Monte times mistos para crescer com solidez e produtividade
É sabido que empresas não tem dado muita abertura para UX/UI Designers em início de carreira. Esse fato se deve a alguns receios: A falta que a experiência técnica pode fazer, possíveis problemas de comportamento, o despreparo para se responsabilizarem por suas entregas, ou mesmo, não haver alguém mais experiente no time que possa assessorar e conduzir um profissional júnior em seu desenvolvimento. Conforme falamos no artigo Porque a pressa em ser Sênior?, isso resulta em uma disparidade enorme de vagas entre seniores e juniores que gera uma equação desbalanceada: Novos profissionais precisam de experiência de trabalho para crescer, mas a oportunidade de adquirir essa experiência não se abre. Enquanto isso, permanecem descolocados. Em todo caso, há um ponto importante a ser levantado: Por mais que sejam ainda inexperientes, temos acompanhado diversos casos de juniores com excelente postura, colaboratividade e entrega sendo contratados, pois seu principal ingrediente é o ímpeto e a vontade de colocar em prática os conhecimentos recém-adquiridos.
Esse ingrediente deve ser visto como “ouro” pelas empresas, devido ao valor que pode trazer a seus produtos no devido tempo.
Mas ainda, a realidade é que empresas se mostram desinteressadas, despreparadas ou sem tempo para criar estratégias que viabilizem a contratação desses profissionais, resultando em uma grande perda verdadeiros talentos. É exatamente nesse momento que se faz necessária uma análise na realidade do produto e no time, a fim de criar o espaço para eles de forma estratégica e gradual.
Entendemos que uma pessoa que chegou a UX/UI Design se apaixonou por uma ou mais de suas disciplinas, ou encontrou nessa profissão a possibilidade de explorar habilidades ainda sub-utilizadas que estavam em hibernação. Conforme falamos no artigo Quero migrar para UX/UI Design, o combustível do ímpeto de UX/UI Designers iniciantes é a vontade de fazer a vida das pessoas mais fácil, resolver problemas de forma inovadora, conectar-se realmente com as pessoas, se parte de algo extraordinário, transformar empresas com seu mindset, criar produtos encantadores, entre outros. Para canalizar essa energia, empresas precisam considerar que contratar juniores pode ser o motor de seus produtos. Principais vantagens:
Conforme falamos no artigo Contratação faz parte da Estratégia de UX, nem sempre a demanda de vagas requer muita maturidade. Logo, equipes apenas de seniores começam a perder produtividade e até a se desfazer porque eles se vêem na condição de ter que fazer todo o trabalho produtivo, sentindo-se subvalorizados e sem perspectiva por não conseguirem dedicar 100% de seu tempo à estratégia e às decisões de design que afetam o negócio. Por isso, o melhor a fazer é constituir times de design também com profissionais menos experientes, sem “vícios” e ávidos por ver seus primeiros projetos ganharem vida e visibilidade na empresa. A chance de times mais mistos se consolidarem e gerarem melhores resultados é muito maior.
Sabemos que empresas tem o medo de treinar e investir em profissionais para brevemente perdê-los. O fator mais relevante para o combate a esse fantasma é o enraizamento da cultura da empresa em cada um dos colaboradores. Não se trata simplesmente da superfície, como dar mimos; mas de criar um ambiente de trabalho atraente para que queiram ficar, oferecendo espaço para opinarem, integrações com outros departamentos, tratando conquistas (mesmo que pequenas) de forma marcante e recompensatória, provendo boas ferramentas, e mais. Logo, entende-se que é plenamente possível que um profissional iniciante crie raízes na empresa sendo moldado positivamente em seu formato de trabalho, oferta de produto e posicionamento de mercado sentindo-se verdadeiramente parte de algo grandioso.
Com uma boa estrutura de liderança e suporte de UX/UI Designers mais experientes, times com diversos juniores possibilitam entregas mais rápidas: Mais pessoas fazem descobertas e validações ao mesmo tempo, promovem jornadas e testes com pontos de vista diferentes e complementares, produzem layouts mais ricos e duplicáveis; e claro, mais mentes pensantes podem ajudar a evangelizar e a construir a importância do Design Team na empresa como um todo.
Um ponto de partida na decisão de contratar UX/UI Designer juniores é considerar o que estão motivados a fazer, de onde vêem e como atraí-los com o approach certo. Como ainda não tiveram oportunidades de provar seu valor, é plenamente esperado que seus portfolios contenham apenas projetos acadêmicos e que precisem de refinamento na apresentação pessoal; Mesmo assim, como já de antemão nem todos chegam a esse ponto, a própria existência desses recursos por parte deles já mostra o real interesse em pleitear uma oportunidade. Listo abaixo 3 alternativas para que sua empresa possa fomentar e conduzir um bom processo de aquisição:
A primeira sugestão é promover desafios coletivos. Para isso, a empresa precisa ter muito claro o objetivo da contratação e os critérios de avaliação, criando um briefing real de um produto ou feature para ser solucionado pelos candidatos. Estes são então convidados, reunidos e instruídos sobre a proposta da empresa e o projeto em si, entendendo que as vagas são o prêmio máximo para as melhores propostas e/ou melhores desempenhos.
Contactar diretamente os formadores em busca de talentos é uma excelente alternativa. Como é sabido que normalmente turmas começam cheias, terminam não tão cheias e terminam com poucas pessoas que realmente se destacaram, essas pessoas merecem sua atenção pois são recomendadas por seus instrutores. Atualmente existe uma vasta oferta de formadores em UX/UI Design, a saber: Das brasileiras, temos Aela.io, Punk Metrics, Mergo, Tera, Alura, Gama Academy, UX Unicórnio, Awary, Digital House, EBAC, Mentorama, How; E das internacionais, temos a Ironhack, UXPM, Flag, IDF, General Assembly, EDIT (agora em São Paulo), e claro, NN/g.
Simplesmente anunciar que sua empresa está interessada em contratar juniores não é suficiente para atrair fortes candidatos. Para isso, recomendamos que sejam criados programas formais de contratação, apresentando abertamente os detalhes das oportunidades. Sem o teor explícito de concorrência entre candidatos, a ideia é comunicar o mercado sobre o produto ou feature em questão, especificar com exatidão a expectativa de perfis adequados, criar um teste de aptidão e habilidades e disponibilizar um local para que as propostas sejam entregues.
Essas 3 sugestões podem inclusive ser misturadas ou somadas umas às outras, dependendo do perfil de sua empresa e como esta considera ser melhor para sua postura de marca e imagem no mercado.
Infelizmente, empresas com menos maturidade em Design tendem a contratar juniores com a ideia de contenção de custos e fundação da equipe de UX. É importante frisar: Nenhum júnior deve ser incumbido com a tarefa de fundar o departamento de UX de sua empresa. Essa mentalidade equivocada o leva a cumprir tarefas massivas e sem norte por estar sozinho e sem liderança específica, e ainda, segundo a leitura errônea de seu real papel, fará com que ele assuma tarefas visuais de marketing e comunicação interna ao invés de focar no produto. Logo, é inevitável que ainda não haverá ninguém focado em pensar no usuário, na tecnologia aplicada e nos objetivos de negócios a serem atingidos. Logo, o melhor cenário sempre é contratar juniores quando já existe uma liderança de Design bem definida.
Deixar de dar oportunidades para UX/UI Designers recém-chegados no mercado pode significar a perda de grandes talentos. A uma boa liderança e estratégia, juniores trazem ao times mais energia, resiliência e estrutura produtiva para que seus produtos atinjam os objetivos.