Definitivamente, ser uma empresa especializada em soluções para missões críticas com foco em alta tecnologia que proporciona o apoio, importante e sensível, a tomada de decisão dos clientes traz uma carga de responsabilidade muito grande.

Um dos aspectos mais interessantes do processo que envolve todo o desenvolvimento destas soluções é como a usabilidade se torna tão importante, além de alcançar contornos muito específicos e diferente de como é tratada no mercado.

Cada sistema deste possui algum tipo de menu, painel de controle ou dashboard (ah, os dashboards!). Desenhar interfaces e projetar soluções sem permitir que o usuário cometa erros, como orienta Jakob Nielsen e Rolf Molich em sua quinta heurística, um dos princípios gerais do design de interface é um grande desafio.

Essas interfaces devem ser bem claras, simples e fáceis de usar.

Garantir a segurança da aplicação e do processo realizado pelo usuário, tanto com base nas normas e regras de negócio quanto na facilidade de uso e prevenção de erros do usuário é fundamental. Principalmente por nosso produto ser utilizado em tarefas tão essenciais quanto na defesa do país e das pessoas, com mísseis, armamento e monitoramento, ou no controle de tráfego aéreo e na gestão de ativos ou logística.

Estas tarefas exigem, em sua maioria, disponibilidade e redundância; Isolamento físico e digital; Suporte a decisão e consciência situacional; Tratamento e visualização de mapas;

Geolocalização e uma “mensageria” segura. Requisitos garantidos por lei e através de normas como ABNT NBR 15.100, ISO/IEC 12.207, MIL-STD-498, DO-178 e Regulamentações ICAO que tratam de gerenciamento de riscos, processos e expectativas do cliente, impacto em mudanças de uso, além de normas e requisitos operacionais que afetam diretamente o usuário.

Como trabalhar com essas “limitações” e lidar com requisitos, por vezes, tão restritivos?

Aplicar estas heurísticas diretamente no desenvolvimento com várias técnicas de avaliação e testes de usabilidade tem como objetivo encontrar a melhor solução que encaixe essas regras de negócio rígidas e as necessidades do usuário por segurança e facilidade de uso.

Mantendo o processo seguro, porém agradável para o usuário e respeitando a regra de negócio.

“Choosing the option that has an extreme effect should have a lot more friction than the common, innocuous one. That is to say, it should be harder to do.” — Nikhil Sonnad

Como manter o sistema seguro e ao mesmo tempo oferecer a melhor experiência ao usuário que muitas vezes não tem outra opção?

Pode parecer que o design não deveria tratar disso, porém como o mesmo Nielsen retrata em seus 5 atributos da usabilidade, do livro “Engenharia de Usabilidade” de 1993, é lógico que todo sistema está suscetível a erros, mas tentar minimizá-los ajuda nesse processo.

 

Os 05 atributos da usabilidade:

  1. Facilidade de aprendizagem
  2. Eficiência
  3. Satisfação
  4. Facilidade de memorização
  5. Segurança

“Even the best designers produce successful products only if their designs solve the right problems. A wonderful interface to the wrong features will fail.” — Jakob Nielsen

Nossa diretrizes, como time de design e empresa orientada ao usuário, são:

  1. Conhecer o usuário
  2. Promover confiança na interface
  3. Simplificar
  4. Testar e testar
  5. Orientar ao usuário como executar as etapas necessárias
  6. Mostrar apenas as informações necessárias
  7. A explicitação é mais importante que a beleza

Acreditamos que testar com o usuário é essencial e inegociável, assim como aplicar técnicas de pesquisa e cocriação, projetando com foco nas personas e o fluxo de tarefas necessário para o usuário.

 

O que acontece quando uma interface é mal projetada?

As consequências de um design mal feito vão desde pequenos aborrecimentos até grandes desastres como o ocorrido no Havaí, em Janeiro de 2018, quando um alerta, disparado por um funcionário da Hawaii Emergency Management Agency, mobilizou a população sobre um ataque de mísseis a ilha. Este erro ocorreu enquanto era realizado um teste de rotina no sistema de alerta de emergência do estado.

Sem dúvida, é um dos grandes desafios enfrentados pelo nosso time de design. Entregar soluções inovadoras, agradáveis, fáceis de usar mas sempre visando a segurança dos usuários e do sistema. #VaiUX

Uma reflexão sobre o valor profissional buscado em UX/UI Designers

(Sempre) aprendendo

Certo dia eu estava a caminho da escola de meus filhos. Enquanto conversávamos, percebi que mesmo ambos ainda sendo muito pequenos, já reclamavam de ter que ir pra escola. Um deles, na época com 7 anos, teve a ousadia de dizer que já sabia de toda a matéria, do ano inteiro (!). Como um pai que se preze, eu disse a ele que aprender é o que nos torna pessoas de valor, e que ele nunca pararia de aprender porque nunca saberia de tudo. Imediatamente ele fechou a cara, é claro, ao perceber que sua vida escolar estava apenas começando.

Como recrutadores especializados, parte presente em nossa rotina é avaliar profissionais de UX/UI Design. Nesse dia-a-dia, é evidente que encontramos padrões nas propostas de valor dos candidatos: A forma de se apresentar, o “esqueleto” dos projetos e até os jargões, em maioria, são similares. Mas uma coisa que quase nunca vemos é um profissional comentar sobre como aprende e como valoriza esse ponto. Encontramos portfólios com um detalhamento gigante do projeto, o que é muito bom, mas é dada uma evidência muito pequena (ou nenhuma) do que foi aprendido nesse projeto.

Encontramos nos currículos e portfólios o uso constante de jargões como “aprendo rápido”, “adoro aprender” e “estou em constante aprendizado”, o que de fato não é ruim e nem errado: Só é simplesmente muito vago. Entenda que qualquer pessoa em busca de oportunidades de trabalho, em qualquer área, pode afirmar isso — ou seja, em nada é um diferencial para o seu perfil.

Quão bom você é em aprender?

Sabemos que entender do processo de UX e ter alguma experiência são questões importantes para uma primeira análise, cada uma com sua própria finalidade para mostrar sua capacidade. Mas vencida a etapa de avaliação, digamos que você foi contratado: Yey! Casa e pessoas novas, produto diferente, desafio maior. Mas espere: Existe um gigantesco risco de tudo isso ir por água abaixo, porque a empresa ainda sabe pouco sobre sua capacidade de aprender.

Em vias práticas, ao ingressar em uma empresa você tem uma enorme curva de aprendizado pela frente, que mesmo que tenha vasto conhecimento técnico e experiência, terá que passar. Ao chegar, nada se sabe sobre o produto, seus usuários e os problemas a serem resolvidos a eles; e além disso, menos ainda se sabe sobre a cultura da empresa, o time e a liderança. Logo, o contratante não está preocupado apenas com o que você pode fazer hoje, mas com o que você vai fazer depois que começar a trabalhar.

Como falar do seu aprendizado

Para ser prático e eficaz em mostrar como você aprende, é necessário que ajuste o storytelling de como se apresenta e monta seus cases de portfolio, afinal essa dupla precisa funcionar bem e estar sempre em sinergia. Vamos a eles:

Em seu discurso profissional

Sempre dizemos em nossos artigos, lives e vídeos que sua apresentação profissional deve ser um reflexo atual de você. Em adição, insistentemente dizemos que fazer uma auto-análise sincera deve ser uma prática frequente em sua carreira de UX/UI Designer, para que se lembre do que já passou, onde está agora e onde pretende chegar. Ao fazê-lo:

Identifique e liste os seus maiores aprendizados até hoje, organize-os e elabore um discurso profissional coerente baseado neles.

Para isso, pergunte-se como os seus aprendizados construíram e moldaram seu perfil profissional — Quais foram seus principais erros cometidos, o que absorveu dos ambientes em que esteve inserido, o que descobriu sobre produtos concorrentes, as práticas no seu processo de trabalho que não funcionaram, as suposições que as pesquisas revelaram estarem erradas, e principalmente: o que você não fará mais, depois de ver que não funciona.

Em suma, esclareça de forma concisa como você pretende partir de quem é hoje a se tornar quem a empresa realmente precisa que você seja. Ao se deparar com essas informações, qualquer avaliador irá entender claramente a proposta de valor de seu perfil profissional, reduzindo drasticamente o receio em investir na sua contratação.

Em seus cases de portfólio

A grande maioria dos UX/UI Designers, nos mais diferentes níveis de maturidade, estão condicionados a pensar no formato padrão: Basear os cases em indicadores como o desafio, produto, o processo, problema resolvido e os resultados gerados. Perfeito! Mas para que tais indicadores resultem numa decisão sobre você (e não somente sobre a qualidade do seu processo de UX/UI), converta-os para que mostrem o tamanho do seu aprendizado.

Oriente seu storytelling ao que você são sabia no início do projeto, o que aprendeu pelo caminho e qual foi a transformação em você ao concluí-lo.

Se o avaliador conseguir vislumbrar sua curva de crescimento a cada projeto, estará explícito o real valor profissional: A sua capacidade e velocidade de aprender em diferentes contextos. Lembre-se que a empresa, ao apostar em você, contratou a sua pessoa, e não apenas suas habilidades.

Conclusão

Por mais que mostrar seus erros e aprendizados possa parecer uma fraqueza, é na verdade uma de suas maiores virtudes. Apresentar entusiasmo em aprender constantemente vai construir uma imagem a seu respeito que empresas certamente irão valorizar.

Como UX/UI Designers menos experientes podem alavancar sua empregabilidade

A realidade das pequenas empresas

Analisando friamente o cenário de pequenos empresários, nota-se a falta de um bom planejamento. Segundo especialistas jurídicos e contábeis, a grande maioria dos micro-empreendedores “estão empresários”, ou seja, empreender lhes é uma condição; Por mais que não tenham vocação e preparo administrativo, têm o conhecimento técnico e a vontade / necessidade de fazer acontecer. Tais pessoas iniciam atividades empresariais pelos motivos mais variados:

— Sei fazer essa X coisa muito bem e quero vender;

— Cansei de ter chefe, posso fazer sozinho;

— Tenho que me mostrar capaz para a família e amigos;

— Fui desligado e quero dar a volta por cima;

— Herdei um negócio e tenho que dar continuidade.

Por outro lado, temos a minoria: pessoas que de fato “são empresários”, ou seja, tem vocação e preparo administrativo para empreender mesmo que não tenham muito conhecimento técnico específico do produto. Suas características:

— Têm ímpeto de empreender, e nisso, definem objetivos mais altos;

— Têm visão estratégica e planejamento prévios;

— Sabem profundamente sobre mercado, concorrência, precificação, processos de venda e pós-venda;

— Conhecem bem os números, tributos e limitações legislativas;

— Têm uma visão clara de produto, e seu potencial;

— Estão preparados para gerir equipes.

Segundo os mesmos especialistas, como a maioria dos pequenos empresários não tem vocação pra empreender e preparo administrativo, o resultado é que muitos negócios não chegam longe, não se consolidam e sua realidade financeira é ruim: Ano após ano, mal pagam-se os custos e não há geração real de lucro. E mais: Essa realidade não é percebida, ou mesmo que seja, é ignorada. Manter a saúde financeira de uma empresa, mesmo que pequena, não é tarefa fácil.

Mas nesses dois cenários citados, vemos uma coisa em comum: Do menos ao mais preparado, todos enxergaram uma oportunidade de negócio, e decidiram aproveitá-la da melhor forma possível, com os recursos disponíveis. Com isso, há espaço nessas empresas para que você aplique suas competências recém-adquiridas pois concentrar-se nos usuários para a criação ou melhoria de produtos pode ser um fator de grande impacto nos resultados do negócio. Muito além do Design em si, o valor está em vê-lo como elemento transformador e multiplicador.

UX para menores

Então onde, em tudo isso, entra um UX/UI Designer? Se você parar para pensar, o conhecimento que já tem sobre o processo de UX pode fazer muita diferença. É claro que o seu papel não é salvar negócios, afinal você não é auditor, nem consultor administrativo, menos ainda especialista em finanças. Mas o fato é que seu entendimento de produto pode ser de imensa ajuda, especialmente porque esses negócios não foram centrados originalmente no usuário mas na simples criação e oferta de um produto a quem quiser comprar. Ao prestar atenção em como esses produtos são oferecidos e em como clientes os adquirem e usam, diversos gaps de melhoria serão notados.

Um ponto importante a levantar é que UX não se destina unicamente a produtos digitais. São a grande tendência, a bola da vez, um imenso mercado em crescimento acelerado e um terreno extremamente fértil para você atuar, mas ainda, não são o único destino dessa mentalidade. Não há formato certo ou errado de empresa para que um UX Designer atue, pois enquanto houver relação entre um produto e um usuário, há espaço para UX.

Em suma, empresas menores carecem de um bom projeto de UX. Elas podem estar tendo prejuízos nesse exato momento: investindo demais na função do produto enquanto o design anteciparia diversos problemas, fazerem muita propaganda e não saberem o motivo da baixa conversão, precificarem mal por não conhecerem o público-alvo, não perceberem a origem da desistência da compra, em que ponto a concorrência leva vantagem, entre outros. Como para elas esse é um território novo, o seu trabalho de convencimento, validação e comprovação será grande mas é certo que será altamente gratificante quando gerar os resultados esperados — E sabemos que são perfeitamente possíveis.

Como identificar sua oportunidade

O principal fator que precisa ser enfatizado é a sua iniciativa, ao passo que empresas têm problemas e muitas vezes não os vêem ou não os tratam com a atenção devida. Se você, como usuário, identificar algo que pode ser melhorado em qualquer esfera de uso, está aí a sua oportunidade — Você deve estar pensando “nossa, então são muitas”! São mesmo. Lembre-se que o seu grande objetivo é:

Comprovar sua capacidade, mentalidade e processo através da construção de um case real — que é o que empresas e recrutadores precisam para te qualificar como UX Designer promissor.

Listo abaixo uma sequência de ações que você pode experimentar imediatamente, apenas por abrir os olhos para o que está à sua volta:

1. Atente à sua rotina

No dia-a-dia, você é um usuário de diversos produtos. Com quais deles você tem uma experiência ruim? Alguns exemplos: Seu travesseiro gera dor nas costas? É difícil abrir a tampa de sua pasta de dentes? Sua caneca de café queima seus dedos? Mesmo pegando uma senha numérica, você precisou pegar fila pra comprar carne? Porque ter caixas rápidos de poucos volumes em um mercado atacadista? Em grandes banheiros de shoppings, porque você lava a mão de um lado e as seca do outro, tendo que atravessar o banheiro todo com as mãos molhadas pingando em um chão liso e escorregadio? Em uma petshop, porque não há atendimento preparado para clientes cegos com cães acompanhantes?

2. Escolha e observe a raiz do problema

Selecione um desses cenários, preferencialmente o que você se identifica mais por se sentir altamente frustrado pela má experiência. Defina claramente o problema, onde está o ponto causador da dor, o sentimento gerado e o que você precisou fazer para contorná-lo.

3. Descubra se há solução em andamento

Vá a fundo e descubra como a empresa lida com esse problema. Mesmo tendo recebido diversas reclamações de clientes e parecendo ser de simples resolução, potencialmente o problema chega a níveis difíceis dentro da organização, onde você não consegue penetrar sem ser um funcionário ou um prestador de algum nível. Para todos os efeitos, como trata-se de um projeto de sua iniciativa, sem essa descoberta você pode considerar que não há plano imediato pra correção do problema.

4. Fale com o responsável

Veja a viabilidade de aceitação do seu projeto antes de começar: Não saia fazendo sem que ao menos alguém da empresa esteja sabendo. Para isso, prepare uma forma de comunicação que seja confortável a você (um telefonema, e-mail, videoconferência, reunião presencial, etc.), aborde o responsável e o informe de sua iniciativa e interesse em atuar, ainda que em caráter “acadêmico”, no problema que você identificou. E claro, prepare-se para receber um não, ou até mesmo um balde de água fria como a famosa frase “Quem é essa pessoinha que de nada sabe do meu negócio e quer dar pitacos?” Antecipe uma resposta para essas perguntas clássicas.

5. Produza, teste, observe, aprenda

Agora chegou o momento de mostrar suas habilidades! Conduza um bom projeto de UX com pesquisas, sessões com pessoas, ideação, validações, e mais. Atente aos detalhes, registre, questione, interaja e então discorra uma proposta de solução viável. Com base na experiência real do usuário com a sua solução, repita quantas vezes for necessário para lapidá-la. Envolva diretamente o responsável para que tenha uma visão mais clara de como sua solução vem de encontro certeiro com um problema que não estava sendo notado ou que não estava sendo levado a sério, e nisso, que veja o valor gerado por suas descobertas e compreenda a necessidade desse projeto.

 

6. Elabore e apresente o seu projeto

Reúna as informações captadas, prepare e apresente sua proposta de mudança especificando a definições de o que é necessário para implementar, quanto tempo será preciso, custos envolvidos, próximos passos, e mais. Não esqueça de fazer esse processo da forma mais organizada e documentada possível, pois nisso você já estará criando seu case de portfólio.

7. Conclua e implemente

Finalmente, com seu case em mãos, é hora de negociá-lo porque o próximo passo é a implementação. Até aqui você descobriu e validou a viabilidade de sua solução, mas é chegada a hora de colocar em prática e obviamente o responsável conta com você para isso. Vai de sua leitura e decisão se essa implementação será cobrada ou sem custo. Pelo caminho do investimento, tudo pode acontecer mais rápido pois você pode envolver mais pessoas e usar mais recursos. Já pelo caminho sem custo, o processo tende a ser mais demorado e mais trabalhoso. A recomendação é que, independente de sua decisão, o valor de seu trabalho precisa ficar claro — por via de regra, clientes que não pagam não valorizam realmente seu trabalho, e como resultado, mesmo que sua implementação seja boa, tendem a não dar continuidade.

 

Conclusão

A iniciativa de um UX/UI Designer é um fator altamente diferencial em sua carreira. Quanto mais problemas você identificar e projetos fizer, mais experiência irá adquirir e seu valor profissional aumentará bem mais rápido do que apenas esperar pela vaga de emprego perfeita. E você, já fez alguma ação como essa? Conte no comentário!

Atitudes que resultam diretamente na desvalorização de seu perfil profissional

O valor da atenção

Ao contrário do que muitos pensam, um processo seletivo requer sua atenção total. Não se trata de ser X tipo de UX/UI Designer e querer Y tipo de vaga; Mas de candidatar-se desenfreadamente a toda e qualquer oportunidade que vier pela frente em levar esse processo a sério. É preferível que você separe poucas, aquelas em que realmente haja match com seu perfil, e invista tempo, dedicação e preparação específica para elas.

Me lembro que na escola, certa vez, a professora nos aplicou uma prova-surpresa. Numa terça qualquer, ela disse pra turma: “Hoje teremos uma atividade diferente, valendo nota.” A classe congelou geral. Silêncio absoluto. Ela então passou de mesa em mesa deixando uma folha, que muito parecia uma prova. Ao terminar de distribuir as folhas, ela nos passou apenas duas instruções: “Leiam todas as 10 perguntas antes de respondê-las. Os primeiros a terminar, estão liberados da aula de hoje.” A êxtase era tanta que praticamente ninguém deu ouvidos à primeira instrução e logo foram responder as perguntas, com a pressa de se livrar logo da aula. Poucos minutos depois, uma aluna X levantou-se, deixou a folha quase em branco na mesa da professora e saiu. Todos os demais alunos entreolharam-se e concluíram: “Nossa, ela desistiu! Mas porque a professora a deixou sair?” Quase meia hora depois, outros alunos começaram a se levantar e entregar a folha quietos, unanimemente com um semblante de indignação absoluta. Foi então que eu cheguei à décima e última pergunta, que dizia: “Responda somente a a 10ª questão. Todas as demais não são necessárias, mas se já as respondeu, levante-se em silêncio e entregue a folha.”

Essa história ilustra que além de ser necessário você estar preparado para ser avaliado a qualquer momento, você também precisa dar a devida atenção à sua avaliação. A sede ao prêmio e a pressa levou a grande maioria dos alunos à derrota, e colocou apenas uma à frente dos demais.

Da mesma forma, leve a sério um processo seletivo; Cada vaga tem sua origem, um perfil ideal imaginado, uma necessidade a ser suprida. Por isso, como estamos falando especificamente ao universo de UX/UI Design, a forma que o processo de avaliação é conduzido não é igual a vagas de outros setores. Por sua vez, UX/UI Designers devem tratar esse processo como um projeto de UX/UI Design: Antes de mais nada, é preciso saber quem é seu usuário, o que espera, o que quer de verdade (e não o que diz querer), para então ajudá-lo a atingir os objetivos esperados, ou simplesmente, convencê-lo a usar seu produto. Tais pontos precisam estar bem claros em sua mente antes que se candidate a uma vaga, e farão com que os olhos do avaliador brilhem como os da professora ao ver a aluna atingir o objetivo: Todo contratante se inclinará a escolher, além dos critérios básicos, o candidato que genuinamente se mostrar mais interessado, motivado, informado sobre a empresa e preparado para aquela avaliação, principalmente em condições inesperadas.

Como ser reprovado em 6 passos

Yeah! Quero atuar como UX/UI Designer em alguma empresa agora mesmo! Calma lá. Existem fatores que você precisa ter a atenção mencionada anteriormente, se quiser cativar a atenção de contratantes. Que você sabe fazer UX/UI Design já é minimamente sabido e esperado, mas existem muitos outros pontos que contam na avaliação. Listo abaixo 6 erros clássicos, que se cometidos isoladamente já acendem uma luz vermelha; e se cometidos em conjuntos de 2 ou mais, são a receita de bolo da reprovação.

1. Candidate-se sem ler os descritivos de vaga

Ah, a famosa técnica do “vai que cola”: Saia dando tiros a todos os lados, candidatando-se a qualquer vaga bacaninha, sem atentar se as exigências estão além de sua capacidade ou perfil. Alguns descritivos de vagas, como na história da professora, já tem em si instruções específicas para candidatos seguirem, ou seja, se você não ler o descritivo completamente e com atenção, mesmo que haja um fit de seu perfil, você estará automaticamente desqualificado e dificilmente será possível recuperar a atenção do contratante. Nosso artigo “Seu Perfil X Vaga: Há mesmo um match?” detalha bem esse ponto.

2. Esteja inacessível

Uma vez que a empresa se interessa por um perfil, profissionais dificultam a conexão: Não divulgam dados como telefone e e-mail em seus links, dados estes que obviamente seriam utilizados para falar com eles. Algumas vezes deixam escapar um e-mail em algum de seus links, e o recrutador, com dificuldade, o descobre; E quando envia e-mail, simplesmente é ignorado. Nosso artigo “As barreiras invisíveis para se candidatar a uma vaga” esclarece essa questão.

3. Apresente-se mal

Passar a impressão errada sobre si mesmo é muito fácil: No primeiro contato, candidatos não dizem quem são, enviam arquivos muito pesados em vez de links, não detalham experiências anteriores, pedem altos salários / benefícios incongruentes com seu nível de maturidade e ainda por vezes dedicam o e-mail à pessoa errada (dando a entender que usam exatamente o mesmo texto para todos, e que sequer conferem o destinatário). Nosso artigo “Não seja pego nos detalhes” explica esse erro com mais profundidade.

4. Envie seu portfolio desatualizado

Aqui mora o mais comum dos problemas: Enviar portfolios mesmo que estejam desatualizados ou desalinhados com a vaga, justificando que não houve tempo para trabalhar nele. Há profissionais que realmente acreditam que o avaliador vai chegar à conclusão de que são tão ocupados e focados no trabalho, que não tem tempo pra mais nada. Mas na verdade, a conclusão que eles chegam é que esses candidatos não valorizam sua imagem profissional, não definem prioridades e administram muito mal seu tempo. Nosso artigo “Porque você precisa fazer a Lição de Casa” explica a origem e como evitar esse problema.

5. Chegue atrasado na entrevista

Deixar de antecipar problemas de força maior é perigoso. No caso de entrevistas presenciais, candidatos ficam presos no trânsito, têm dificuldade para encontrar o endereço correto e pegam filas enormes no saguão de prédios comerciais; e em caso de entrevistas por videoconferência, não checam sua conexão à internet, esquecem de carregar a bateria do laptop/celular e não avisam outros moradores da casa sobre a necessidade de privacidade naquele horário específico. É claro que imprevistos acontecem, mas a maioria dos problemas podem ser antecipados ou terem um plano B. Nosso artigo “Elimine ‘detalhes’ que desqualificam seu perfil profissional” vai mais fundo nesse tema.

6. Desista da vaga logo que começar

Entende-se que esse erro é o mais agressivo de todo o processo, porque nesse ponto o candidato já foi aprovado em todos os critérios. Da parte da empresa, já há uma confiança criada e planos desenhados para o início das atividades, quando subitamente o candidato desiste de atuar, seja por qualquer motivo. Nosso artigo “Entrei. Saí. Onde errei?” levanta pontos importantes e consequências dessa atitude.

Conclusão

Para que você passe bem longe de todos esses erros, esteja atento a cada ação tomada e tenha sua intenção em se candidatar a uma vaga muito clara. Com isso, todo o seu comportamento (que é o que estará sendo avaliado) seguirá uma linha mais assertiva, respeitosa e eficaz em processos seletivos.
Boa sorte! 🙂

O que empresas esperam de profissionais que atuam à distância

Escritório vazio? Oh.

Imagine-se chegando ao escritório e encontrando-o vazio antigamente. Isso podia significar automaticamente algumas coisas (todas negativas): A empresa estava mal das pernas? Perdeu um cliente importante? Demissão em massa? Os times estavam desmotivados? Funcionários estavam em greve? Todos tínhamos medo de um escritório vazio. Mas depois de todo o furacão que o mundo passou no último ano, se você chegasse a um escritório vazio hoje, não pensaria mais essas coisas. Provavelmente a primeira coisa que viria à mente seria “caramba, a galera aqui já está em full remote work!” Já estamos condicionados a esse formato, e agora, os desafios são outros. Ao passo que não temos que nos preocupar em se arrumar para sair todos os dias, transporte e violência, agora temos que manter a saúde mental e conseguir separar bem o trabalho da vida pessoal.

Houve impacto mesmo?

A profissão de UX/UI Designer já dava espaço para esse formato, mas nós não tínhamos noção do quanto. Sejamos francos: Os softwares que usamos são, em maioria, estruturalmente colaborativos; Usamos mídias digitais para nos comunicarmos, mesmo estando a poucos metros de distância do companheiro ao lado; e em nossos picos produtivos, já investíamos horas de foco direto sem interação para a conclusão de X tarefa importante. Então, o que realmente perdemos foi o calor humano — E com ele, lá se foi nossa rotina casa-trabalho-casa; Estamos agora sempre em casa e sempre no trabalho. O que separa esses dois estados é meramente nossa organização de horas. Mas é claro que sentimos falta das reuniões, almoços, estar junto, chegar, ir embora, oferecer carona… Perdemos na qualidade das relações, mas ganhamos tecnicamente em produtividade.

O que as empresas evoluíram

Com o distanciamento social, empresas remontaram sua forma de liderar, organizar, executar e entregar. Listo abaixo os principais pontos que foram evoluídos:

  1. Gestão — Foi necessário aumentar a maturidade de gestão, de forma a conseguir que colaboradores sempre estejam supridos de atividades e mantendo sua produtividade. Para isso, criaram-se “rituais” como um stand-up diário, uma demonstração ou crítica semanal e conversas 1–1 periódicas, definindo melhores horários do dia para conversas.
  2. Economia — Investimentos que antes eram designados a infraestrutura e logística, agora podem ter um novo destino: Novas tecnologias, novos produtos, e principalmente, contratar mais pessoas. Para empresas de fora do Brasil, com a desvalorização do Real, tornou-se ainda mais favorável contratar brasileiros.
  3. Cultura — Já que as pessoas não necessariamente estão inseridas em um ambiente que transpira a cultura da empresa, foi necessário criar alternativas para garantir que sua essência esteja em cada ação de seus colaboradores e em como se relacionam com a marca, envolvendo-os em todo esse contexto de forma estratégica (o que chamamos de “gerar lovers”).

O que esperam de um “remote worker”

Como já falamos no artigo Saber fazer não é suficiente na carreira de UX/UI Designer, no médio prazo, muito mais importa suas soft skills do que suas hard skills. Isso implica diretamente em sua forma de trabalhar e no quê a empresa espera de você, especialmente atuando em modo remoto. Essas habilidades vão ditar o seu ritmo de trabalho, seus entregáveis, sua relação com o time, sua prestação de contas, seu aprendizado, e mais. O ponto principal a ser levantado aqui é:

A sua própria iniciativa de prever e eliminar potenciais problemas em sua relação com a empresa evolui o seu nível e aumenta seu valor profissional.

Para isso, listo abaixo 6 questões para você antever e já converter em ações para começar e manter uma relação boa, transparente e duradoura. Listo abaixo:

Foco

Sem uma pessoa para “percorrer o escritório”, fica mais difícil saber exatamente o que você está fazendo. Como obviamente os gestores não irão à sua casa para fiscalizar seu trabalho, eles não fazem ideia do que se passa do outro lado da tela de um call. Logo, deixe suas condições de trabalho adaptadas para produzir bem e manter o foco, e crie uma rotina diária simples de interação e prestação de contas ao seu time. Dessa forma, terão certeza de sua disponibilidade, empenho e interesse.

Constância

Apesar de todos termos picos produtivos em determinados dias e horários, sua produtividade precisa se manter linear. Por mais que você invista um dia inteiro em calls com diversas pessoas, e outro dia focado em apenas 1 tarefa altamente complexa, mantenha-se motivado e produtivo no mesmo nível, estendo igualmente presente e interagindo ao ser solicitado.

Pontualidade

Se você estivesse no escritório e o CEO da empresa quisesse falar com você imediatamente, ou ele iria à sua mesa ou te chamaria à mesa dele. Da mesma forma, para uma reunião com o time, bastaria que todos saíssem de suas mesas para ir à sala de reuniões do escritório, no horário estipulado. Basicamente, o único fator que justificaria sua falta de pontualidade para calls e reuniões seria algum problema técnico de energia ou conexão à internet. Mesmo que esses problemas ocorram, há outros meios de notificar os envolvidos com alguma antecedência sobre um possível atraso.

Aproveitamento de gaps de tempo

Para equipes que contam com membros em diferentes localidades do mundo, o desafio está nos fusos. A diferença de horas pode ser um enorme blocker, como também pode ser uma grande vantagem. Pensando que exista uma janela de tempo onde todos de todas as localidades estão ativos e disponíveis, mesmo que seja por poucas horas, é o horário que você pode interagir mais e obter o que precisa para trabalhar. Nas demais horas fora dessa janela, antecipe o que precisa para o próximo dia para que a resposta já tenha vindo quando ele começar.

Idiomas

Conseguir se comunicar em outro idioma se tornou ainda mais essencial. Se antes você conseguia se virar apenas escrevendo, agora vai precisar dos dois igualmente pois a qualquer momento um colega de fora irá te acionar para passar algum ponto específico. Pedir um call rápido é muito mais fácil do que antes era levantar da cadeira e ir à sua mesa, e as pessoas já adotaram essa enorme facilidade de comunicação.

Riqueza cultural

Esse é um ponto muito relevante. Como times estão sendo formados com pessoas provenientes de diversos estados e/ou países, o ponto de vista de cada integrante tende a ser ainda mais diferente, o que pode agregar a um projeto de UX/UI Design em muitos pontos. Traga suas particularidades regionais, raciais, financeiras, de costumes e mais, para ajudar no desafio de se fazer um produto para todos, quando postas de frente com as de alguém de fora do seu circuito e realidade.

Conclusão

Torne a condição de trabalhar remotamente como um ponto de partida para melhorar drasticamente sua postura profissional. Criar e manter um bom relacionamento com o time e a liderança da empresa deve partir de você.

Como outras vertentes do Design podem agregar (ou atrapalhar) sua carreira

Encontrando seu lugar

Como recrutadores, nossa visão tem origem no ponto de vista de empresas, ou seja, de como vêem e o que esperam dos profissionais que buscam para compor seus times de Design. Por isso, sempre recomendamos que UX/UI Designers reflitam constantemente em qual é sua real vocação. Esse tipo de profissional, de forma quase unânime, adora o que faz e genuinamente quer fazer do mundo um lugar melhor, um projeto de cada vez. Para isso, não se trata de habilidades, nem de sua experiência anterior (mesmo que seja grande), mas de o que você ama fazer e como pode canalizar esse conjunto de atividades ao benefício de pessoas, por meio de sua atuação em projetos para as empresas às quais presta serviços.

O universo de UX apresenta um conjunto de atividades dos quais você, certamente, tem as suas preferidas devido ao seu perfil — que nada mais é do que a somatória de quem você é com suas experiências de vida, cultura, network, e mais. Uma dessas disciplinas, que está contida em UX, é UI, ou seja, a camada visível de tudo o que é estruturalmente UX. Para os designers que são oriundos de outras vertentes do design visual, como Designers Gráficos, Diretores de Arte e WebDesigners, UI é a que mais se assemelha ao tipo de trabalho que estão acostumados, que consiste em criar soluções visuais para as mais variadas finalidades. Mas UI não é isso, ou ao menos, não é só isso. Entre diversos fatores (como softwares e tipos de entregáveis), a maior diferença entre essas vertentes e UI é o pós-entrega. O trabalho de um UI Designer não termina quando seu layout fica pronto. Ele precisa ser responsável por cada uma de suas decisões de design: fatores como o estilo de ícones, escolha de fontes e conceito das formas precisam funcionar e ajudar a gerar resultados, e não apenas serem belos. Seu design é posto à prova imediatamente e constantemente, e te força a ter de lidar com críticas de todos os envolvidos nas mais diversas variações de pessoas e objetivos específicos. Logo, essa tarefa requer muito mais responsabilidade e aprofundamento, porque ela atinge níveis estruturais do que é um produto e sua finalidade.

Mesmo designers que alegam ter ambas habilidades entitulando-se UX/UI Designers, precisam refletir sobre essa realidade: Se você usa UI depois de UX, seus entregáveis devem mostrar essa competência. Em vias práticas:

Designers Gráficos, Diretores de Arte e mesmo WebDesigners não são automaticamente UI Designers, menos ainda UX Designers.

O que UI Designers fazem?

Colocando de lado o óbvio — a capacidade de criar layouts bonitos, funcionais e replicáveis — existem critérios a serem considerados para o entendimento da extensão do papel de um UI Designer:

Não fazem arte, projetam

Suas criações não são baseadas em seus gostos pessoais, nem para serem apreciadas por um público qualificado. São projetos que requerem pensamento analítico e prático, para que sejam utilizados por qualquer tipo de pessoa sem que seja necessário pensar.

Lidam com desenvolvedores

Quando seu trabalho “termina”, começa o dos desenvolvedores. O fato de seu entregável não ser o produto final resulta na existência desse usuário intermediário que tenham que considerar, para que o trabalho deles seja simplificado, objetivo e com o menor risco de retrabalho possível.

Se responsabilizam por seu Design

Sabem que diante de questões de força maior como prazo, budget e quantidade de envolvidos, sua ousadia visual tem limite. Por isso, a responsabilidade por seus elementos visuais é maior, fazendo com que seja necessário colocarem de lado o preciosismo em favor da fluidez do projeto.

Seguem regras e orientações de UX Designers

Entendem que há uma marca a ser obedecida, que já possui suas próprias regras visuais. Logo, sua criatividade é canalizada a esse universo já definido, para que abram espaço mesmo com limitações. Além disso, recebem orientações de UX Designers antes, durante e depois de seu trabalho, que são os indicadores provenientes de pesquisas, validações e preocupações como acessibilidade.

Se preocupam com a implementação

Por saberem que seu Design não é para si mesmos, consideram a necessidade de seus entregáveis finais serem feitos com maestria: O acervo de arquivos do projeto é devidamente organizado, nomeado e preparado pensando no próximo. Sabem que, se o seu Design é bom, desenvolvedores e outros designers poderão utilizá-lo sem que a função e a qualidade sejam comprometidos.

Estudam referências e melhores práticas

Para que sua criatividade ganhe corpo e seja funcional em meio a fatores que tem influência direta em seu trabalho, entendem que é necessário estudar frequentemente. Esse fator os coloca numa posição de observação muito maior, abrindo sua visão para que não errem no básico.

O que UI Designers mostram em seu portfolio?

É importante mencionar que o portfolio de um UI Designer é de suma importância para sua imagem profissional. Novamente indo além do óbvio — que é a existência de um belo portfolio — há pontos a serem levantados que requerem sua atenção no mesmo nível da qualidade das imagens finais:

Variedade consistente de projetos

Uma vez que seu trabalho é focado em interfaces, não é difícil criar um padrão de apresentação de cases mesmo que o objeto de cada projeto seja completamente diferente um do outro. A consistência está na forma e na ordem que apresentam os componentes do case, evidenciando sua particularidade.

Seu processo, ambientando e explicando suas decisões

Por mais que seus entregáveis não necessariamente envolvam descobertas, pesquisas com usuários e validações, UI Designers contam a história do projeto da perspectiva do look & feel. Nisso, mostram o processo criativo de como resolveram determinado problema e atingiram o resultado final.

Como sua versatilidade enriquece o projeto

Quando existentes, mostram competências extras como ilustração, tipografia, fotografia e animação e como sua presença gera impacto na qualidade do projeto. Quanto mais Tailor Made for, mais valor é agregado para diferenciar seu design dos demais, condicionados em maioria ao simples e “já pronto”.

O detalhamento do que escolhe ou cria

Apresentam cada componente, por menor que seja, e sua função no todo. Esses componentes visuais, sejam eles cores, fontes, ícones ou formas, são detalhados no motivo que foram escolhidos e como devem ser empregados por outra pessoa.

E o que recrutadores esperam de UI Designers?

Consideramos esse fator o mais importante, ou o objetivo final da postura de um UI Designer: Fazer com que seu valor seja notado e valorizado por empresas. Mais uma vez indo além do óbvio — que é caprichar em sua apresentação profissional — há fatores humanos que recrutadores buscam em UI Designers:

Que sejam organizados

Já que todo criativo tem a fama de ser bagunçado e desorganizado, qualquer sinal avesso a essa pré-definição é sem dúvida agregador. Esses sinais são enviados não apenas nos cases do portfolio, mas na forma em que você os diagrama, na sequência de seu storytelling, na ausência de erros gramaticais, e mais.

Que não sejam preciosistas

Estar preparado para ouvir que seu design não funciona, ou que é raso demais, ou ainda que é bonito mas não é adequado é uma competência importantíssima. Se você não quer ser rotulado como artista, esteja aberto às críticas de recrutadores e avaliadores pois eles sabem claramente do que precisam, além, é claro, de serem o usuário a ser agradado.

Que seu trabalho seja profundo e responsável

Se quisessem que você apenas criasse telas bonitas, você não estaria sendo avaliado. Em um universo onde há infinitas fontes de mock-ups, layouts, UI kits, ícones e outros templates, fica fácil entregar telas bonitas. Não querem ver desafios de design e layouts de redesign não-solicitado, simplesmente porque no mundo real, não há provas de que funcionam.

Que entendam processos de UX

Você não pode ser leigo ou tapar os olhos aos demais componentes do universo de UX, porque uma vez contratado, lidará com eles todos os dias. Saber a diferença entre Guidelines de Marca e Design System, por exemplo, é primordial para garantir sua permanência depois da primeira semana de trabalho.

Conclusão

Ser um UI Designer requer muito mais do que ser capaz de entregar um design bonito. Mesmo que haja uma vasta bagagem anterior em outras vertentes do design, é mesmo necessário um aprofundamento nas reais práticas desse tipo de profissional para separar o quanto sua bagagem agrega ou atrapalha seu mindset. Empresas buscam profissionais seguros de sua especialidade, e que tenham entregáveis alinhados com todos os demais fatores que o cercam.

O que UX/UI Designers podem fazer para que avaliadores mantenham contato

Mas antes: A entrevista.

Para que possamos entender o comportamento das empresas em não dar feedback em processos seletivos, primeiro precisamos parar para analisar o cenário todo — lembrando que não concordamos com tal atitude, mesmo que erros tenham sido cometidos pelo candidato. Dar feedback deve ser parte do processo, a todos os candidatos igualmente.

Entende-se que, se você foi chamado a uma entrevista, já houve uma primeira análise de seu perfil e portfolio. Essa triagem prévia já “elimina” a maior parte dos candidatos que de imediato não têm perfil para a vaga, mas que mesmo sabendo disso, candidatam-se na estratégia do “vai que cola”, como mencionamos no artigo Seu Perfil X Vaga: Há mesmo um match?. Esse é, sem dúvida, o ponto mais agressivo a um recrutador, fazendo com que ele perca tempo e rapidamente te marque com uma red flag — o que pode inclusive comprometer suas futuras candidaturas a outras vagas nessa empresa.

Nesse momento, a sua postura precisa ser profissional. Não se trata de seu nível de maturidade, experiência e habilidades, mas sim da forma como você leva essa conversa. Já de antemão, existem dois fatores que recrutadores esperam na entrevista:

Mostre-se genuinamente interessado na vaga

Essa impressão pode ser passada de diversas formas. Listo abaixo algumas perguntas pertinentes a serem feitas, para o caso de essa informação já não ter sido passada previamente ou trazida à tona por parte do avaliador:

  1. Que estágio está o projeto?
  2. Como é dividido o time?
  3. Terei acesso a pessoas de outros departamentos?
  4. Qual a maturidade de Design?
  5. Qual é a cultura da empresa?

Tenha conhecimento da empresa

Esse fator mostra diretamente sua motivação pela oportunidade, pois esclarece que você se identifica com a empresa e seus produtos: Caso contrário, você idealmente não teria se candidatado à vaga. Como toda empresa tem o desafio de fazer com que seus colaboradores sejam seus primeiros evangelistas e entusiastas, já vir com essa etapa vencida pode fazer muita diferença. Já houveram casos em que os candidatos, na entrevista, sabiam mais sobre a empresa do que os avaliadores. Listo abaixo alguns exemplos de informações para você trazer:

  1. O tamanho da empresa;
  2. Seus principais produtos;
  3. A opinião pública sobre ela;
  4. Sua posição no mercado.

Aaaaah, o feedback. Porque não vem?

Estar do outro lado da mesa e conduzir um processo seletivo não é tarefa fácil. É como paternidade: Somente entendemos completamente as ações de nossos pais quando nos tornamos pais. O entrevistador tem à sua frente um trabalho árduo e uma grande responsabilidade, que é buscar e encontrar a pessoa certa sem altos custos, com rapidez e mínimo risco (pois mesmo depois da decisão ter sido tomada, é possível que tenha sido equivocada pois pouco se sabia do comportamento do contratado, somente de suas promessas). Ele está na situação de dar apenas 1 resposta positiva, e todas as outras negativas — Logo, ele está ciente de que investirá muito mais tempo com respostas negativas (e suas justificativas individuais) do que com a única positiva. Por esse motivo, principalmente, é que infelizmente muitos candidatos não recebem feedback. Então, como fazer para ser digno da atenção dessa pessoa? Veja abaixo dicas para você obter suas respostas:

Ainda na entrevista

O primeiro passo para que você seja contactado no pós-entrevista em caso de não aprovação é simplesmente, ainda durante a entrevista, perguntar sem medo e com educação quando a empresa pretende tomar uma decisão sobre a vaga. Fazê-lo em nada ofende ao avaliador, e mostra que você está levando a sério o processo seletivo e que valoriza seu passe. Logo, o avaliador se sentirá mais inclinado a dar-lhe um feedback, pois abriu a organização de sua agenda ao lhe dar um prazo.

Logo após a entrevista

Assim que a entrevista terminar, você pode reforçar seu interesse na vaga. Para isso, basta que no mesmo dia ou na manhã seguinte você envie um e-mail de agradecimento pelo tempo investido em você (afinal, uma ou mais pessoas pararam suas atividades para te dar atenção), pelo interesse em seu perfil, pela oportunidade da entrevista e se colocando à disposição para eventuais fatores que não tenham sido levantados. Isso ajudará o recrutador, em meio a diversos outros candidatos, a se lembrar de você em sua tomada de decisão. Não faça perguntas diretas — Esse contato é uma conclusão, e não o início de outra conversa.

Dias depois da entrevista

Se em 1 semana em média você não for contactado com uma decisão (seja ela positiva, negativa ou informativa para uma próxima fase do processo seletivo), pode ser um momento oportuno de fazer follow-up. É justo dar tempo ao avaliador, pois é certo que houveram outras pessoas entrevistadas depois de você — e é possível que esse processo se estenda ainda por mais tempo. Não use mensagens diretas e redes sociais para isso: E-mail é a forma mais adequada e menos ofensiva para essa tentativa de reaproximação.

Saiba a hora de aceitar o não

Durante esse período de espera, é perfeitamente aceitável que você continue em seu processo de busca por vagas em outras empresas pois ainda não houve nenhum comprometimento de sua parte. Jamais desista de uma vaga por outra, já tendo sido aprovado.Se em 2 semanas não houver nenhum retorno, chegou o momento de aceitar a negativa e concentrar-se em outras oportunidades.

Descubra o “porquê não?”

Como é dito, saber perder e aprender com a derrota é um ingrediente presente na mente de todo vencedor. De nada adianta irritar-se, achar o processo injusto ou desqualificar os avaliadores mediante uma resposta negativa. Em vez disso, buscar saber o motivo da negativa é a informação mais importante que você pode tirar de todo esse cenário: A identificação de um erro é o primeiro passo rumo ao caminho certo, pois sem essa informação, você irá inconscientemente continuar cometendo o mesmo erro repetidas vezes a cada nova oportunidade. Peça sinceridade do avaliador, pois quanto mais branda for a resposta, menor o impacto positivo que pode ser gerado em suas futuras ações.

É relevante também colocar que a causa da negativa pode não estar em você: A vaga pode ter sido cancelada, ou outro candidato simplesmente venceu pois tinha mais qualificação ou fit — o que não significa que houve erro algum de sua parte.

Para esse caso, manter a porta aberta é sempre o melhor desfecho.

Já houveram inúmeros casos em que UX/UI Designers foram reprovados em processos por motivos como esses, mas mediante sua postura de compreensão, paciência e interesse, não foram esquecidos e pouco depois foram chamados pela mesma empresa a novas vagas.

Conclusão

Para obter as respostas que procura, esteja atento às suas atitudes, prezando pelo máximo profissionalismo. Avaliadores darão espaço e investirão tempo apenas a candidatos com tal postura, que mostraram estarem devidamente preparados antes da entrevista e interessados na vaga. Mesmo que a resposta demore ou não venha, saiba o momento de seguir em frente, deixando sempre a porta aberta.

Boa sorte!

Como UX/UI Designers podem preparar-se e agir rápido em processos seletivos

Ver, ouvir, decidir

Quando uma oportunidade é aberta, o ponto de partida é você considerar a experiência de te contratar, entendendo a realidade de quem abriu a vaga. Na maioria dos casos, os tomadores de decisão são pessoas extremamente ocupadas, que não são especialistas em Recursos Humanos — e que além de avaliarem, ainda precisam cumprir suas diversas tarefas normais. Logo, entende-se que toda e qualquer ação a ser tomada por você nesse processo precisa ser prática, rápida e eficaz, estando orientadas a proporcionar uma jornada marcante ao contratante. Infelizmente, a realidade é bem diferente: eles tem que lidar com UX/UI Designers despreparados para uma avaliação e ausentes, fatores que fazem com que percam o timing da vaga porque forçam avaliadores a ter de esperar que se prepararem pra serem avaliados, e depois esperarem ainda mais por sua resposta tardia.

Vamos a um ponto básico: O que um avaliador quer?

  • Ver seus trabalhos para te dar credibilidade;
  • Ouvir as histórias e porquês que você irá dizer;
  • Decidir por sua contratação, pensando no máximo aproveitamento de suas habilidades.

Conforme citamos no artigo Como vagas de UX/UI Designer são abertas?, Quanto mais rápido for esse processo, melhor.

Uma alusão simples: Você é um fabricante de cadeiras. Seu telefone toca: é um cliente precisando urgentemente de uma nova cadeira, pois a dele quebrou. Ele diz: “Olá! Preciso de uma cadeira e não encontrei fotos da que você faz, pode me enviar?” Você então responde: “Não tenho fotos pra enviar agora, mas olha, a cadeira que eu faço é bonita, confortável e se adapta a qualquer ambiente. Vou tirar fotos e te mando!” Não poder ver a imagem vai imediatamente desencorajá-lo de sua intenção de compra, pois ele tem ciência de que a parte mais preocupante ainda está por vir: quando receber a cadeira, ele irá usá-la. Passar pela situação de não gostar da cadeira e ter que devolvê-la é sem dúvida o que ele não quer, e o primeiro sinal disso já é não ter conseguido nem ver a cadeira. Se isso acontecer, além de ainda não ter seu problema resolvido, a perda de tempo e a sensação de voltar à estaca zero é terrível.

No universo de contratação não é diferente. Candidatos não tem projetos atualizados pra mostrar, pedem mais tempo para montá-los e fazem alegações sem comprovação, esperando que o avaliador lhes dê um voto de confiança. Mas como você não é um objeto de varejo, se o avaliador se arrepender de sua decisão não poderá simplesmente ligar no SAC, devolver o produto e pedir outro, no caso deste ser ruim. Arrepender-se de uma contratação é um processo caro, estressante, demorado e até traumatizante, dependendo das atitudes de ambas as partes. Por isso, empresas são altamente criteriosas e exigentes em seus processos seletivos, e esperam que você dê respostas rápidas e certeiras pra que seu tempo renda. Antes de oferecer sua cadeira, mostre-a para despertar o desejo de compra no consumidor.

Preparação: A necessidade

Para UX/UI Designers, estar preparado representa muito mais do que somente estar disponível para atender uma ligação, responder um e-mail ou uma mensagem direta. Significa que você já precisa ter feito um conjunto de ações que são esperadas pelo recrutador. Mas o que eles pedem imediatamente para sua avaliação? Conforme falamos no artigo LinkedIn + Portfolio: Encontrando o ponto de equilíbrio, suas expectativas no primeiro momento consistem basicamente em encontrar um portfolio atualizado (para poderem avaliá-lo tecnicamente) e um perfil no LinkedIn (para poderem ver sua trajetória e experiência). O que passar disso pode ser considerado um fator a mais que te coloca à frente dos demais concorrentes.

Um bom exemplo desse over delivery seria ter um site próprio único, bonito, funcional e atualizado que já reúna as informações mais relevantes desses dois lugares, isentando o recrutador de ter que visitar mais de um lugar. Portanto, considere que ter tais fatores trabalhando por você é estar preparado. É completamente inadequado pedir ao avaliador que lhe dê mais tempo pra atualizar seu portfolio.

Presença: O senso de urgência

Partindo do pressuposto de que você está preparado para ser avaliado, passamos para a próxima fase, onde imediatamente avalia-se o seu comportamento. Daqui em diante, todas as suas ações estarão sendo “gravadas”, uma vez que os candidatos que não tinham perfil já foram desclassificados. Como você passou da primeira onda, as expectativas são maiores, e tendem a aumentar ainda mais nas próximas ondas. Por isso, é justamente nesse ponto que o senso de urgência toma a frente: Cada minuto investido em você deve compensar, afinal você ainda está concorrendo com outros profissionais, só que agora, iguais ou melhores do que você. Logo:

Faça o tempo trabalhar a seu favor.

A velocidade de suas ações é um ponto de grande valor. Além de revelar seu real e genuíno interesse na vaga, ela passa a impressão de respeito ao tempo do avaliador. Se tudo o que lhe for solicitado tiver uma resposta pronta, ganha-se mais pontos. Veja abaixo algumas dicas para você agir rápido:

Direcione seu portfolio à vaga

Se você tiver experiência em diversas indústrias e estiver se candidatando a uma vaga em um banco, por exemplo, é evidente que apresentar projetos relativos a essa indústria irá dar peso ao seu perfil. Por isso, faça alterações em seu portfolio de maneira a dar mais evidência a esses projetos. Essa ação precisa ser fácil, simples e rápida. Como você é um UX/UI Designer, não é difícil escolher uma plataforma de portfolios ou criar um site próprio que possibilite essa praticidade, certo?

Siga orientações de recrutadores

Se o processo seletivo estiver sendo conduzido por um recrutador especializado, as orientações provenientes dele fazem toda a diferença em suas chances, afinal, ele tem um conhecimento muito mais aprofundado da expectativa e do perfil da empresa contratante. Uma orientação frequente é que você desabilite projetos de outras vertentes do Design provenientes de sua experiência anterior (como Design Gráfico, Ilustração, Tipografia, e mais) do seu portfolio, para que o avaliador da empresa encontre somente e exatamente a competência pela qual ele tem a intenção de te contratar.

Crie uma apresentação específica

Como comentado por Lucas Hirata sobre como conseguiu entrevistas em empresas como Facebook e Google, se sua vontade de trabalhar em certa empresa for mesmo gigante, invista tempo em uma apresentação de alto impacto. Você não precisa de uma semana inteira pra isso: Seja rápido pra não perder o timing. Descubra quem são avaliadores e como impressioná-los, saiba tudo sobre a empresa, expresse sua relação pessoal com o produto dela, explique diretamente como sua presença pode conduzir a resultados. Fatores como esses fazem os olhos dos avaliadores brilharem, como se você estivesse entregando-lhes um presente.

Responda rápido a e-mails

Talvez por estarmos na era do contato direto, as pessoas tendem a pensar que e-mails não são mais uma forma eficaz de comunicação. Errado. A questão mais importante dos e-mails é a documentação, ou seja, a trajetória de sua presença na caixa de entrada das empresas será informada posteriormente a outras pessoas. Com isso, responder rapidamente a e-mails constrói uma imagem de colaboração e prestatividade, de forma comprovada.

Atenda a contatos diretos

Não custa dizer que você precisa atender a seu telefone e esponder mensagens. Como é improvável que avaliadores te liguem diretamente sem antes terem trocado e-mails ou mensagens, essa ligação normalmente já é esperada. Ou seja, não há justificativa para recusá-la. A inacessibilidade a você pode passar uma idéia de descaso e desinteresse, levantando uma red flag de que talvez, quando contratado, você desapareça sem dar satisfações.

Conclusão

Estar preparado para agir rápido em um processo seletivo é fundamental para que você obtenha sucesso. Para isso, garanta que tudo o que está em seu controle esteja atualizado e seja de fácil edição, para facilitar a todos os envolvidos no processo.

A importância de UX/UI Designers serem conscientes ao candidatarem-se a vagas

O fenômeno do “vai que cola”

Conforme falamos no artigo “Elimine ‘detalhes’ que desqualificam seu perfil profissional”, há uma série de atitudes impressionantemente comuns que fazem com que UX/UI Designers sejam desqualificados para as vagas que se candidatam. Entre elas, está a simples conclusão “Ei, essa vaga é pra mim!”, que nem sempre é verdade. O que vemos é um erro estrutural, pois na verdade essa frase deveria ser “Nossa, que vaga bacana!”. Essas duas conclusões são bem diferentes, e só uma delas é a correta. Todos querem as vagas bacanas, mas elas não são para todos.

Para chegar à conclusão de que a vaga é pra você, ela precisa ser muito parecida com o seu perfil atual. Você realmente tem que preencher ao menos a maioria dos requisitos, prestando atenção aos detalhes — Por exemplo: Digamos que uma vaga requer que você trabalhe alocado em São José dos Campos. Você vive no Rio de Janeiro, e não tem disponibilidade de mudar-se para SJC. Mesmo que você preencha tecnicamente as exigências da vaga, não há condições para a sua contratação. Mesmo assim, você se candidataria à vaga? A resposta certa é não. Esse exemplo pode ter inúmeras variações: Vagas podem exigir um tempo mínimo de experiência, serem apenas para mulheres, requererem um perfil mais analista do que criativo, ou mesmo, serem para um contrato com período limitado. Acredite: Recrutadores recebem currículos de pessoas que apesar de estarem cientes de não poderem atender às exigências, mesmo assim se candidatam, na mentalidade do “vai que cola”. Não.

Agora imagine-se do outro lado da mesa, na posição do “dono” da vaga: Além de todo o trabalhoso cenário interno de abertura da vaga, você já sabe o que vem pela frente: receberá muito mais propostas com menos fit, do que menos propostas com mais fit. Logo, quando um candidato aplica a uma vaga que não condiz com seu perfil, ele está não apenas perdendo tempo e prejudicando sua imagem, como também gerando prejuízo de tempo aos avaliadores.

Por outro lado, não há candidato ideal. E é exatamente por esse motivo que bons descritivos de vaga são exigentes e específicos: Vence a pessoa que preencher a maior quantidade dessas exigências, pois o alinhamento é sempre feito de cima pra baixo. Posteriormente, já tendo passado pela primeira etapa de avaliação mesmo sem preencher perfeitamente todos os requisitos, você terá a chance de contrabalancear a falta deles com outras habilidades que tiver, que podem ser interessantes e agregadoras à empresa.

Os fatores que geram o problema

Listo abaixo os 4 fatores mais comuns que resultam na candidatura equivocada a vagas:

Nova oportunidade = mais dinheiro?

Há uma mentalidade que assombra UX/UI Designers: Entender a diferença entre o próximo passo em sua carreira e ganhar mais dinheiro. Com o grande boom de UX Design no Brasil e no mundo, diversos profissionais oriundos de outras vertentes do design genuinamente se apaixonaram, migraram e solidificaram suas carreiras; Mas ainda muitos, comparando diretamente os salários, consideram-se dignos de pular etapas, entitulando-se erroneamente UX/UI Designers — mas não compreenderam que é impossível, por exemplo, saltar de Designer Gráfico Sênior pra UX Designer Sênior porque são práticas, processos e metodologias muito diferentes. O conhecimento e experiência nessas outras vertentes podem ser agregadores ao seu perfil como um todo, mas não bastam para essa denominação. Logo, comparar salários não é um driver correto. Uma nova oportunidade pode sim representar uma renda maior, mas esse não pode ser o seu principal fator de motivação: Mais importa que você veja uma vaga como o próximo grande passo de sua carreira, do que queira ganhar mais. Inclusive, vemos diversos casos de pessoas que aceitaram serem admitidas para ganhar o mesmo ou até menos do que o emprego anterior, mas entenderam que dar um passo para trás financeiramente não é regredir na carreira, mas sim pensar estrategicamente no médio-longo prazo. É o “perder para ganhar”.

Julgamento errado sobre seu nível profissional e atividade

Conforme falamos no artigo “Como aplicar a uma vaga de UX/UI Designer”, a forma como você se vê e se posiciona profissionalmente pode ser um grande empecilho para sua contratação. Esse artigo menciona e explica as diferenças entre os clássicos 3 níveis mais comuns: Júnior, Pleno e Sênior. O que exatamente define um profissional como pertencente a um desses níveis? Basicamente, a qualificação técnica, o tempo de experiência, a dimensão das responsabilidades e as relações humanas verticais (liderar e ser liderado) são pontos cruciais presentes em toda análise. Com isso, tenha plena ciência do momento de sua carreira levando em conta esses 4 pontos, para que você tenha uma leitura clara sobre você mesmo antes de aplicar a vagas que exijam mais do que você pode entregar. Uma das formas mais eficazes de ter certeza de seu nível de maturidade é perguntando para colegas de trabalho como eles te vêem — Peça total sinceridade, pois uma opinião errada, mesmo no intuito de ajudar, pode prejudicar sua oferta de valor a contratantes.

Outro ponto crucial é a sua atividade. Se uma vaga requer que o profissional produza peças digitais, de nada adianta um profissional de peças gráficas se candidatar a ela. Por mais que em alguns pontos haja semelhança (mesmos softwares, organização de arquivos, etc.), não é o que está sendo solicitado pelo contratante, ou seja, não é o que você está sendo contratado para fazer. Seu passado em outras vertentes do design e afins (como design gráfico, ilustração, caligrafia, tipografia e mais) não te qualificam automaticamente para uma vaga de UX/UI Designer; Podem sim agregar e te diferenciar, mas como não serão sua atividade principal, são muito menos relevantes no processo de seleção.

Não ler o descritivo com atenção

Nos tempos de escola, professores eram categóricos ao darem notas baixas a alunos quando respondiam erradamente às questões de uma prova. O interessante é que, pela análise deles, na maioria dos casos o aluno provavelmente sabia a resposta correta, mas não compreendeu a pergunta. A desatenção na hora de entender o que está sendo solicitado é um problema extremamente presente em muitos cenários da vida, e não diferente, é também no âmbito profissional. Por esse motivo, ao se deparar com um descritivo de vaga, leia-o completamente com muita atenção. Uma prática que recomendamos é que você passe os tópicos um a um, fazendo um check nos que tem certeza que pode atender sem dificuldade. Ao final, se você perceber que a maioria dos campos tem sinergia com o seu perfil, proceda à candidatura. Caso contrário, interrompa e não se candidate.

Por outro lado, devido à nossa experiência diária, sabemos que muitas vagas não são bem escritas e claras. Por vezes há informações excessivas, por outras há pouquíssima; Ainda, em alguns casos, as exigências não fazem sentido ao perfil de profissional requerido. Para todos os efeitos, o intuito do contratante é encontrar a pessoa ideal para sua necessidade, certo? Então a recomendação a você, como candidato, é que faça contato com o avaliador para esclarecimento de suas dúvidas, para que você se candidate plenamente seguro de sua decisão. Se a sua primeira abordagem a um recrutador for essa, tenha a certeza de que você será respeitado e ouvido.

Não pensar nas consequências

Por fim, todo erro cometido vem com uma consequência, e com ela, um aprendizado importante. Quando um UX/UI Designer se candidata a uma vaga que não está alinhada a seu perfil, uma red flag é levantada pelo recrutador: Ao armazenar os seus dados em uma planilha organizacional, a célula com seu nome será marcada com um ponto de atenção em vermelho. Para as próximas vagas que forem abertas, antes mesmo de checar se você evoluiu e está de fato pronto para a vaga, a leitura automática sobre você será negativa devido ao seu histórico. Ainda, considerando que além de você haverão diversos outros candidatos, é certo que você será colocado no final da lista de opções.

Outra questão que é importante levantar é que, por mais que nosso setor esteja em um crescimento acelerado, o mercado ainda é pequeno, as pessoas se conhecem e conversam entre si. Logo, se você comete esse erro repetidas vezes, será uma questão de tempo até os recrutadores chegarem a uma conclusão coletiva sobre você, o que pode ser ainda mais prejudicial à sua imagem e difícil de reverter.

Conclusão

Ao aplicar a uma vaga, esteja ciente que esse processo é muito mais complexo do que você imagina. Todas as suas ações fazem parte da avaliação, desde a forma que você aborda o contratante até a conquista do direito a uma entrevista. Esteja seguro de seu momento na carreira, respeite os contratantes e só candidate-se às vagas que realmente estiverem dentro do seu alcance profissional.

As diversas formas de você fazer a diferença e ajudar outros profissionais

O senso de colaboração

Não pensar só em si mesmo é uma premissa fundamental de UX/UI Design. Prova disso é que você passa o dia todo pensando em outra pessoa: aquela que vai usar o produto em que você está trabalhando. Esse mindset está presente não apenas na entrega ao consumidor final, mas também no processo: Com as metodologias que usamos, recursos como Design Systems possibilitam que times produzam mais, errando menos e em menos tempo, de forma que diversos departamentos conversem melhor e tenham um produto unificado. Tudo isso é baseado, dentre outros fatores, no senso de colaboração.

Quando pensamos no profissional de UX/UI Design em toda a sua variedade de perfil, procedência, nível e objetivo, entendemos que existem 2 fatores que são cruciais em sua vida profissional, aos quais ele pode usufruir e deve contribuir à sua comunidade: Carreira e crescimento profissional. E é importante mencionar que esses dois pontos não estão condicionados apenas a profissionais mais experientes ou pessoas que tem um network mais amplo, mas também menos experientes, mesmo que ainda pouco tenham a agregar. Afinal, somos todos eternos aprendizes.

Carreira

Conforme falamos no artigo Planeje como o trabalho afeta sua vida, o trabalho é onde concentramos a maior parte das horas de nossa vida adulta, por quase 40 anos. Por isso, não deve ser algo que você se arrependa, ou simplesmente deva esperar os dias passarem um após o outro; mas sim, algo que te traga prazer, empolgação, determinação e ambição para constantemente alçar vôos cada vez mais altos. Se formos parar para pensar, é quase certo que você foi ajudado por alguém em algum ponto de sua carreira. Todos temos pessoas que nos favoreceram de alguma forma, em um bom momento, para um objetivo que fez a diferença.

Listo abaixo o que você pode fazer para contribuir à carreira de UX/UI Designers:

Recomende amigos a vagas

Quando ficar sabendo de uma oportunidade, lembre-se daquele amigo que está nesse momento precisando de colocação. Sempre temos bem mais pessoas no radar do que imaginamos. Fazer isso é muito simples: Envie-lhes o link da vaga, marque-os na postagem, ou se você conhece o contratante, recomende seu amigo diretamente.

Publique vagas

Se a empresa em que trabalha estiver abrindo novas oportunidades, com as devidas permissões, publique-as em suas mídias sociais e/ou nos grupos de WhatsApp, Telegram e Slack que faz parte. Da mesma forma, caso você esteja abrindo uma vaga, percorra esse mesmo caminho e também conte com empresas como a Deeploy.Me para ajudar a encontrar o perfil que procura mais rápido, com menos custos e menos risco de erros de contratação.

Dê oportunidade a júniores

É sabido que empresas não tem dado muita abertura para UX/UI Designers em início de carreira. Se tomar essa decisão estiver em seu poder, faça o possível para prover-lhes oportunidades. Por mais que sejam ainda inexperientes, temos visto diversos casos de júniores com excelente postura, entrega e colaboratividade, fazendo bom proveito de seu principal ingrediente que é o ímpeto e a vontade de colocar em prática os conhecimentos recém-adquiridos.

Seja mentor

Conforme falamos no artigo A importância da mentoria em UX/UI Design, todo UX/UI Designer menos experiente na carreira precisa de um mentor. Você pode fazer muita diferença na velocidade e na qualidade da evolução de júniores, conduzindo-os por caminhos menos tortuosos a cada decisão que devam tomar.

Compartilhe suas experiências

Acreditamos que UX/UI Designers também precisam ser bons contadores de histórias. Escreva artigos ou grave vídeos compartilhando sua trajetória de carreira, apresentando os erros e acertos que fizeram com que você chegasse onde está e te moldaram para se tornar o profissional que é hoje.

Capacitação e informação

Apesar de nossa área ser relativamente muito nova, vemos diversos profissionais promovendo excelentes cursos para capacitação de outras pessoas. Além de uma grande oferta de cursos à distância (como a Aela.io, UX Unicórnio, Punk Metrics, entre outras) há também escolas com cursos especializados em UX/UI Design (como a Mergo, Tera, Ironhack, Digital House, EBAC, entre outras). Obviamente sabemos que essas pessoas e empresas tem seus objetivos de negócios, mas entendemos que a raiz de todas essas iniciativas é seu comprometimento com o crescimento do setor, abastecendo o mercado com pessoas treinadas e capacitadas.

Além desses formadores “oficiais” há também canais no YouTube excelentes como UXNOW, DesignTeam, If You Wanna Fly, U&IDesign e Ladies That UX que muito podem ajudar em seu aprendizado, cuja contribuição à comunidade de UX/UI Designers é, no mínimo, gigantesca.

Não é necessário que você seja um professor treinado ou necessariamente um youtuber para agregar a outras pessoas; Basta compartilhar seus próprios aprendizados do jeito que lhe for mais fácil. Você pode fazer isso de diversas formas:

Escreva artigos

Uma forma muito pertinente de contribuir é ajudar pessoas a não cometerem os mesmos erros que você. Por mais que sejam situações, momentos, cenários e pessoas diferentes, é sempre bom mostrar as suas red flags e seus blockers, pois nunca se sabe o que outros profissionais estão passando. Nesses artigos, conte histórias curtas e objetivas sobre o que aconteceu e o que foi feito para remediar a situação, esclarecendo o seu aprendizado.

Crie conteúdo nas mídias sociais

Mais especificamente no Instagram, LinkedIn e YouTube (por serem as mais usadas por UX/UI Designers), compartilhe seus conhecimentos em forma de posts, stories ou vídeos. São muitas as possibilidades: Você pode abordar recursos de ferramentas, métricas, metodologias, tendências, curiosidades, e mais. Por mais que os alicerces da profissão sejam do conhecimento de todos, é muito interessante abrir como você pensa, como conduz sua produtividade e como usa os recursos disponíveis para atingir os objetivos requeridos. Além disso, quando você vivenciar momentos marcantes em sua carreira, deixe que outras pessoas saibam e possam usufruir dessas experiências.

Promova eventos

Mesmo com todo o cenário limitado que estamos em decorrência da pandemia, você pode criar diversos tipos de eventos para engajar pessoas e compartilhar seus conhecimentos. Defina temas específicos e faça vídeo-conferências para debater e tirar dúvidas, participe de lives (se você não tiver dificuldade de falar “em público”) para expôr seu ponto de vista baseado em sua experiências, ou ainda crie conjuntos de lives detalhando processos que envolvam problemas reais de empresas que precisam da visão de um UX/UI Designer.

Conclusão

Todo UX/UI Designer precisa entender e exercer seu papel na sociedade (o que pode fazer para melhorar a vida das pessoas) e em sua comunidade (o que pode fazer para agregar a outros UX/UI Designers). Com esse driver em mente, suas ações falarão mais alto do que suas palavras, fazendo com que você seja não apenas um profissional respeitado, mas também valorizado.

Fatores imperceptíveis que desqualificam UX/UI Designers em processos seletivos

Cause uma boa impressão

Quando o assunto é trabalho, deve-se pensar muito além da superfície. “Sou a pessoa certa ou não pra essa oportunidade?” Essa é uma pergunta extremamente vaga. Existem barreiras invisíveis que foram criadas e estão instaladas em seus hábitos, que já afetam automaticamente sua avaliação profissional sem que você perceba. É importante reforçar nesse momento que estamos falando de comportamento — Por mais que as empresas estejam interessadas em suas habilidades técnicas, elas também querem saber se você irá se adaptar a seu ambiente, em diversos aspectos: Se vai submeter-se à liderança, integrar-se bem ao grupo, controlar seus vícios, respeitar as demais pessoas, cumprir agendas, entregar além do esperado, ser pontual. Repare que nenhum desses pontos tem a ver com Design, e exigem zero talento ou conhecimento técnico. Todos eles estão baseados em seu comportamento, ou seja, vão ditar a impressão gerada sobre você: Quando a avaliação começar, sem que perceba, você já dará sinais sobre esses pontos, podendo ser positivos ou negativos.

As barreiras invisíveis

Em processos seletivos, existem diversas camadas de análise. E é logo na primeira camada que as barreiras invisíveis se instalam. Não vamos nesse momento detalhar o óbvio, que é ter um portfolio e estar preparado para uma entrevista — essas são parte da superfície que falamos, ou seja, já são de seu conhecimento sobre sua avaliação.

Vamos tratar apenas os erros que te fazem perder pontos imediatamente, antes mesmo de ser avaliado. O ponto principal a ser levantado é:

“Os erros cometidos na avaliação geram diretamente uma preocupação sobre como será seu comportamento depois da contratação.”

Vamos a elas:

1. A dificuldade em falar com você

Em nossas buscas pelo perfil ideal, recebemos e encontramos dezenas de links de portfolio sem dados de contato. Nesse caso, a barreira invisível é termos que encontrar, por nossas próprias forças, alguma forma de falar com você. Esse processo é extremamente desgastante e frustrante, uma vez que você é o maior interessado em ser contactado. Se esse fator fosse uma eventualidade, trataríamos como um erro pontual. Mas a frequência em que nos deparamos com esse problema é bem mais alta do que você imagina. Há casos que precisamos mandar mensagens pelo LinkedIn, já na expectativa de que essa mensagem será lida em alguns dias, talvez semanas depois — até lá, a vaga já terá sido preenchida por alguém mais presente. Se você está disponível para novas oportunidades mas realmente não deseja ser contactado por telefone ou WhatsApp (meios mais práticos), ao menos seu e-mail precisa constar, e de preferência, um que você leia diariamente.

Ponto de preocupação: Uma vez contratado, as pessoas terão acesso fácil a você?

2. A forma como envia seu portfolio

Por muitas vezes, recebemos e-mails apenas com o link do portfolio ou um arquivo anexo, sem nenhuma introdução, nem sequer uma saudação. Em casos extremos, não conseguimos deduzir quem é a pessoa ao lermos o endereço de e-mail, como por exemplo designeruxbr@mail.com. Aqui está a barreira invisível: Ao nos depararmos com esses casos, entendemos que o candidato não quis ter o trabalho de se apresentar, ou enviou esse mesmo e-mail para diversas outras vagas, com a função copy/paste “ligada no turbo”, com extremo descaso. Ao enviar um contato, seja por e-mail ou mensagem direta, é recomendado que você diga quem você é e como ficou sabendo da vaga em questão, fazendo uma breve introdução sobre seu perfil de forma a alinhá-lo à oportunidade. Por fim, como se trata de uma mensagem/e-mail e não de uma página pública, deixe outras opções de contato.

Ponto de preocupação: Uma vez contratado, você quer dar a impressão de que leva o trabalho com descaso?

3. O tipo de portfolio

Como falamos, ter um portfolio é o básico. Sem ele, fica impossível avaliar suas qualificações técnicas e experiência. Uma vez que tomamos conhecimento que você tem um portfolio, a barreira invisível é o tipo de portfolio. Vamos a uma questão muito importante: Se você é um Designer que está se propondo a atuar em produtos digitais, faz sentido que seu portfolio não seja digital? Logo, considere que ter um portfolio offline é o avesso da natureza da sua atividade. Salvo casos em que seus projetos estejam protegidos por NDA (ou seja, impossibilitados de ser publicados online), evite esse formato. Não se trata de certo ou errado, mas sim que esse é um fator que acende uma luz vermelha em seu perfil.

Ponto de preocupação: Uma vez contratado, você vai preferir dificultar o trabalho do time com arquivos offline enquanto todos usam arquivos online colaborativos?

4. Como se apresenta profissionalmente

É esperado que UX/UI Designers sejam pessoas que se comunicam bem e que gostam de gente. Não necessariamente precisam ser extrovertidas, entertainers e com presença de palco, mas capazes de se fazerem entendidos em questões e decisões com propriedade. Por isso, ao redigir um texto que te apresenta, você precisa ser o mais claro possível, fazendo uma ponte entre o que você oferece como profissional e o benefício que empresas ou times ganhariam ao te contratarem. Esse texto precisa cativar o avaliador, fazendo-o querer ver mais sobre você. Para isso, cuidado com esses pontos:

Falta de clareza em sua expertise principal — ex. “UX/UI, Graphic e Motion Designer que entende de código”;

Usar jargões — ex. “resolvo problemas”;

Não manter o foco no profissional — ex. “sou apaixonado por filmes e rock’n’roll”;

Ponto de preocupação: Uma vez contratado, você vai conseguir se comunicar bem e será focado no trabalho?

Conclusão

Valorize os pontos citados acima, colocando-os em prática imediatamente. Todos esses pontos são de muito fácil resolução. Você já deve ter visto essa frase em alguns filmes: “I’m a fast learner”. Não se trata simplesmente de uma pessoa que aprende rápido, como uma espécie de gênio; mas de uma pessoa que erra rápido, retém o aprendizado e não erra mais nesse ponto. Agora que você já sabe da existência de barreiras que potencialmente te desclassificam antes mesmo de ser avaliado, não as ignore mais. Preste muita atenção na forma como você se comporta, para que avaliadores tenham a impressão certa sobre o seu perfil e fiquem interessados em saber mais sobre você.

Além de Usuários, Tecnologia e Negócios também são relevantes em sua carreira

A ordem “padrão” dos pilares

Naturalmente, designers de outras vertentes que tornaram-se UX/UI Designers ou pessoas que migraram de outras áreas foram atraídos primeiramente por desenvolverem uma empatia a resolver os problemas das pessoas, no processo de criação de um produto digital. Esse é o elemento que mais atrai (e retém) pessoas a UX/UI Design. Seguido a ele, vemos a tecnologia, e por fim, os objetivos de negócio.

Detalhando cada um desses pilares, veja como é importante que sejam levados em consideração:

Necessidades de usuários

O que usuários querem? Como interagem? A quê engajam? A sensação gerada por essa premissa é o que, na maior parte dos casos, dirige profissionais a se aprofundarem cada vez mais no estudo do conjunto de práticas para essa descoberta sobre as reais necessidades dos usuários, a fim de criar soluções com uma experiência marcante. Produtos centrados no usuário são a maior tendência do mercado atual, fazendo empresas de diferentes tamanhos aderirem à transformação digital originada nessa mentalidade. Mas você já sabe disso tudo.

Tecnologia

Ah, é ela que nos dá asas. Conforme a tecnologia avança, nossas possibilidades aumentam violentamente, abrindo horizontes antes impensáveis de como pessoas interagiriam com produtos. Em temos de realidade aumentada, criação de mundos totalmente virtuais e automação de objetos, só podemos vislumbrar onde podemos chegar: e mesmo que sejamos surpreendidos quase que diariamente com novas tecnologias, no fundo sabemos que estamos apenas começando. Com isso, estude as reais possibilidades tecnológicas antes, para então começar o processo criativo.

Objetivos de negócios

Conforme falamos em no artigo O impacto da mentalidade de um UX/UI Designer, UX/UI Design faz parte da estratégia de uma empresa, estando diretamente ligado aos seus resultados como um todo. Já que o Design Team irá afetar o negócio em si, a expectativa das empresas é construída sobre tal impacto que pode ser gerado no desempenho de seus produtos. Logo, conclui-se que não se trata de telas bonitas ou mesmo estratégias de marketing, mas de uma constante melhoria na concepção dos produtos e no relacionamento com clientes. Sabe-se então que cada decisão tomada reflete em valor. Abra os olhos para o outro lado da mesa, entendendo como empresas se organizam e constróem seus planos de negócios — e de onde vem o dinheiro que paga o seu salário.

Os porquês

Esse fato se deve a entendermos que, estatisticamente, poucas pessoas que já eram da área de tecnologia ou de negócios tornam-se UX/UI Designers. Por isso, na grande maioria, essas competências têm sido adquiridas no processo, devido à necessidade desses profissionais estarem preparados para a extensão de seu trabalho a áreas que estão fora de sua zona de conforto. Compreendendo que a tecnologia amplia os limites e os negócios garantem a continuidade do setor, chegamos à conclusão final: UX/UI Designers não podem se ater apenas a design.

Para que você seja tido como um profissional de alta performance e empregabilidade, combinar bem os três pilares é simplesmente necessário.

Mas calma, você não precisa se tornar um mago em tecnologia ou um grande gestor de negócios a ponto de igualar esses conhecimentos ao que sabe sobre Design. O ponto a se considerar é que você trate esses outros pilares como também importantes para o desenvolvimento de sua carreira, melhorando significativamente seus entregáveis. Estar alheio a eles é extremamente prejudicial.

Mergulhe fundo

Se você está hoje nesse gap (seguro de seus conhecimentos e experiência em design mas ainda raso em tecnologia e negócios), há algumas formas simples de adentrar a esses novos universos, para que você passe a interagir em conversas sobre eles em vez de cochilar. Vamos a eles:

1. Informe-se como nunca antes

Para nós que lidamos com UX/UI Designers todo dia o dia todo, é sabido que estamos falando de pessoas curiosas que gostam de estudar, descobrir, entender, testar e aprender. Então para você, não há dificuldade em ler. Leia muito. Muito. Livros, artigos, depoimentos, notícias, curiosidades. Seja grato pelo privilégio de viver em um tempo onde a informação chega até você, mais do que você vai a ela. Você tem, ao alcance de um click, centenas de lugares diferentes para buscar informação relevante sobre esses temas. Não recomendamos que você vá diretamente estudar nanotecnologia — comece com conteúdos que já ouviu falar e que considerou interessantes, e agarre-se a eles até que comecem a fazer diferença em seu trabalho.

2. Conheça novas tribos

Você conhece a frase “Diga-me com quem andas, e te direi quem és”… Se você está cercado de pessoas que pouco agregam a seu crescimento profissional, está na hora de repensar seus grupos. Busque círculos de relacionamento onde você é o que sabe menos, para que essas pessoas te forcem a crescer. Não estou dizendo para você abandonar seus melhores amigos, apenas que invista mais tempo conhecendo novos grupos de pessoas que não tenham os mesmos assuntos que você. O conhecimento que você já tem pode ser útil a essas pessoas, sempre é uma relação de troca pois você também tem conhecimento a agregar.

3. Invista em seu próprio aprendizado

Em tempos de Udemy e Domestika, você tem cursos para praticamente tudo, a preços extremamente acessíveis. Chegou a hora de você parar de buscar apenas informação sem custo e começar a investir em você mesmo, porque aquilo que não investimos, não damos real valor. Com a pandemia, milhares de cursos foram disponibilizados a preços ainda mais acessíveis para incentivar as pessoas a se desenvolverem, em vez de ficarem penduradas no Netflix. Aproveite esse momento e faça o que for necessário para exercitar seu cérebro e expandir seus conhecimentos a áreas além do design. Bill Gates tem o hábito de isolar-se para ler durante dias seguidos. Você acha que ele só lê sobre tecnologia? Há depoimentos reais de pessoas que dizem que se você sentar com ele para conversar sobre qualquer assunto (incluindo sua especialidade), é provável que ele saiba mais do que você.

Conclusão

Para que você se torne um UX/UI Designer mais completo (e automaticamente mais interessante a empresas), aprofunde-se também em tecnologia e negócios. Tais conhecimentos farão com que a visão sobre seu próprio trabalho seja expandida, a ponto de melhorar sua performance e a qualidade final dos produtos em que atua.

We use cookies to give you the best experience. Cookie Policy

Artigos originais e de parceiros selecionados

Encontre artigos que vão ajudar muito em suas decisões profissionais, abordando comportamento, carreira e portfólio de forma simples e didática.

    Faça parte da comunidade Deeploy

    Cadastre-se para construir um perfil profissional alinhado ao seu potencial, obter diversos benefícios e acesso a vagas.

    Publique sua vaga conosco

    Faça seu cadastro na plataforma e experimente criar, publicar e gerir suas próprias vagas.

    Assine nossa newsletter para receber vagas e novidades

    Receba vagas originais da Deeploy e vagas da comunidade em seu e-mail.