Introdução
Todos sabemos que um livro é julgado pela capa. Quer ele tenha 1000 ou 100 páginas, o que vai despertar o interesse no leitor é a forma como o conteúdo é mostrado de forma resumida. Pois bem, a capa do seu livro profissional é a forma que você se apresenta. Vemos dezenas de currículos e sites profissionais inadequados, com problemas como erros ortográficos e ênfase em informações irrelevantes. Nesse artigo, veremos como fazer com que os seus “representantes” joguem a seu favor.
E começa a avaliação
Conforme falamos no artigo Como aplicar a uma vaga de UX/UI Designer, sua avaliação começa no momento em que chega a nós seu material, qualquer que seja. É importante levantar a questão de que o recrutador tem o benefício da dúvida — ele tem o direito de questionar tudo o que você diz, e vai formar uma conclusão sobre você com base nos sinais que você envia. A verdade: a sua avaliação começa no primeiro contato. Listo abaixo alguns pontos relevantes para que você entenda um pouco do processo, desde o início:
A forma como contacta
Recebemos materiais das mais variadas formas. Pensando em nossa usabilidade (lembre-se que somos o seu amado usuário nesse caso), as mais práticas e úteis para nós são o contato direto por WhatsApp e o envio de um e-mail. Contactar-nos por outras formas que não essas, fará com que percamos velocidade.
Como redige uma introdução sobre você
Esse é um ponto de muita dificuldade. Vemos textos enormes que contam a história completa da carreira, e também vemos textos praticamente inexistentes. O ideal é um texto curto, de no máximo 1 parágrafo, que nos fala diretamente sobre você, seus diferenciais, experiência e porque você acha que a vaga em questão tem o seu perfil.
Peso dos arquivos anexados
Chegamos a receber e-mails com anexos de mais de 20MB. O resultado é uma superlotação precoce de nosso servidor, sem contar a dificuldade em baixar e manusear um arquivo com esse peso. Não estamos dizendo para você não enviar portfolios em PDF por email, mas apenas para que tenha o cuidado de pensar em quem vai receber seu material.
Os pontos de saída
Para que possamos dar continuidade na análise, esperamos que a partir do primeiro contato você nos leve para a sua presença digital por meio de seus link principais como página de portfolio (Behance, Dribbble, Cargo Collective, etc.), LinkedIn e site profissional. Não ter ao menos 2 desses links fará com que você perca pontos na avaliação.
Os detalhes são os erros básicos
A avaliação que fazemos parte do pressuposto de que erros básicos são oriundos de 2 fontes: Ou trata-se de desatenção, ou que a devida importância não foi dada. Esses dois pontos igualmente jogam contra você, podendo gerar automaticamente sua desclassificação. O pensamento sobre isso é: “se essa pessoa não repara ou não valoriza esses pontos, vai fazer errado no projeto e prejudicar a todos os envolvidos.” Você pode até achar injusto, mas faz todo sentido.
Atente ao fato que, nesse momento, o fato de você ser UX/UI Designer se torna tecnicamente irrelevante pois esses erros não seriam tolerados por nenhum outro recrutador, de nenhuma área de trabalho existente. Logo, entenda que não se trata de “só um detalhe”.
Listo abaixo de forma prática os erros básicos, considerando qualquer peça escrita que tenha por objetivo te apresentar profissionalmente. Vamos a eles:
Erros de ortografia e digitação
Esses são tidos como problemas grosseiros, que você não pode deixar passar em hipótese nenhuma. Leia atentamente o documento em questão mais de uma vez depois que terminar, e mesmo assim, peça ajuda a outra pessoa, pois mesmo que leiamos muitas vezes, não vemos o erro.
Não revisar o conteúdo
Notamos inconstâncias graves como textos em português com títulos em inglês, imagens que mostram o projeto errado e informações repetidas (que mostram claramente a maneira copy/paste de se montar um documento). Esses erros simplesmente destróem sua ideia de impressionar.
Links que não funcionam
Espera-se minimamente que um link funcione, ao clicarmos nele. Tenha a certeza de que você está enviando o link certo, e que essa página realmente existe. É muito frustrante clicar em um link de portfolio e cair em uma página de Erro 404, ou até mesmo no link de outra pessoa.
Dificuldade de leitura
Agora sim, o fato de você ser um UX/UI Designer deve fazer diferença. Digamos que por sua qualificação, é esperado um material bonito e organizado, o que quase nunca vemos. Encontramos textos minúsculos, títulos inadequados, caixas de texto posicionadas de forma a gerar confusão e muita variedade de hierarquias de informação.
Falta de objetividade
Seja direto sobre o que você está buscando. Dê mais relevância à competência que tem experiência e quer atuar, em vez de começar pelos primórdios de sua carreira. Esse ponto vale para todas as peças: Oriente a informação sempre do mais recente pro mais antigo, afinal você não está sendo avaliado para atuar em uma área que trabalhou há 10 anos atrás. É importante saber o background, mas não antes do que você é capaz de fazer hoje.
Informações de contato
Impressionantemente vemos sites e portfolios sem dados de contato, e currículos com o nome do arquivo “CV.pdf”. Nem preciso comentar que não deve ser nosso o trabalho de dar nomes aos arquivos, nem de ter que buscar em outros sites seus dados de contato depois de ver seu material.
Informações desnecessárias
Por mais que as empresas contratem pessoas e não robôs, certas informações não tem relevância nesse primeiro momento de avaliação. Não cite graduações incompletas, gostos pessoais e demais fatores que não agreguem ao objetivo da sua apresentação. Foque somente ao profissional, e se posteriormente houver espaço para você dizer sobre tais pontos, espere que a abertura seja dada.
A necessidade de ter um currículo
Honestamente, nós recrutadores de UX/UI Designers sabemos que esse perfil tem outros tipos de conteúdo profissional disponível para análise, como um site profissional ou um portfolio. Esses conteúdos já são suficientes para conseguirmos fazer uma avaliação, pois hipoteticamente trazem as informações que um currículo formal traria. Diferentemente de outras áreas, ter um currículo não é indispensável — mas pode ser um fator a mais para agregar à sua imagem profissional. Se você optar por fazer um, ótimo! Mas lembre-se que, como qualquer outra forma de te apresentar profissionalmente, ser mal-feito pode te trazer problemas.
Deixamos a abaixo algumas dicas específicas:
Exportar do LinkedIn
Se você realmente acha pertinente fazer isso, reavalie. Um currículo deve passar a ideia de detalhamento, cuidado, atenção, respeito e, em especial, interesse. Auto-gerar um currículo é o oposto disso. Há também sites de templates de currículo, mas são destinados a pessoas sem cultura de design, o que não é o seu caso.
Design inadequado
Por incrível que pareça, currículos de UX/UI Designers tendem a ser muito mal elaborados e diagramados. Invista tempo e capricho. Há também os casos de exagero no design: uso de elementos flutuantes, backgrounds coloridos, iconografia bonita mas sem explicação ou utilidade, foto inadequada e gráficos desnecessários. Opte pelo simples e direto.
Conclusão
Não seja desclassificado desnecessariamente devido a erros dessa ordem. Você é muito mais do que isso. Dedique o tempo e a atenção necessários, dando valor a esses pontos. Logo que essa primeira barreira for rompida, suas chances aumentam, bem como nossa expectativa em você continuar nos surpreendendo, peça por peça.