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NDA não me deixa ter portfolio

NDA não me deixa ter portfolio

Lide com restrições de divulgação em seu portfolio de UX/UI Designer

escrito por

Mao Barros

postado em

1/6/20

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Introdução

Para os designers que trabalham em grandes empresas e corporações, existe um desafio muito grande em conseguir construir cases de portfolio por um motivo simples: A assinatura de um contrato de Non-Disclosure Agreement (Acordo de Não-Divulgação, em tradução livre). Como é possível, nesses casos, montar um portfolio? Vamos descobrir maneiras de tornar essa situação favorável para sua apresentação profissional e carreira, sem prejudicar Project Owners.

NDA?

É muito comum UX/UI Designers tomarem propriedade dos projetos em que atuaram, ainda que ingenuamente. Em sua essência, não está errado: De fato há o esforço intelectual, criativo e físico empenhado ao projeto, que tem seu mérito de reconhecimento a todos os participantes. Mas quando se trata do ambiente empresarial, é preciso ter a noção de que esse universo é muito maior do que nós, peças em toda a sincronia das engrenagens. Estamos condicionados a perceber apenas o nosso pequeno mundo, dentro do Design Team; Mas as empresas são compostas por diferentes departamentos e pessoas que tem seus próprios objetivos, projetos e entregáveis, assim como você. Um desses departamentos é o Jurídico, que tem por objetivo zelar pela marca e pela integridade da empresa perante o mercado, protegendo-a de toda e qualquer ameaça que possa prejudicá-la.

O que é

Nesse pensamento, o NDA é um acordo entre uma empresa e um profissional que atua sob sua supervisão de que nenhuma informação interna relativa a seus produtos e serviços (como metodologias, inovação, tecnologia, design, pesquisas, estratégias, clientes e mais) possa ser divulgada pela parte contratada (ou seja, você). Perceba que, ao citar as aplicações acima, estamos falando de praticamente todos os setores da empresa. O NDA pode ser um documento único e específico, ou uma cláusula presente em seu contrato de Prestação de Serviços independente do formato de contratação (CLT, Contractor, etc.)

From Giphy

A raiz: O que você fez não é seu, nem pra você

Como citamos no artigo Porque você precisa fazer a Lição de Casa, todo o seu trabalho não é para você. Foi feito para o projeto ao qual você atuou, para a empresa que acreditou em você, com pessoas que chegaram a resultados ao seu lado, e finalmente, ao usuário que vai apreciar aquele produto. Logo, entende-se que a empresa, ao te contratar, está comprando suas habilidades para o desenvolvimento de produtos que a ela pertencem. Nesse momento entra o trabalho do Setor Jurídico: Encontrar e intervir, quando necessário, em toda e qualquer ação que envolva o vazamento de seus dados sem autorização. Já deu pra perceber que estamos falando de pontos de extrema seriedade, que podem trazer consequências catastróficas para ambas as partes. Realmente não é brincadeira.

Consequências da quebra do NDA

Conforme citamos no artigo Melhore sua Presença Digital, os projetos em que você atuou contém informações que podem representar problemas enormes para a empresa que o detém. O grande erro está em você tornar públicas as informações sigilosas da empresa em questão — Ao publicar em seu portfolio, você estará fazendo exatamente isso. Listo abaixo consequências para as partes:

Para empresas — Vantagens a concorrentes

As informações usadas em projetos são baseadas nos recursos das empresas, sejam eles o resultado de pesquisas, informações de clientes ou ideias de inovação para novas features. Considerando que as maiores empresas tem concorrentes tão bons e grandes quanto elas, uma informação dessas pode abrir um segredo corporativo, fazendo com que a concorrência se baseie (ou até reproduza) esses dados para sua própria vantagem na criação ou melhoria de seus produtos. Nesse caso, todo o investimento feito pela empresa lesada entra em risco, caindo por terra a possibilidade de estar à frente ou diferenciar-se da concorrência.

Para você — Seu emprego, dinheiro, sua reputação

Lembrando que falamos que você é parte de uma enorme engrenagem, a atitude da empresa frente ao seu erro será implacável. Não se trata de nada pessoal: Ela tomaria essa ação com qualquer pessoa que infringisse os termos do NDA. A consequência direta pode variar conforme o tamanho ou a cultura da empresa: Algumas demitem sumariamente, outras impõem uma multa em dinheiro, outras acionam conexões que podem condenar sua reputação e empregabilidade por um longo período. Por isso, é de suma importância que você atente ao contrato e sua cláusulas antes de assiná-lo, analisando e compreendendo friamente suas exigências. Nós sabemos que, no momento da contratação, a euforia e o desejo de começar são tão sobrepujantes que podemos desvalorizar esse ponto, agindo por emoção.

Como resolver esse impasse

Para exemplificar os pontos citados: Certa vez, uma empresa montou time de 6 profissionais para dedicação total a um projeto para uma corporação do setor financeiro. Dado o seu início, os UX/UI Designers aprofundaram-se nas pesquisas, protótipos, testes e design visual: o caminho padrão de um projeto de sucesso. Em pouco tempo o produto já tomava corpo, tendo suas primeiras telas desenhadas. Acontece que um dos integrantes do time, ainda que ingenuamente, colocou telas que criara em seu portfolio. Em menos de 24 horas, o setor jurídico da corporação (que tem equipes que fiscalizam 24h por dia quaisquer irregularidades relativas à marca) contactou a empresa questionando a procedência das tais telas, exigindo explicações e uma atitude imediata àquela situação. A empresa contratada mal sabia do ocorrido. Resultado: O profissional teve que ser imediatamente desligado do projeto, e a empresa por muito pouco não perdeu seu contrato com a corporação. Como evitar tal fato?

A. Peça permissão

Você conhece a frase: “O não você já tem, não custa perguntar”. Idealmente, você deve estar à par de seus direitos e deveres jurídicos em um contrato que assina. Com isso, tente abrir um diálogo com sua liderança, explicando sua motivação para a divulgação do trabalho para que estabeleçam juntos uma forma que não prejudique nenhuma das partes. Transparência sempre é bem recebida e respeitada — porém, se a resposta for negativa, não insista.

B. Reescreva informações confidenciais

Ao criar o seu case você pode alterar os dados do projeto, usando nomes genéricos e números fictícios (desde que esse fato seja explicado, para que seu projeto não pareça falso). Outra forma seria conduzir a redação do case para o que especificamente você fez, sem mencionar os dados gerais de todos os outros envolvidos. Além disso, você pode também alterar cores, o logotipo da empresa e as imagens, fazendo uso de recursos mais genéricos. Por fim, você pode simplesmente cobrir as informações sensíveis, mostrando apenas o essencial para o entendimento do projeto.

C. Proteja seus cases com senha

Em muitos casos, vemos UX/UI Designers protegerem seu portfolio inteiro ou certos cases com senha. Essa é uma manobra extremamente coerente, que inclusive, gera mais interesse do avaliador — Ela mostra que você leva a sério essa questão, evidenciando sua postura madura e profissional. Perfeitamente compreensível. Nesses casos, você pode mostrar telas durante um call, ou numa entrevista ao vivo não-filmada. Mesmo assim, é recomendado que você igualmente edite ou proteja os dados do projeto.

D. Crie seus próprios projetos

Um ponto que é sempre importante frisar: Nós recrutadores não estamos atrás de telas bonitas, mas do seu racional, processos e metodologias para atingir resultados. Logo, é perfeitamente aceitável que você, por iniciativa própria, crie seus próprios projetos, afinal na essência você é um resolutor de problemas. Mas não trabalhe de graça: Em vez de aceitar trabalhar em um projeto abonado, crie sua própria demanda. Tenho certeza de que você já identificou dezenas de problemas fora do seu ambiente de trabalho, certo? Escolha um deles, vá a fundo e crie um produto que seja a resposta a ele. Adoraremos ver esse case, pode ter certeza.

Conclusão

Se sua liderança lhe impõe NDA, antes de mais nada, analise friamente (use a razão, deixando nesse momento a emoção de lado) as condições do contrato. Há acordos que são até injustos com os colaboradores. Se optar por assinar, submeta-se e não volte atrás, trabalhando sob os termos colocados. Sua ética profissional é testada nesses momentos, e anos de construção de carreira e reputação podem ser colocados em risco se as decisões corretas não forem tomadas.

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