Definitivamente, ser uma empresa especializada em soluções para missões críticas com foco em alta tecnologia que proporciona o apoio, importante e sensível, a tomada de decisão dos clientes traz uma carga de responsabilidade muito grande.

Um dos aspectos mais interessantes do processo que envolve todo o desenvolvimento destas soluções é como a usabilidade se torna tão importante, além de alcançar contornos muito específicos e diferente de como é tratada no mercado.

Cada sistema deste possui algum tipo de menu, painel de controle ou dashboard (ah, os dashboards!). Desenhar interfaces e projetar soluções sem permitir que o usuário cometa erros, como orienta Jakob Nielsen e Rolf Molich em sua quinta heurística, um dos princípios gerais do design de interface é um grande desafio.

Essas interfaces devem ser bem claras, simples e fáceis de usar.

Garantir a segurança da aplicação e do processo realizado pelo usuário, tanto com base nas normas e regras de negócio quanto na facilidade de uso e prevenção de erros do usuário é fundamental. Principalmente por nosso produto ser utilizado em tarefas tão essenciais quanto na defesa do país e das pessoas, com mísseis, armamento e monitoramento, ou no controle de tráfego aéreo e na gestão de ativos ou logística.

Estas tarefas exigem, em sua maioria, disponibilidade e redundância; Isolamento físico e digital; Suporte a decisão e consciência situacional; Tratamento e visualização de mapas;

Geolocalização e uma “mensageria” segura. Requisitos garantidos por lei e através de normas como ABNT NBR 15.100, ISO/IEC 12.207, MIL-STD-498, DO-178 e Regulamentações ICAO que tratam de gerenciamento de riscos, processos e expectativas do cliente, impacto em mudanças de uso, além de normas e requisitos operacionais que afetam diretamente o usuário.

Como trabalhar com essas “limitações” e lidar com requisitos, por vezes, tão restritivos?

Aplicar estas heurísticas diretamente no desenvolvimento com várias técnicas de avaliação e testes de usabilidade tem como objetivo encontrar a melhor solução que encaixe essas regras de negócio rígidas e as necessidades do usuário por segurança e facilidade de uso.

Mantendo o processo seguro, porém agradável para o usuário e respeitando a regra de negócio.

“Choosing the option that has an extreme effect should have a lot more friction than the common, innocuous one. That is to say, it should be harder to do.” — Nikhil Sonnad

Como manter o sistema seguro e ao mesmo tempo oferecer a melhor experiência ao usuário que muitas vezes não tem outra opção?

Pode parecer que o design não deveria tratar disso, porém como o mesmo Nielsen retrata em seus 5 atributos da usabilidade, do livro “Engenharia de Usabilidade” de 1993, é lógico que todo sistema está suscetível a erros, mas tentar minimizá-los ajuda nesse processo.

 

Os 05 atributos da usabilidade:

  1. Facilidade de aprendizagem
  2. Eficiência
  3. Satisfação
  4. Facilidade de memorização
  5. Segurança

“Even the best designers produce successful products only if their designs solve the right problems. A wonderful interface to the wrong features will fail.” — Jakob Nielsen

Nossa diretrizes, como time de design e empresa orientada ao usuário, são:

  1. Conhecer o usuário
  2. Promover confiança na interface
  3. Simplificar
  4. Testar e testar
  5. Orientar ao usuário como executar as etapas necessárias
  6. Mostrar apenas as informações necessárias
  7. A explicitação é mais importante que a beleza

Acreditamos que testar com o usuário é essencial e inegociável, assim como aplicar técnicas de pesquisa e cocriação, projetando com foco nas personas e o fluxo de tarefas necessário para o usuário.

 

O que acontece quando uma interface é mal projetada?

As consequências de um design mal feito vão desde pequenos aborrecimentos até grandes desastres como o ocorrido no Havaí, em Janeiro de 2018, quando um alerta, disparado por um funcionário da Hawaii Emergency Management Agency, mobilizou a população sobre um ataque de mísseis a ilha. Este erro ocorreu enquanto era realizado um teste de rotina no sistema de alerta de emergência do estado.

Sem dúvida, é um dos grandes desafios enfrentados pelo nosso time de design. Entregar soluções inovadoras, agradáveis, fáceis de usar mas sempre visando a segurança dos usuários e do sistema. #VaiUX

Arquitetura de informação é um dos principais pontos iniciais a se pensar na construção de um produto digital. O objetivo dela é categorizar o conteúdo de forma coerente dentro do projeto e que seja compreensivo para o usuário final. Em ergonomia, o Card Sorting é um dos métodos utilizados para se construir uma arquitetura de informação.

O Card Sorting é um método:

 

  • fácil de se aplicar;
  • de baixo custo;
  • de fácil compreensão pelos usuários;
  • que permite que os usuários reagrupem as informações e opinem sobre elas;

 

1. O processo de Card Sorting

O objetivo de se trabalhar com a arquitetura de informação é propor melhor maneira de organizar as informações e funcionalidades do projeto que estamos trabalhando. É crucial que o entendimento do usuário seja eficiente quando organizamos as informações e que elas sejam coerentes com o conteúdo e a realização da tarefa no produto final.

 

O processo de Card Sorting é composto por 3 etapas:

  • Antes de começar a sessão de Card Sorting, é importante realizar um inventário de funcionalidades e conteúdo do projeto. Cada um dessas funcionalidades é composta por um card. Estes cards podem ser representadas por meio de material físico (ex: post-its) ou por meio digital. Existem ferramentas online que ajudam nesse processo como por exemplo o ConceptCodify.
  • O conjunto de cards é então apresentado aos usuários e então eles devem reagrupar os diferentes cards de acordo com o seu ponto de vista e de forma coerente.
  • Ao fim da sessão, os resultados são analisados pelo profissional que conduziu o Card Sorting (sejam eles de forma manual ou por meio de ferramentas online).

 

Pontos a se lembrar:

  • Esta metodologia permite que os usuários possam opiniar e organizar as informações da forma que eles as enxergam. Com isso os profissionais tem insumos para definir a melhor organização com base nos padrões dos usuários.
  • É um método simples e lúdico e deve ser claro para os usuários.
  • Esta técnica é relativamente barata. Não necessita de materiais especiais para sua execução.
  • Cada sessão dura entre 2 e 3 horas e pode levar de 2 a 3 dias dependendo da quantidade de usuários e complexidade do projeto.
  • Este processo não é definitivo. Os usuários irão influenciar na percepção de organização das informações e os profissionais envolvidos irão tomar as melhores decisões para o projeto.

 

 

2. Os tipos de Card Sorting

O Card Sorting pode ser realizado de duas maneiras diferentes:

 

A) Card Sorting aberto

O usuário dispõe de cards que representam o conteúdo ou funcionalidades do projeto. Então o usuário reagrupa as informações e define o rótulo para cada um dos grupos de acordo com o seu ponto de vista. O Card Sorting aberto é mais utilizado no começo de um projeto para definir a arquitetura da informação. Ele segue a lógica de construção.

 

 

B) Card Sorting Fechado

No Card Sorting fechado os rótulos dos grupos são fornecidos aos usuários. Os usuários devem organizar os cards dentro dos grupos já definidos pelo organizador da sessão. Este tipo de Card Sorting é mais utilizado quando o projeto está na fase final e queremos nos assegurar que ela informação realmente é pertinente ao usuário. Ele segue a lógica de validação.

 

 

Tanto um quanto o outro podem ser utilizados no mesmo projeto. O ideal é sempre começar pelo Card Sorting aberto para entender a lógica dos usuários, analisar os resultados e então criar uma nova sessão com o Card Sorting fechado para validar a eficiência da arquitetura de informação.

 

 

3. Começando uma sessão de Card Sorting

a) Apresentação dos cards e da metodologia de Card Sorting

O organizador da sessão apresenta o método e os cards aos participantes onde os usuários tem um tempo para se familiarizar com os diferentes cards. Os cards são distribuídos em uma mesa de forma aleatória antes de cada cada usuário chegar na sessão. Também é preciso disponibilizar cards em branco (pode ser post-its, folhas de sulfite, etc…) caso os usuários desejem adicionar ou modificar alguma informação.

 

b) Card Sorting individual

Cada usuário deve em 30 min, organizar os cards que lhe pareça pertinente. Esta fase da sessão deve ser realizada de forma que o organizador não influencie na decisão dos usuários.

 

c) Argumentação

Cada usuário participa dando sua opinião e argumentando sobre suas escolhas. Com base nesses argumentos é hora de reunir informações de todos participantes.

 

d) Consenso de informações

O objetivo nesta fase é de chegar em um consenso entre os usuários e suas opiniões e ponto de vista. Com isso é possível reunir as informações dos participantes e verificar de forma individual se existe mais algum ajuste sobre os agrupamentos de cada usuário.

É importante dividir esta fase em 2 partes (individual e grupo) para permitir que cada usuário participe dando sua opinião de forma livre para maximizar o resultado da sessão.

 

E por fim…

Esta metodologia de trabalho faz parte do Design Centrado no Usuário e possibilita trabalhar de forma de melhoria contínua. O Card Sorting permite ter uma melhor compreensão do raciocínio por parte dos usuário em relação a arquitetura da informação e a percepção de navegação dentro dos produtos digitais.

Um assunto muito importante e pouco falado na comunidade de profissionais é sobre acessibilidade. Mas antes de ir mais a fundo neste assunto, a acessibilidade é definida segundo a W3C como:

Acessibilidade: condição para utilização, com segurança e autonomia, total ou assistida, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos serviços de transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação, por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida;

De uma forma geral, muitos profissionais ignoram este assunto por se tratar de uma pequena porcentagem dos usuários ter algum tipo de deficiência cognitiva, seja ela física, visual ou mental. Se pensarmos de forma simples pessoas que não tem nenhum tipo de deficiência consegue usar um site acessível mas no cenário inverso, não acontece da mesma forma.

 

Então como mudar este cenário?

Catequisar os stakeholders e profissionais sobre a importância da acessibilidade desde o início de qualquer projeto é um bom caminho. A possibilidade de aumento da fonte do site, mudança de cor, contraste e fontes para dislexos são bons pontos a se pensar. Não estou falando de complexos e grandes investimento em tecnologia para se aplicar estes pontos mas sim de boas práticas que naturalmente, irão melhorar a experiência dos dois tipos de usuários: deficientes e não deficientes.

Tamanho de fonte

Segundo a W3C devemos trabalhar com fontes em três níveis que são: A, AA e AAA. Os usuários que tem a visão reduzida talvez tenham dificuldades de leitura em uma página com a fonte pequena enquanto o dislexo talvez não consiga ler o texto se não existir uma versão do site com a fonte OpenDyslexic, que é própria para este público. Para imagens de textos e textos o nível AA é o mínimo recomendado.

 

 

O aplicativo Bear trabalha com a Open Dyslexic para que dislexos possam criar textos sem problemas de leitura.

 

Contraste de cor

Seguindo essa lógica, os textos e imagens de texto no nível AA devem ter no mínimo 4.5:1 de taxa de contraste de cor. Isto quer dizer que a cor to texto tem que ter no mínimo 4.5x mais luminosidade do que a cor de fundo. Este cálculo é feito incluindo as pessoas de visão moderada e que não precisa de assistente de contraste e também de pessoas que tem daltonismo.

No cenário de nível AAA, o índice de contraste ideal vai para 7:1, ou seja, a luminosidade da cor deve ser 7x mais luminoso que a cor de fundo para as pessoas com visão entre 20/20 e 20/80 segundo o gráfico de Snellen. Pessoas que tem perca de visão acima de 20/80 precisam de tecnologia assistiva para aumentar o contraste e ampliação do texto.

 

Contraste de cor e texto

O tamanho do texto também é importante para definir a quantidade de contraste quedeve ser aplicado na fonte. Um exemplo de cor cinza com o valor de 150, 150, 150 em escala RGB funciona muito bem em fundo branco, mas apenas acima de 18 pontos de tamanho de fonte. Este formato passaria na conformidade do teste AA. Se usarmos a cor cinza com um valor 110, 110, 110 em escala RGB já funcionaria com qualquer tamanho de fonte e ainda seria compatível na conformidade AAA em fontes de 18 pontos. Os contrastes podem variar dependendo do tipo de família que estiver sendo usada. Por isso é bom pensar nas fontes com peso Light e Extra Light pois elas podem apresentar problemas de contraste.

 

 

É importante levar em consideração também as fontes que se utiliza degradê. Isto não limita a criatividade na hora de produzir algum projeto que tenha um forte apelo em cores e contraste. É preciso testar diferentes aplicações para ter certeza que está em conformidade de contraste.

 

Ferramentas de conformidade

Algumas ferramentas gratuitas estão disponíveis para testar a conformidade das fontes e cores do nosso projeto.

Colour Contrast Analyser

Este ferramenta tem algumas funcionalidades bem interessantes para uma versão gratuita. Além dos testes de conformidade, é possível testar os diferentes tipos de daltonismo aplicados no projeto e um comparativo deles, inclusive quem tem catarata. Tem para Mac OS e Windows.

Contrast Ratio

Esta ferramenta online permite testar diferentes cores em tempo real. Ela é bem útil por ser gratuita. Ela suporta valores RGBA e HLSA e suas combinações. A parte interessante é o suporte para testes com transparência de cores.

Color Safe

Esta ferramenta online permite criar combinações de cores para projetos acessíveis. Assim você pode escolher uma cor de fundo, uma fonte e o tamanho e ver qual melhor conformidade ela traz como resultado.

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