Como essa área cinzenta prejudica contratações

UX/UI?

Se você perguntar para 5 UX/UI Designers o que exatamente fazem, é bem provável que obtenha 5 respostas diferentes. Da mesma forma, se você perguntar a 5 empresas porquê querem contratar um UX/UI Designer, também obterá 5 respostas diferentes. Isso acontece por diversos motivos, mas nesse momento, vamos nos ater ao que encontramos em nossa rotina de recrutadores especializados: Do lado dos profissionais, vemos habilidades que “mudaram de nome” mas que não condizem com as disciplinas reais de UX, além de alegações de que são capazes de fazer igualmente bem todas as tarefas do processo de UX; e do lado das empresas, vemos demandas pouco claras sobre sua real necessidade, e tarefas demais a serem executadas pela mesma pessoa. Por esse motivo, entendemos que há um equívoco na terminologia UX/UI Designer, que pode ser a principal origem desse desalinhamento de expectativas.

Como é sabido, UI é uma das disciplinas dentro do guarda-chuva de UX — assim como pesquisa, arquitetura da informação, design de interação, testes de usabilidade, estratégia de writing, e mais. Logo, já vemos aqui claramente um erro no uso do termo UX/UI, pois ele simplesmente sugere esses dois itens com o mesmo peso ao posicioná-los lado a lado. Não se sabe ao certo quando e porquê esse termo começou a ser usado dessa forma e com essa frequência, mas de fato ele mais gera confusão do que padronização tanto para profissionais quanto para empresas, a saber:

Dos profissionais

É comum que profissionais pensem: “Sou um UX/UI Designer, ou seja, tenho habilidades para fazer tanto a parte estratégica quanto a visual.” Ops — infelizmente em muito poucos casos esse discurso é verdadeiro. Por mais que você tenha conhecimentos e alguma experiência em todas as disciplinas do processo de UX tradicional, é impossível que as exerça igualmente bem. Além disso, para se obter resultados melhores e mais rápidos, é fato que esse trabalho precisa ser feito de forma coletiva, por profissionais com especialidades complementares.

Para definir melhor seu perfil profissional, deve-se ir a fundo em suas áreas de foco e forças particulares, “quebrando-as” em áreas menores como interaction design, interface design e research. Quanto mais essas forças estiverem claras e especificadas, maior (e mais valiosa) será a sua proposta de valor profissional.

Das empresas

Em empresas cuja visão em Design ainda não está totalmente consolidada, é comum que pensem “Vamos contratar um UX/UI Designer para que nosso produto seja mais amigável e bonito.”, com a expectativa de que terão suas necessidades preenchidas se contratarem apenas um ou poucos profissionais.

Com exceção de casos muito específicos em equipes enxutas (como em Startups em early stage), normalmente essa manobra em si já mostra pontos inviáveis sobre o que uma só pessoa pode fazer. Como resultado, o processo de design ficará limitado, confuso, passível de erros e perderá etapas importantes — sem contar na exaustão desse profissional (logo causando sua desistência) e fatalmente a criação de um produto final insatisfatório. Veja em nosso artigo Que tipo de profissional meu produto precisa? para um detalhamento melhor sobre as funções específicas mais comuns de UX Designers.

Para ambas partes, há um ponto de esclarecimento muito importante que não podemos deixar de citar: Experiência do Usuário não é um domínio que cabe apenas designers, menos ainda designers de produtos digitais. Como o mestre Don Norman já disse:

“Experiência do Usuário envolve todos os aspectos da interação do usuário final com a empresa, seus serviços e produtos”.

Essa frase esclarece que há muito mais envolvidos nessa experiência do que apenas designers, ou ao menos que designers com toda certeza não são os únicos responsáveis por toda a experiência. Um profissional experiente sabe muito bem que gerentes de produto, marketeiros, stakeholders executivos e desenvolvedores terão mais peso de decisão sobre a experiência final do usuário do que propriamente o Designer. Com isso, é primordial que profissionais de Design entendam e exerçam bem seu papel nesse contexto, e que empresas também entendam que proporcionar uma boa experiência ao usuário não é responsabilidade de uma só pessoa, nem mesmo de um departamento. Trata-se de um conjunto de práticas que deve ser adotado por toda a empresa, e por isso, ser de responsabilidade de todos.

Contratando melhor

Em vias práticas, uma das melhores formas de minimizar o desalinhamento citado é simplesmente esclarecer com mais exatidão qual é a sua real demanda. Por exemplo, quando uma empresa diz: “Preciso de ajuda para melhorar a UX/UI do meu produto”, não está claro o que exatamente ela precisa ou quem é a melhor pessoa para executar tal tarefa. Em vez disso, seria ideal dizer:

“Preciso descobrir porque mais da metade dos usuários (que paguei caro para atrair) desistem de concluir a jornada de compra”.

Nesse caso, é evidente que o profissional a ser adquirido precisa entender bem de pesquisa, validação, testes com usuários e limitações técnicas de tecnologia, e mais.

Puxando mais ao lado visual, seria ideal dizer:

“Preciso padronizar a tipografia, iconografia e implantar a cultura de marca em meu produto”.

Da mesma forma, está claro que o profissional a ser adquirido precisa entender de consistência, layout, regras de marca e melhores práticas de aplicação de fontes, cores e mais.

Quanto mais clara for a demanda, mais especialidades serão exigidas dos profissionais a serem contratados — diminuindo erros oriundos de informações incompletas ou rasas demais. Por isso, construir um descritivo orientado a esses indicadores gerará mais resultados positivos do que simplesmente listar todas as tarefas do processo de UX.

Conclusão

Terminologias nem sempre representam claramente a profissão. Como há disparidades entre a auto-denominação dos profissionais e a expectativa da contratação, ao abrir uma vaga, é primordial partir de qual é exatamente a real necessidade do produto. Dessa forma, Designers poderão alinhar sua proposta de valor profissional com a demanda específica.

Como UX/UI Designers podem planejar sua carreira fora do país

Quero (mesmo?) ir

Pelo fato de sermos recrutadores especializados em UX/UI Designers cujo time está em parte na Europa, recebemos com muita frequência a intenção de pessoas em busca de vagas no exterior. O que sempre questionamos é a principal motivação para saírem do país. Independente da condição de vida e trabalho no Brasil estar favorável ou desfavorável, esse não pode (e não deve) ser o principal indicador para a sua decisão — Conclusões como “não aguento mais esse país”, “quero ganhar em euros”, “quero trabalhar menos” são muito rasas perto do tamanho de sua adaptação em outra cultura.

Por isso, o motivo que deve te dirigir a essa possibilidade deve ser, prioritariamente, o crescimento que um cenário diferente pode trazer, não necessariamente melhor ou pior. Obviamente, é justo que nesse processo seja normal almejar um estilo de vida melhor; Mas o crescimento inestimável que uma experiência internacional pode trazer a você como pessoa (em aspectos como conhecer outra cultura, outros pontos de vista e outras formas de se fazer a mesma coisa), é de fato um enorme benefício.

Agora colocando os devaneios de lado e voltando os pés ao chão, deixar a terra natal e imigrar não é fácil. Deixa-se para trás um estilo de vida, família, amigos e toda uma rotina social que você vai sentir muita falta em seu novo destino. Algumas pessoas, mesmo que estejam bem colocadas profissionalmente e socialmente estáveis, acabam retornando à sua terra natal por motivos diversos: Não suportaram a ausência desses pontos, não se adaptaram ao clima, não se encaixaram na cultura local, não aceitaram as perdas sociais pelo fato de serem estrangeiros, entre outros. Por isso, considere que essa decisão não é para todos e que você precisa estar ciente de sua magnitude , analisando friamente cada ponto. Dentro do possível, visite e permaneça por algum tempo no país que almeja viver antes de se mudar definitivamente.

O mercado em Portugal

Para muitos, Portugal é a porta de entrada para viver na Europa. Há sim muitos pontos positivos e vantagens, como por exemplo poder atravessar todo o país pagando menos de 10 euros, voar para outros países da união européia por menos de 50 euros (desconsidetando a pandemia, europeus em geral viajam muito), ter mais segurança e conseguir levar uma vida menos corrida do que nos grandes centros urbanos. Mas Portugal não é Shangri-La. Explico:

Idioma

Diferente de outros países, o impacto cultural é bem menor e fala-se a mesma língua — Mas ei, já temos aqui uma red flag. São dois pontos principais:

  1. O Português europeu é bem diferente do Português brasileiro. Vivendo aqui há alguns anos, podemos dizer que as diferenças são muitas, apesar de sempre conseguirmos nos fazer entendidos. Como a maioria das pessoas tem dificuldade exatamente nisso, o impacto não é tão grande porque portugueses nos entendem bem. A dificuldade está mesmo em entendê-los, porque além de usarem palavras diferentes, usam tempos verbais que conhecemos mas não estamos acostumados.
  2. Não pense que empresas aqui só falam Português. Leve em conta que aqui vivem muitas pessoas de outros países, e somente por esse motivo, empresas portuguesas (como a Farfetch, AlticeLabs e ActivoBank) e empresas estrangeiras com sede aqui (como a Volkswagen Digital Solutions, Critical TechWorks e Deloitte) têm o inglês como idioma prioritário. Também por isso, formadores como a Ironhack têm seus bootcamps ministrados totalmente nessa língua.

Maturidade das empresas

O mercado Português não é tão aquecido como o brasileiro, por diversos motivos. No geral, Portugal é um país bem menor e as empresas tendem a ter uma maturidade em Design também menor. Mas há um ponto importante: Os líderes de UX vem de mercados onde a maturidade é alta, e são esses líderes que empurram o setor adiante, criando uma régua alta na qualidade dos profissionais.

Vagas e exigências

Mesmo que ainda haja mais resistência nas empresas em investir pesado em UX, as que investem são muito exigentes na montagem de seus times. Logo, os processos seletivos tendem a ser mais longos e pesados, pois para escolher um profissional adequado, prezam com mais veemência por qualidade no design, postura profissional, proposta de valor clara e capacidade de comunicação em outros idiomas. Em vias práticas, como não é um mercado quente, têm poucas vagas e muita exigência.

Bora, vou nessa! Qual o melhor caminho?

A melhor forma de iniciar uma carreira profissional em outro país, sem nenhuma dúvida, é sendo contratado oficialmente por uma empresa. Nesse caso, os contratantes já estão interessados na aquisição de um estrangeiro, e por isso, dispostos a arcar com os custos e lidar com os riscos de todo esse processo.

Como as vagas abertas nessa condição são poucas, você realmente precisa considerar a real necessidade de uma preparação à altura.

Listo abaixo os principais pontos a serem considerados:

Tenha certeza de sua decisão

Conforme falado anteriormente, analise friamente cada ponto de sua decisão de imigrar. Como primeiro passo, é aconselhado que você comunique a família sobre sua intenção pois certamente esse será o maior ponto de dor. Algumas pessoas podem não conseguir estar longe dos idosos, outras o cônjuge pode não querer ir, outras têm filhos e devem pensar também no impacto da mudança para eles. Logo, não tome nenhuma decisão profissional antes de estar seguro de suas reais possibilidades.

Eleve seu nível no inglês

Mesmo que seu destino seja Portugal, falar inglês no trabalho é uma exigência. Tudo será nessa língua: O projeto, as conversas, apresentações e prestação de contas. Inclusive, o seu processo seletivo será completamente em inglês, e tenha certeza de que esse é um dos principais fatores de sua avaliação.

Prepare um bom Portfolio

A alta qualidade de seu portfolio é obrigatória. Não se trata da quantidade de projetos, nem de sua variedade de perfis e de indústrias, mas sim da forma como você conta a história do projeto. O contratante precisa conseguir entender como você pensa e toma decisões de design, muito mais do que apenas aplicar metodologias e entregar um bom design visual. Leia nosso artigo Seu portfolio é você. Você é seu portfolio para mais detalhes.

Apresente-se bem

Saber falar sobre você mesmo é muito importante. Evidencie seus pontos mais fortes, construa uma imagem atrativa, destaque seus diferenciais e, principalmente, oriente seu discurso à empresa que está pleiteando a vaga. Essa apresentação é sua única chance de despertar o interesse do contratante para seguir à próxima etapa de avaliação. Leia nosso artigo Encontre seu próprio valor profissional para mais detalhes.

Esteja disposto e disponível

O processo seletivo não será fácil, nem rápido. Por isso, esteja mentalmente preparado para passar por muitas etapas, ser questionado em seus pontos de fraqueza, fazer suas defesas de forma consistente e passar a segurança de que você é a melhor opção de aquisição. É inadmissível que você seja aprovado em qualquer das etapas e desista pelo caminho, ou ainda, que desista depois de ter sido aprovado.

Conclusão

Mudar de país não é fácil, mas é um enorme salto para sua carreira profissional. Mesmo que você conclua que sua preparação é grande e longa para chegar lá, defina essa como uma meta. Atingi-la vai gerar uma evolução mental, profissional e pessoal que fará toda a diferença em sua vida.

Uma reflexão sobre o valor profissional buscado em UX/UI Designers

(Sempre) aprendendo

Certo dia eu estava a caminho da escola de meus filhos. Enquanto conversávamos, percebi que mesmo ambos ainda sendo muito pequenos, já reclamavam de ter que ir pra escola. Um deles, na época com 7 anos, teve a ousadia de dizer que já sabia de toda a matéria, do ano inteiro (!). Como um pai que se preze, eu disse a ele que aprender é o que nos torna pessoas de valor, e que ele nunca pararia de aprender porque nunca saberia de tudo. Imediatamente ele fechou a cara, é claro, ao perceber que sua vida escolar estava apenas começando.

Como recrutadores especializados, parte presente em nossa rotina é avaliar profissionais de UX/UI Design. Nesse dia-a-dia, é evidente que encontramos padrões nas propostas de valor dos candidatos: A forma de se apresentar, o “esqueleto” dos projetos e até os jargões, em maioria, são similares. Mas uma coisa que quase nunca vemos é um profissional comentar sobre como aprende e como valoriza esse ponto. Encontramos portfólios com um detalhamento gigante do projeto, o que é muito bom, mas é dada uma evidência muito pequena (ou nenhuma) do que foi aprendido nesse projeto.

Encontramos nos currículos e portfólios o uso constante de jargões como “aprendo rápido”, “adoro aprender” e “estou em constante aprendizado”, o que de fato não é ruim e nem errado: Só é simplesmente muito vago. Entenda que qualquer pessoa em busca de oportunidades de trabalho, em qualquer área, pode afirmar isso — ou seja, em nada é um diferencial para o seu perfil.

Quão bom você é em aprender?

Sabemos que entender do processo de UX e ter alguma experiência são questões importantes para uma primeira análise, cada uma com sua própria finalidade para mostrar sua capacidade. Mas vencida a etapa de avaliação, digamos que você foi contratado: Yey! Casa e pessoas novas, produto diferente, desafio maior. Mas espere: Existe um gigantesco risco de tudo isso ir por água abaixo, porque a empresa ainda sabe pouco sobre sua capacidade de aprender.

Em vias práticas, ao ingressar em uma empresa você tem uma enorme curva de aprendizado pela frente, que mesmo que tenha vasto conhecimento técnico e experiência, terá que passar. Ao chegar, nada se sabe sobre o produto, seus usuários e os problemas a serem resolvidos a eles; e além disso, menos ainda se sabe sobre a cultura da empresa, o time e a liderança. Logo, o contratante não está preocupado apenas com o que você pode fazer hoje, mas com o que você vai fazer depois que começar a trabalhar.

Como falar do seu aprendizado

Para ser prático e eficaz em mostrar como você aprende, é necessário que ajuste o storytelling de como se apresenta e monta seus cases de portfolio, afinal essa dupla precisa funcionar bem e estar sempre em sinergia. Vamos a eles:

Em seu discurso profissional

Sempre dizemos em nossos artigos, lives e vídeos que sua apresentação profissional deve ser um reflexo atual de você. Em adição, insistentemente dizemos que fazer uma auto-análise sincera deve ser uma prática frequente em sua carreira de UX/UI Designer, para que se lembre do que já passou, onde está agora e onde pretende chegar. Ao fazê-lo:

Identifique e liste os seus maiores aprendizados até hoje, organize-os e elabore um discurso profissional coerente baseado neles.

Para isso, pergunte-se como os seus aprendizados construíram e moldaram seu perfil profissional — Quais foram seus principais erros cometidos, o que absorveu dos ambientes em que esteve inserido, o que descobriu sobre produtos concorrentes, as práticas no seu processo de trabalho que não funcionaram, as suposições que as pesquisas revelaram estarem erradas, e principalmente: o que você não fará mais, depois de ver que não funciona.

Em suma, esclareça de forma concisa como você pretende partir de quem é hoje a se tornar quem a empresa realmente precisa que você seja. Ao se deparar com essas informações, qualquer avaliador irá entender claramente a proposta de valor de seu perfil profissional, reduzindo drasticamente o receio em investir na sua contratação.

Em seus cases de portfólio

A grande maioria dos UX/UI Designers, nos mais diferentes níveis de maturidade, estão condicionados a pensar no formato padrão: Basear os cases em indicadores como o desafio, produto, o processo, problema resolvido e os resultados gerados. Perfeito! Mas para que tais indicadores resultem numa decisão sobre você (e não somente sobre a qualidade do seu processo de UX/UI), converta-os para que mostrem o tamanho do seu aprendizado.

Oriente seu storytelling ao que você são sabia no início do projeto, o que aprendeu pelo caminho e qual foi a transformação em você ao concluí-lo.

Se o avaliador conseguir vislumbrar sua curva de crescimento a cada projeto, estará explícito o real valor profissional: A sua capacidade e velocidade de aprender em diferentes contextos. Lembre-se que a empresa, ao apostar em você, contratou a sua pessoa, e não apenas suas habilidades.

Conclusão

Por mais que mostrar seus erros e aprendizados possa parecer uma fraqueza, é na verdade uma de suas maiores virtudes. Apresentar entusiasmo em aprender constantemente vai construir uma imagem a seu respeito que empresas certamente irão valorizar.

Depois de contratar, mantenha seus melhores UX/UI Designers

O valor das pessoas

Empresas são construídas por pessoas. Times são compostos por pessoas. E produtos são feitos por pessoas, para pessoas. O maior ativo que uma empresa pode ter, em toda a sua existência, são as pessoas que lá trabalham. Quando vemos um produto pronto, seja ele um prédio, um carro, uma camiseta ou um aplicativo, normalmente não paramos para pensar na quantidade de pessoas que fizeram parte da história desses produtos.

Me lembro que no início da minha carreira, alguns de meus amigos de faculdade sonhavam em trabalhar na Disney. Certa vez, estávamos todos juntos assistindo a uma animação, e ao final dela, um de meus amigos disse: “Cara, o dia em que eu puder ver o meu nome escrito nessas letrinhas subindo, vou saber que estou realizado profissionalmente”. De fato, nesse momento eu reparava na quantidade absurda de pessoas envolvidas na produção daquela animação. As letrinhas subindo listavam equipes inteiras que eram responsáveis por um único personagem, outras só para os cenários, outras só pra objetos, e mais. Eram mais de 500 pessoas. Como desfecho, esse meu amigo realizou seu sonho: Leo Matsuda trabalha na Pixar há mais de 10 anos, já participou de diversas animações e tem um curta assinado por ele, disponível no Disney Plus. Inspirador.

Em nossos processos seletivos, tratamos as pessoas realmente como algo de muito valor porque são elas que construirão os produtos do futuro. Por isso:

Preferimos focar nas pessoas, e não em vagas.

Bem-vindo à bordo

É comum que pensemos que empresas são como tribos. Cada uma tem sua visão, missão, valores e uma forma de lidar com pessoas; Em nosso mundo atual, o posicionamento das empresas nesses pontos têm sido cada vez mais cobrado das pessoas, em questões como inclusão social, diversidade e acessibilidade.

Para quem tem presença frequente no LinkedIn, é muito comum ver pessoas recém-contratadas postando essa notícia com alegria e empolgação, mostrando a forma como foram recebidas pela empresa que as contratou. Vemos sempre agradecimentos, fotos dos “mimos” ganhados e muitas outras manifestações públicas que ilustram empresas mostrando como valorizam seus colaboradores.

Conversando com diversos UX/UI Designers dos mais diferentes níveis e experiências, um dos pontos principais levantados sobre seu interesse em uma empresa é a cultura interna. Por conta disso, empresas investem na oferta de um ambiente bacana, acolhedor, inclusivo e empolgante para os colaboradores, e isso tudo começa no Onboarding: O processo de boas- vindas a um novo colaborador. Com base no que temos visto e os resultados positivos gerados, listo abaixo 4 sugestões para você colocar em prática no onboarding de seu DesignTeam:

1. Tenha bem clara a visão da empresa

Por mais complicado que possa ser, todos os integrantes de uma equipe precisam estar na mesma página quando se trata da proposta de valor da empresa, seu posicionamento, produtos e mindset. Em equipes multidisciplinares, é comum que hajam gaps nesses pontos, que precisam estar em constante alinhamento.

2. Defina um responsável

Para que o processo de onboarding tenha o impacto esperado, é primordial que haja um líder encarregado, não importando se essa pessoa for o próprio líder de UX ou alguém específico de Recursos Humanos. A existência dessa figura reforça a seriedade da empresa nesse ponto e a qualidade do processo.

3. Crie uma imersão

É recomendado que haja um processo bem definido de treinamento inicial, onde o novo colaborador será oficialmente inserido no time. Quanto mais pessoal, melhor. Idealmente esse processo deve ter um nome próprio e ter arquivos específicos, uma espécie de guia ou manual, para que o colaborador possa consultar posteriormente já que é uma enxurrada de informações de uma só vez. Decompondo essa imersão:

Apresente a equipe e explique sua organização

Mesmo que seja via call, esclarecer quantas e quais são as pessoas que fazem parte do time de Design como um todo é crucial para gerar a oportunidade de conexões interpessoais genuínas. Em seguida, apresente a organização vertical e horizontal dos times, esclarecendo hierarquias e tarefas individuais.

Faça o setup de infra-estrutura

Entregar um computador, crachá, conta de e-mail e acesso a ferramentas compartilhadas são itens que precisam ser cobertos imediatamente, para que a produtividade possa ter início rápido.

Detalhe o processo produtivo

Mostre sem rodeios como o trabalho é feito: Melhores práticas, ferramentas e a forma como o time organiza prioridades, deadlines, prestação de contas a stakeholders e a relação com desenvolvedores e terceiros agregados.

Introduza a força do Brand

É necessário que o novo colaborador entenda que deve existir uma unidade de comportamento perante a visão externa da empresa. Idealmente, independente do nível hierárquico, cada funcionário precisa ter a responsabilidade de ser um representante da empresa. Para isso, o tom de voz, escrita, forma de abordagem e comportamento são pontos que precisam de atenção e treinamento.

4. Mantenha a aprendizagem

Findo o processo, é muito pertinente que haja coleta de feedbacks sobre essa experiência, para que esta siga em processo evolutivo.

Opa, não é só isso

O processo de onboarding é só a ponta do iceberg — A questão mais importante é que os profissionais não se atentam apenas a esses benefícios, mas também (e principalmente) no modus-operandi da empresa. Com o tempo de casa, é certo que irão reparar na forma como é organizada, na qualidade da liderança e dos processos de decisão, produção, e mais. Se esses pontos estiverem “quebrados”, considere como fato que profissionais comecarão a perder o interesse, a produtividade e o foco, buscando outras oportunidades.

Conclusão

Investir na cultura da empresa é extremamente necessário para reter os melhores talentos. Por mais que colaboradores tenham benefícios e vantagens, o sentimento de acolhimento e de pertencer a algo grandioso e empolgante é o que realmente constrói a solidez da relação de troca entre empresas e funcionários.

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