vez que o UX/UI Designer tem estado cada vez mais envolvido nos negócios, dirigir-se aos Stakeholders com propriedade é primordial para manter seu lugar à mesa.
Liderança
É a habilidade de tomar a frente em determinada tarefa, conduzindo pessoas menos experientes na direção certa para que atinjam o máximo em produtividade e qualidade. Dessa forma, os resultados de toda a equipe tornam-se mais evidentes, rápidos e eficazes. Há aquela máxima em que o líder ideal é aquele que puxa o carro junto com os liderados, e vez de lhes dar chicotadas para que o puxem. Logo, liderar não é simplesmente dar ordens e cobrar que sejam cumpridas, mas abrir o caminho para que pessoas possam se desenvolver e alcançar excelência em seus entregáveis, garantindo a longevidade e qualidade da equipe.
Operações de negócios
Sabemos que UX/UI Designers já têm uma cadeira na mesa dos Stakeholders. Esse foi um grande passo de nosso setor, indubitavelmente — Cada vez mais as empresas estão percebendo o impacto direto que um Design Team pode trazer, seja no aumento de vendas, na retenção de clientes ou na redução de custos e desperdícios. Todos esses pontos estão diretamente ligados aos resultados da empresa como um todo. Por isso, UX/UI Designers precisam cada vez mais levar em conta o negócio, sabendo como documentar e analisar os resultados de seu trabalho.
Habilidades além do Design
Uma história real: Certo jovem, recém ingressado como UX/UI Designer em uma gigante do varejo nacional, se viu diante da oportunidade que serviria de trampolim para a sua carreira. Uma empresa nova e inspiradora, pessoas bacanas, boas metodologias e audaciosos desafios pela frente. Logo, ele fez o máximo que pôde para se integrar, ser participativo, ouvir, e por fim, se sentir parte do time. Meses se passaram, e ele tinha conseguido esse feito. Acontece que ninguém sabia que ele, antes de se tornar um UX/UI Designer, tinha sido professor de Yoga.
Certo dia, ele teve a brilhante ideia de sugerir a seus colegas de trabalho uma sessão de Yoga, totalmente grátis, no parque próximo à empresa. Era uma competência que ele tinha e podia oferecer, e que a seu ver, poderia ser muito agregadora para sua equipe de trabalho. Então promoveu a primeira aula. Depois a segunda. Terceira. E assim, foram muitas aulas onde “o pessoal da firma” vinha pra investir em sua saúde, e mais do que isso, a se integrarem mais como time. Nem preciso dizer que a liderança da empresa simplesmente adorou esse gesto: Um colaborador, que por iniciativa própria e sem custo, criou uma forma de integrar a equipe, e ainda ajudar em sua saúde.
Esse é um exemplo perfeito de como as habilidades além do design podem fazer muita diferença em uma empresa e em um time. Todos nós, devido a experiências anteriores, certamente temos algo a agregar a outras pessoas com nossa vivência pessoal: Uns vieram do interior para a cidade grande, outros já estiveram fora de sua terra natal, outros já tiveram outras profissões, outros tem algum hobby bacana. Em todos esses casos, há histórias, aprendizados e descobertas que, se compartilhadas, podem favorecer as pessoas à nossa volta.
Conclusão
Evidencie essas competências em seu site / currículo.
Separe pontos importantes que aconteceram em sua carreira, que sejam dignos de mencionar. Em seu site ou currículo, faça questão de contar essas pequenas histórias sobre esses fatos, esclarecendo o cenário, o problema e a solução. São esses momentos que constróem sua experiência, mostrando os acertos (que serão seguidos) e erros (que serão evitados) em seus próximos desafios. Empresas não querem pessoas que trazem vícios, mas sim pessoas que já estiveram em situações adversas e souberam como vencê-las, para que apontem as futuras decisões na direção menos arriscada.