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Crie sua própria experiência profissional
Mao Barros
23 de março de 2021

Como UX/UI Designers menos experientes podem alavancar sua empregabilidade

A realidade das pequenas empresas

Analisando friamente o cenário de pequenos empresários, nota-se a falta de um bom planejamento. Segundo especialistas jurídicos e contábeis, a grande maioria dos microempreendedores “estão empresários”, ou seja, empreender lhes é uma condição; Por mais que não tenham vocação e preparo administrativo, têm o conhecimento técnico e a vontade / necessidade de fazer acontecer. Tais pessoas iniciam atividades empresariais pelos motivos mais variados:

  • Sei fazer essa X coisa muito bem e quero vender;
  • Cansei de ter chefe, posso fazer sozinho;
  • Tenho que me mostrar capaz para a família e amigos;
  • Fui desligado e quero dar a volta por cima;
  • Herdei um negócio e tenho que dar continuidade.

Por outro lado, temos a minoria: pessoas que de fato “são empresários”, ou seja, tem vocação e preparo administrativo para empreender mesmo que não tenham muito conhecimento técnico específico do produto. Suas características:

  • Têm ímpeto de empreender, e nisso, definem objetivos mais altos;
  • Têm visão estratégica e planejamento prévios;
  • Sabem profundamente sobre mercado, concorrência, precificação, processos de venda e pós-venda;
  • Conhecem bem os números, tributos e limitações legislativas;
  • Têm uma visão clara de produto, e seu potencial;
  • Estão preparados para gerir equipes.

Segundo os mesmos especialistas, como a maioria dos pequenos empresários não tem vocação pra empreender e preparo administrativo, o resultado é que muitos negócios não chegam longe, não se consolidam e sua realidade financeira é ruim: Ano após ano, mal pagam-se os custos e não há geração real de lucro. E mais: Essa realidade não é percebida, ou mesmo que seja, é ignorada. Manter a saúde financeira de uma empresa, mesmo que pequena, não é tarefa fácil.

Mas nesses dois cenários citados, vemos uma coisa em comum: Do menos ao mais preparado, todos enxergaram uma oportunidade de negócio, e decidiram aproveitá-la da melhor forma possível, com os recursos disponíveis. Com isso, há espaço nessas empresas para que você aplique suas competências recém-adquiridas pois concentrar-se nos usuários para a criação ou melhoria de produtos pode ser um fator de grande impacto nos resultados do negócio. Muito além do Design em si, o valor está em vê-lo como elemento transformador e multiplicador.

UX para menores

Então onde, em tudo isso, entra um UX/UI Designer? Se você parar para pensar, o conhecimento que já tem sobre o processo de UX pode fazer muita diferença. É claro que o seu papel não é salvar negócios, afinal você não é auditor, nem consultor administrativo, menos ainda especialista em finanças. Mas o fato é que seu entendimento de produto pode ser de imensa ajuda, especialmente porque esses negócios não foram centrados originalmente no usuário mas na simples criação e oferta de um produto a quem quiser comprar. Ao prestar atenção em como esses produtos são oferecidos e em como clientes os adquirem e usam, diversos gaps de melhoria serão notados.

Um ponto importante a levantar é que UX não se destina unicamente a produtos digitais. São a grande tendência, a bola da vez, um imenso mercado em crescimento acelerado e um terreno extremamente fértil para você atuar, mas ainda, não são o único destino dessa mentalidade. Não há formato certo ou errado de empresa para que um UX Designer atue, pois enquanto houver relação entre um produto e um usuário, há espaço para UX.

Em suma, empresas menores carecem de um bom projeto de UX. Elas podem estar tendo prejuízos nesse exato momento: investindo demais na função do produto enquanto o design anteciparia diversos problemas, fazerem muita propaganda e não saberem o motivo da baixa conversão, precificarem mal por não conhecerem o público-alvo, não perceberem a origem da desistência da compra, em que ponto a concorrência leva vantagem, entre outros. Como para elas esse é um território novo, o seu trabalho de convencimento, validação e comprovação será grande mas é certo que será altamente gratificante quando gerar os resultados esperados — E sabemos que são perfeitamente possíveis.

Como identificar sua oportunidade

O principal fator que precisa ser enfatizado é a sua iniciativa, ao passo que empresas têm problemas e muitas vezes não os vêem ou não os tratam com a atenção devida. Se você, como usuário, identificar algo que pode ser melhorado em qualquer esfera de uso, está aí a sua oportunidade — Você deve estar pensando “nossa, então são muitas”! São mesmo. Lembre-se que o seu grande objetivo é:

Comprovar sua capacidade, mentalidade e processo através da construção de um case real — que é o que empresas e recrutadores precisam para te qualificar como UX Designer promissor.

Listo abaixo uma sequência de ações que você pode experimentar imediatamente, apenas por abrir os olhos para o que está à sua volta:

1. Atente à sua rotina

No dia-a-dia, você é um usuário de diversos produtos. Com quais deles você tem uma experiência ruim? Alguns exemplos: Seu travesseiro gera dor nas costas? É difícil abrir a tampa de sua pasta de dentes? Sua caneca de café queima seus dedos? Mesmo pegando uma senha numérica, você precisou pegar fila pra comprar carne? Porque ter caixas rápidos de poucos volumes em um mercado atacadista? Em grandes banheiros de shoppings, porque você lava a mão de um lado e as seca do outro, tendo que atravessar o banheiro todo com as mãos molhadas pingando em um chão liso e escorregadio? Em uma petshop, porque não há atendimento preparado para clientes cegos com cães acompanhantes?

2. Escolha e observe a raiz do problema

Selecione um desses cenários, preferencialmente o que você se identifica mais por se sentir altamente frustrado pela má experiência. Defina claramente o problema, onde está o ponto causador da dor, o sentimento gerado e o que você precisou fazer para contorná-lo.

3. Descubra se há solução em andamento

Vá a fundo e descubra como a empresa lida com esse problema. Mesmo tendo recebido diversas reclamações de clientes e parecendo ser de simples resolução, potencialmente o problema chega a níveis difíceis dentro da organização, onde você não consegue penetrar sem ser um funcionário ou um prestador de algum nível. Para todos os efeitos, como trata-se de um projeto de sua iniciativa, sem essa descoberta você pode considerar que não há plano imediato pra correção do problema.

4. Fale com o responsável

Veja a viabilidade de aceitação do seu projeto antes de começar: Não saia fazendo sem que ao menos alguém da empresa esteja sabendo. Para isso, prepare uma forma de comunicação que seja confortável a você (um telefonema, e-mail, videoconferência, reunião presencial, etc.), aborde o responsável e o informe de sua iniciativa e interesse em atuar, ainda que em caráter “acadêmico”, no problema que você identificou. E claro, prepare-se para receber um não, ou até mesmo um balde de água fria como a famosa frase “Quem é essa pessoinha que de nada sabe do meu negócio e quer dar pitacos?” Antecipe uma resposta para essas perguntas clássicas.

5. Produza, teste, observe, aprenda

Agora chegou o momento de mostrar suas habilidades! Conduza um bom projeto de UX com pesquisas, sessões com pessoas, ideação, validações, e mais. Atente aos detalhes, registre, questione, interaja e então discorra uma proposta de solução viável. Com base na experiência real do usuário com a sua solução, repita quantas vezes for necessário para lapidá-la. Envolva diretamente o responsável para que tenha uma visão mais clara de como sua solução vem de encontro certeiro com um problema que não estava sendo notado ou que não estava sendo levado a sério, e nisso, que veja o valor gerado por suas descobertas e compreenda a necessidade desse projeto.

6. Elabore e apresente o seu projeto

Reúna as informações captadas, prepare e apresente sua proposta de mudança especificando a definições de o que é necessário para implementar, quanto tempo será preciso, custos envolvidos, próximos passos, e mais. Não esqueça de fazer esse processo da forma mais organizada e documentada possível, pois nisso você já estará criando seu case de portfólio.

7. Conclua e implemente

Finalmente, com seu case em mãos, é hora de negociá-lo porque o próximo passo é a implementação. Até aqui você descobriu e validou a viabilidade de sua solução, mas é chegada a hora de colocar em prática e obviamente o responsável conta com você para isso. Vai de sua leitura e decisão se essa implementação será cobrada ou sem custo. Pelo caminho do investimento, tudo pode acontecer mais rápido pois você pode envolver mais pessoas e usar mais recursos. Já pelo caminho sem custo, o processo tende a ser mais demorado e mais trabalhoso. A recomendação é que, independente de sua decisão, o valor de seu trabalho precisa ficar claro — por via de regra, clientes que não pagam não valorizam realmente seu trabalho, e como resultado, mesmo que sua implementação seja boa, tendem a não dar continuidade.

Conclusão

A iniciativa de um UX/UI Designer é um fator altamente diferencial em sua carreira. Quanto mais problemas você identificar e projetos fizer, mais experiência irá adquirir e seu valor profissional aumentará bem mais rápido do que apenas esperar pela vaga de emprego perfeita. E você, já fez alguma ação como essa? Conte no comentário!

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