Conforme comentamos em nosso artigo Como ser reprovado em processos seleticos para UX/UI Designers, um processo seletivo requer sua atenção total. Não se trata de ser X tipo de UX/UI Designer e querer Y tipo de vaga; Mas de candidatar-se desenfreadamente a toda e qualquer oportunidade que vier pela frente, sem ter compreendido a proposta a fim de ter um interesse real. Para tanto, é preferível que você selecione poucas (somente as que realmente tenham um match com seu perfil) e invista tempo, dedicação e preparação específica para elas. Quando se entende a importância e o tamanho da dedicação esperada para uma candidatura efetiva, deve-se pensar em um ponto crucial:
O quanto realmente você quer essa vaga?
Indo além das aptidões técnicas, devemos considerar que as pessoas são muito diferentes umas das outras. Os indicadores da tomada de decisão para o interesse de um UX/UI Designer em atuar em uma determinada empresa podem ser muito variados: A proposta financeira, os benefícios oferecidos, a visibilidade e o “glamour” da posição, a cultura com colaboradores, os produtos propriamente ditos, e mais. Nesse ponto, não há certo e errado: Apenas deve-se colocar esses indicadores na mesa, definir a relevância de cada um ao seu perfil e objetivo profissional, e construir uma decisão com base nessa análise.
A má notícia é que essa mentalidade é muito pouco utilizada pela maioria dos candidatos. Ao passo que empresas têm investido pesado na abertura de vagas para UX/UI Designers, vemos repetidamente o fenômeno de desistência acontecer — seja durante o processo ou depois de já terem sido selecionados, profissionais optam por romper com a oportunidade, deixando um vazio enorme nas expectativas e planejamento da empresa.
Imagine um cenário onde você recebe o feedback positivo de uma seleção, sendo notificado que foi selecionado para uma vaga. Yey! Depois de muito comemorar, se preparar e tomar as decisões e ações necessárias para o início de suas atividades (como por exemplo desligar-se de seu emprego atual, mudar-se de cidade, etc.), você recebe um retorno inesperado da empresa contratante dizendo que a vaga já não existe mais, e que sua contratação foi cancelada. Imediatamente, o sentimento é de indignação, frustração e decepção, certo? Pois são exatamente esses os sentimentos que uma empresa sente quando um candidato desiste da vaga. Listo abaixo os casos mais comuns que motivam tais desistências:
Como é sabido, candidatos tendem a aplicar a muitas vagas sem ao menos ler seus descritivos com atenção. Logo, no caso de serem selecionados, é evidente que a empresa considera um interesse genuíno na vaga e dá sequência ao processo, já manifestando o interesse recíproco em seu perfil. Quanto mais tempo levar para o candidato ser franco e notificar que na verdade não há real interesse, pior será para a empresa tomar uma decisão acertada e dar por finalizado o processo seletivo.
Conforme falamos no artigo Como criar espaço a UX/UI Designers Juniores, justamente por já terem tido experiências ruins no recrutamento, seleção e construção de seus times, empresas acabam por criar processos seletivos muito complexos e longos. Por mais que a intenção seja minimizar o erro de contratar mal, tais processos acabam causando a desistência dos candidatos interessados — Possivelmente, o motivo mais relevante seja que durante o longo prazo de avaliação, UX/UI Designers são encontrados, avaliados e contratados por outras empresas com um processo mais efetivo e rápido.
Este é o caso mais problemático. Como candidatos tendem a participar simultaneamente de diversos processos seletivos, dentre várias ofertas, uma é a predileta. Mas se a notícia positiva vem primeiro de outra vaga (que também é interessante, só não tanto quanto a vaga ideal), por receio de perder a oferta, aceitam. Pouco depois, o resultado positivo da vaga ideal também vem, fazendo com que, sem pestanejar, o candidato abandone a vaga que já havia aceitado. A essa altura a empresa já tinha traçado planos, feito preparações e criado uma alta expectativa, logo seu prejuízo e frustração serão inevitáveis.
Nesse caso, o melhor a fazer é deixar clara a sua participação em outros processos seletivos — Sem dúvida é melhor que o contratante logo tenha ciência do seu momento real (para que se antecipe e lide com essa situação como lhe aprouver), do que ser surpreendido com uma desistência abrupta.
Considere que em todos esses cenários citados acima há um “prejuízo silencioso”: Tais atitudes podem ser altamente nocivas à sua imagem profissional. Por mais que o mercado de UX esteja de fato em crescimento acelerado, ainda estamos falando de um mercado pequeno, onde muitos contratantes conhecem muitos outros contratantes, e com certeza, comentam entre si sobre seus processos seletivos em busca de recomendações e indicações. Logo, são pequenas perdas que você pode estar acumulando, que em um futuro não tão distante, podem se tornar barreiras para o próximo grande passo de sua carreira.
Segundo nosso artigo Encontre seu próprio valor profissional, empresas não buscam apenas mãos e mentes capacitadas, mas pessoas comprometidas. Se durante o processo seletivo a empresa encontrar sinais que levantam red flags sobre sua reputação e credibilidade, aceite ou não, serão indicadores relevantes que certamente irão jogar contra você.
Se você está sendo contactado por diversas empresas e recrutadores ao mesmo tempo, comemore! Trata-se de um bom sinal: Sua proposta de valor está convincente, seu perfil gera interesse, sua apresentação profissional condiz com seu nível, você foi bem recomendado, e mais. Para que você preserve sua imagem profissional e garanta o melhor comportamento possível perante tais contratantes, seja sincero e transparente com todos, sempre.
Essa transparência envolve, inclusive, saber dizer não.
Isso mesmo: Se você não estiver confortável com o processo seletivo proposto, ou com a forma que foi abordado, ou não se interessar mesmo pela vaga e/ou pela empresa, o melhor a fazer é imediatamente não aceitar. Tenha a certeza de que uma resposta educadamente negativa de sua parte não será mal vista por contratantes. É muito melhor a sinceridade de dizer não, do que sua indecisão se tornar um problema que vai prejudicar a empresa — e consequentemente, você.
Trate um processo seletivo com a atenção devida. Com a visão de que trata-se possivelmente do próximo passo de sua carreira de UX/UI Designer, seja para vagas que recebe proposta ou que se candidata por iniciativa, seja transparente e sincero com todos os envolvidos para que você colha frutos positivos a cada decisão tomada.