Como UX/UI Designers menos experientes podem alavancar sua empregabilidade

A realidade das pequenas empresas

Analisando friamente o cenário de pequenos empresários, nota-se a falta de um bom planejamento. Segundo especialistas jurídicos e contábeis, a grande maioria dos micro-empreendedores “estão empresários”, ou seja, empreender lhes é uma condição; Por mais que não tenham vocação e preparo administrativo, têm o conhecimento técnico e a vontade / necessidade de fazer acontecer. Tais pessoas iniciam atividades empresariais pelos motivos mais variados:

— Sei fazer essa X coisa muito bem e quero vender;

— Cansei de ter chefe, posso fazer sozinho;

— Tenho que me mostrar capaz para a família e amigos;

— Fui desligado e quero dar a volta por cima;

— Herdei um negócio e tenho que dar continuidade.

Por outro lado, temos a minoria: pessoas que de fato “são empresários”, ou seja, tem vocação e preparo administrativo para empreender mesmo que não tenham muito conhecimento técnico específico do produto. Suas características:

— Têm ímpeto de empreender, e nisso, definem objetivos mais altos;

— Têm visão estratégica e planejamento prévios;

— Sabem profundamente sobre mercado, concorrência, precificação, processos de venda e pós-venda;

— Conhecem bem os números, tributos e limitações legislativas;

— Têm uma visão clara de produto, e seu potencial;

— Estão preparados para gerir equipes.

Segundo os mesmos especialistas, como a maioria dos pequenos empresários não tem vocação pra empreender e preparo administrativo, o resultado é que muitos negócios não chegam longe, não se consolidam e sua realidade financeira é ruim: Ano após ano, mal pagam-se os custos e não há geração real de lucro. E mais: Essa realidade não é percebida, ou mesmo que seja, é ignorada. Manter a saúde financeira de uma empresa, mesmo que pequena, não é tarefa fácil.

Mas nesses dois cenários citados, vemos uma coisa em comum: Do menos ao mais preparado, todos enxergaram uma oportunidade de negócio, e decidiram aproveitá-la da melhor forma possível, com os recursos disponíveis. Com isso, há espaço nessas empresas para que você aplique suas competências recém-adquiridas pois concentrar-se nos usuários para a criação ou melhoria de produtos pode ser um fator de grande impacto nos resultados do negócio. Muito além do Design em si, o valor está em vê-lo como elemento transformador e multiplicador.

UX para menores

Então onde, em tudo isso, entra um UX/UI Designer? Se você parar para pensar, o conhecimento que já tem sobre o processo de UX pode fazer muita diferença. É claro que o seu papel não é salvar negócios, afinal você não é auditor, nem consultor administrativo, menos ainda especialista em finanças. Mas o fato é que seu entendimento de produto pode ser de imensa ajuda, especialmente porque esses negócios não foram centrados originalmente no usuário mas na simples criação e oferta de um produto a quem quiser comprar. Ao prestar atenção em como esses produtos são oferecidos e em como clientes os adquirem e usam, diversos gaps de melhoria serão notados.

Um ponto importante a levantar é que UX não se destina unicamente a produtos digitais. São a grande tendência, a bola da vez, um imenso mercado em crescimento acelerado e um terreno extremamente fértil para você atuar, mas ainda, não são o único destino dessa mentalidade. Não há formato certo ou errado de empresa para que um UX Designer atue, pois enquanto houver relação entre um produto e um usuário, há espaço para UX.

Em suma, empresas menores carecem de um bom projeto de UX. Elas podem estar tendo prejuízos nesse exato momento: investindo demais na função do produto enquanto o design anteciparia diversos problemas, fazerem muita propaganda e não saberem o motivo da baixa conversão, precificarem mal por não conhecerem o público-alvo, não perceberem a origem da desistência da compra, em que ponto a concorrência leva vantagem, entre outros. Como para elas esse é um território novo, o seu trabalho de convencimento, validação e comprovação será grande mas é certo que será altamente gratificante quando gerar os resultados esperados — E sabemos que são perfeitamente possíveis.

Como identificar sua oportunidade

O principal fator que precisa ser enfatizado é a sua iniciativa, ao passo que empresas têm problemas e muitas vezes não os vêem ou não os tratam com a atenção devida. Se você, como usuário, identificar algo que pode ser melhorado em qualquer esfera de uso, está aí a sua oportunidade — Você deve estar pensando “nossa, então são muitas”! São mesmo. Lembre-se que o seu grande objetivo é:

Comprovar sua capacidade, mentalidade e processo através da construção de um case real — que é o que empresas e recrutadores precisam para te qualificar como UX Designer promissor.

Listo abaixo uma sequência de ações que você pode experimentar imediatamente, apenas por abrir os olhos para o que está à sua volta:

1. Atente à sua rotina

No dia-a-dia, você é um usuário de diversos produtos. Com quais deles você tem uma experiência ruim? Alguns exemplos: Seu travesseiro gera dor nas costas? É difícil abrir a tampa de sua pasta de dentes? Sua caneca de café queima seus dedos? Mesmo pegando uma senha numérica, você precisou pegar fila pra comprar carne? Porque ter caixas rápidos de poucos volumes em um mercado atacadista? Em grandes banheiros de shoppings, porque você lava a mão de um lado e as seca do outro, tendo que atravessar o banheiro todo com as mãos molhadas pingando em um chão liso e escorregadio? Em uma petshop, porque não há atendimento preparado para clientes cegos com cães acompanhantes?

2. Escolha e observe a raiz do problema

Selecione um desses cenários, preferencialmente o que você se identifica mais por se sentir altamente frustrado pela má experiência. Defina claramente o problema, onde está o ponto causador da dor, o sentimento gerado e o que você precisou fazer para contorná-lo.

3. Descubra se há solução em andamento

Vá a fundo e descubra como a empresa lida com esse problema. Mesmo tendo recebido diversas reclamações de clientes e parecendo ser de simples resolução, potencialmente o problema chega a níveis difíceis dentro da organização, onde você não consegue penetrar sem ser um funcionário ou um prestador de algum nível. Para todos os efeitos, como trata-se de um projeto de sua iniciativa, sem essa descoberta você pode considerar que não há plano imediato pra correção do problema.

4. Fale com o responsável

Veja a viabilidade de aceitação do seu projeto antes de começar: Não saia fazendo sem que ao menos alguém da empresa esteja sabendo. Para isso, prepare uma forma de comunicação que seja confortável a você (um telefonema, e-mail, videoconferência, reunião presencial, etc.), aborde o responsável e o informe de sua iniciativa e interesse em atuar, ainda que em caráter “acadêmico”, no problema que você identificou. E claro, prepare-se para receber um não, ou até mesmo um balde de água fria como a famosa frase “Quem é essa pessoinha que de nada sabe do meu negócio e quer dar pitacos?” Antecipe uma resposta para essas perguntas clássicas.

5. Produza, teste, observe, aprenda

Agora chegou o momento de mostrar suas habilidades! Conduza um bom projeto de UX com pesquisas, sessões com pessoas, ideação, validações, e mais. Atente aos detalhes, registre, questione, interaja e então discorra uma proposta de solução viável. Com base na experiência real do usuário com a sua solução, repita quantas vezes for necessário para lapidá-la. Envolva diretamente o responsável para que tenha uma visão mais clara de como sua solução vem de encontro certeiro com um problema que não estava sendo notado ou que não estava sendo levado a sério, e nisso, que veja o valor gerado por suas descobertas e compreenda a necessidade desse projeto.

 

6. Elabore e apresente o seu projeto

Reúna as informações captadas, prepare e apresente sua proposta de mudança especificando a definições de o que é necessário para implementar, quanto tempo será preciso, custos envolvidos, próximos passos, e mais. Não esqueça de fazer esse processo da forma mais organizada e documentada possível, pois nisso você já estará criando seu case de portfólio.

7. Conclua e implemente

Finalmente, com seu case em mãos, é hora de negociá-lo porque o próximo passo é a implementação. Até aqui você descobriu e validou a viabilidade de sua solução, mas é chegada a hora de colocar em prática e obviamente o responsável conta com você para isso. Vai de sua leitura e decisão se essa implementação será cobrada ou sem custo. Pelo caminho do investimento, tudo pode acontecer mais rápido pois você pode envolver mais pessoas e usar mais recursos. Já pelo caminho sem custo, o processo tende a ser mais demorado e mais trabalhoso. A recomendação é que, independente de sua decisão, o valor de seu trabalho precisa ficar claro — por via de regra, clientes que não pagam não valorizam realmente seu trabalho, e como resultado, mesmo que sua implementação seja boa, tendem a não dar continuidade.

 

Conclusão

A iniciativa de um UX/UI Designer é um fator altamente diferencial em sua carreira. Quanto mais problemas você identificar e projetos fizer, mais experiência irá adquirir e seu valor profissional aumentará bem mais rápido do que apenas esperar pela vaga de emprego perfeita. E você, já fez alguma ação como essa? Conte no comentário!

Porquê esse formato de contratação é agregador em tempos incertos

O gap da contratação

Quando se fala em contratação, automaticamente se pensa em dois fatores principais: O alto valor agregado e a dificuldade de encontrar a pessoa certa. Essa dupla assombra todo líder, e especificamente no mercado de Product Design, sabe-se que esse tipo de profissional custa caro e é difícil de achar. Em adição, enfrentamos hoje uma esmagadora sensação de instabilidade ao ver o mercado oscilar tanto, moedas internacionais subindo e a condição forçada de adaptar o negócio ao formato remoto. Logo, o fato de empresas terem que rever seus contratos para encontrar gaps de redução de custo levanta uma problemática: A forma como seus times foram montados pode ter sido altamente custosa e com muito pouca flexibilidade.

Em vias práticas, veja abaixo as etapas que toda empresa passa no processo de contratação e seus respectivos períodos médios (desde a definição da necessidade do profissional até este estar altamente produtivo e gerando resultados):

  1. Criação e divulgação da vaga — 2 semanas
  2. Busca — Média de 1 mês
  3. Seleção — Média de 1 mês
  4. Contratação — Média de 2 semanas
  5. Onboarding — Média de 2 semanas
  6. Treinamento e Integração — Média de 2 meses
  7. Produtividade efetiva—total de aproximadamente 6 meses

Estamos então falando de quase metade de um ano para que o novo membro da equipe esteja totalmente adaptado e operante. Desse dia em diante, começa um período de tensão: Se por qualquer motivo esse profissional for desligado (não importando se a iniciativa veio dele ou da empresa), inicia-se novamente todo esse processo. Imagine então o custo agregado de cada processo desses, o stress, a sensação de perda de tempo, e ainda, o prejuízo na produtividade da equipe e no andamento do produto. Como sabemos que contratação deve ser parte significativa da estratégia de UX, não se trata de um problema pontual, mas sim de um desafio constante para toda empresa com produtos digitais.

Hello, Outsourcing

Como o processo mencionado acima independe de formatos de contratação, o objetivo é descobrir e analisar outras alternativas para a aquisição de um profissional para que tais etapas sejam mais curtas, menos custosas e com menor risco. Para isso, a modalidade de contratação denominada Outsourcing se mostra muito viável. Por definição, ela consiste na compra de serviços por terceiros. Explico:

Conforme falamos no artigo “CLT vs. PJ”, no formato CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) há a inclusão das normas que regulam as relações de trabalho entre o empregador e os empregados, considerando seus direitos e deveres. Nesse caso, o profissional contratado é remunerado mensalmente e arca com impostos sobre seus serviços, como pessoa física; enquanto no formato PJ (Pessoa Jurídica) prestadores são, juridicamente, outras empresas. Dessa forma, não há vínculo empregatício formal entre as partes, estando essas em comum acordo pela compra de serviços da contratada a serem pagos pela contratante. Essa modalidade requer que o profissional tenha uma empresa aberta (CNPJ) para que seja tratado com uma empresa, emitindo uma nota fiscal e arcando com impostos sobre esses serviços. Por se tratar de uma relação empresa/empresa, um contrato é gerado oficializando a compra e a entrega dos serviços a serem prestados. Tais contratos são gerados por tempo definido, geralmente de curto e médio prazo — Mas podendo, obviamente, ser renovados.

Em vias práticas, o formato CLT é mais lento para iniciar, pode chegar a custar 2.5x o valor do salário durante a estadia do profissional e é altamente custoso para encerrar; enquanto o formato PJ é mais rápido para iniciar, pode chegar a custar 1.7x o salário e envolve bem menos custos no desligamento. Leia nosso artigo “Porque Outsourcing viabiliza UX/UI Design Teams” para um aprofundamento maior sobre essas vantagens.

É importante mencionar que essa alternativa nem sempre é imposta pelas empresas: Diversos profissionais preferem esse formato e buscam vagas com essa característica. Mesmo assim, antes da assinatura do contrato, as duas partes devem estar plenamente cientes de seus direitos e deveres, para que não hajam pontos de discordância que podem gerar desconforto posterior.

Como usar Outsourcing a seu favor

Em processos de contratação, o desafio é usar tempo e dinheiro de forma estratégica em favor do negócio. Enquanto as diretorias pedem para reduzir a equipe, líderes de Design sabem que precisam mesmo é de mais gente. Como balancear essa equação? Veja abaixo alguns fatores em que o Outsourcing possibilita decisões mais acertadas:

Contratação rápida

Como o UX/UI Designer a prestar serviços é juridicamente uma empresa, mediante a assinatura do contrato de prestação de serviços, o início das atividades é imediato. No caso de trabalho remoto é ainda mais prático, e a empresa pode optar por suprir as necessidades básicas para condições de trabalho (como computador, conexão, etc.) do profissional terceirizado.

Desligamento com baixo ou nenhum custo

Como normalmente os contratos são para períodos de curto ou médio prazo (3 a 6 meses), é difícil que haja uma rescisão. Mesmo que aconteça por algum motivo de força maior, se não houverem penalizações previstas, pode ser feita sem custos adicionais. Logo, tributos de desligamento são evitados.

Flexibilidade para renegociação

Em momentos de extrema necessidade de contenção de custos, contratos de Outsourcing podem ser revistos e adaptados para evitar o rompimento. Definir uma quantidade inferior de horas de disponibilidade, reduzir tarefas ou mesmo criar intervalos por tempo determinado são alguns exemplos dessa flexibilidade.

Experimentação mais segura

Caso empresa queira mesmo contratar CLT, é possível fazer uso de Outsourcing para criar testes de contratação por períodos ou por tarefas. Com isso, o profissional presta serviços remunerados normalmente, sendo avaliado em diversos pontos como produtividade, integração com a equipe e absorção da cultura da empresa, garantindo que esta esteja segura de efetivamente o contratar para seu quadro de funcionários fixos no momento oportuno.

Obrigatoriedades reduzidas

O fato de o profissional ser um prestador externo isenta a empresa de tratá-lo como um funcionário no regime CLT. Mas não por isso, diversas empresas optam por fornecer benefícios específicos conforme sua cultura interna e por iniciativa própria, com a finalidade de retenção de profissionais.

Não haver contrato com o profissional

Na parceria com recrutadores especializados como na Deeploy.Me, não há contrato direto com o profissional. Nesse caso, a empresa contratante estabelece um contrato com a consultoria, e esta é quem retém a responsabilidade sobre o profissional — cuidando de toda a burocracia da contratação, prestação de serviços e pagamentos, restando à contratante simplesmente gerir a produtividade do UX/UI Designer.

Contratar mais, devido à retenção de custos

Enquanto se gasta 1X para contratar e manter um profissional na forma tradicional, pode-se gastar 1/2X com Outsourcing e usar essa diferença para trazer mais uma pessoa. Design Teams podem ser montados completamente com Outsourcing, inclusive variando níveis de maturidade e especialidades como UX Writing e UX Research.

Mas e eu, que sou UX/UI Designer?

Se você está pensando que essa modalidade é de alguma forma nociva para sua carreira e planejamento profissional, leve em consideração o mito da estabilidade: Pessoas tendem a achar que CLT representa segurança, enquanto PJ representa risco. Mas temos visto que para empresas reduzirem seus times, não há muito critério; E que existem muitos UX/UI Designers contratados em regime CLT que em menos de 3 meses são desligados, enquanto outros contratados em regime PJ têm seus contratos renovados constantemente. Isso mostra que o principal fator para garantir sua estabilidade é a própria qualidade de seu trabalho e postura profissional. Veja abaixo alguns dos benefícios de ser contratado por períodos mais curtos e ser considerado um prestador externo:

Múltiplos projetos

Com um bom trabalho de gestão de tempo e de pessoas, é possível que você atue em mais de um projeto, para clientes variados, ao mesmo tempo. Esse fator não só aumenta seus ganhos, como também constrói seu posicionamento como consultor de Design, carreira escolhida por muitos profissionais de nível sênior e/ou especialistas.

Conhecer diversos setores

Se em um ano de trabalho você atuar em 3 projetos (média de 4 meses por contrato), sua experiência em diversos setores aumenta mais rápido. Um funcionário que fica 2 anos ou mais em uma só empresa está condicionado a conhecer somente esse setor por todo esse período — com excessão de UX/UI Designers que atuam em projetos digitais de grandes agências de publicidade, atuando em campanhas variadas.

Mais network e mais portfolio

Com a variedade de projetos e equipes de design em espaço de tempo menor, automaticamente seu network aumentará de forma significativa. Além disso, seu portfolio ganhará mais projetos mais rápido e com mais variedade, bastando que você mantenha a consistência e a qualidade da apresentação dos cases.

Conclusão

Em tempos de extrema incerteza, Outsourcing viabiliza que seus produtos não parem. Com pessoas qualificadas, economize tempo e dinheiro para garantir que não haja impacto negativo no planejamento e cumprimento de metas de sua empresa.

Atitudes que resultam diretamente na desvalorização de seu perfil profissional

O valor da atenção

Ao contrário do que muitos pensam, um processo seletivo requer sua atenção total. Não se trata de ser X tipo de UX/UI Designer e querer Y tipo de vaga; Mas de candidatar-se desenfreadamente a toda e qualquer oportunidade que vier pela frente em levar esse processo a sério. É preferível que você separe poucas, aquelas em que realmente haja match com seu perfil, e invista tempo, dedicação e preparação específica para elas.

Me lembro que na escola, certa vez, a professora nos aplicou uma prova-surpresa. Numa terça qualquer, ela disse pra turma: “Hoje teremos uma atividade diferente, valendo nota.” A classe congelou geral. Silêncio absoluto. Ela então passou de mesa em mesa deixando uma folha, que muito parecia uma prova. Ao terminar de distribuir as folhas, ela nos passou apenas duas instruções: “Leiam todas as 10 perguntas antes de respondê-las. Os primeiros a terminar, estão liberados da aula de hoje.” A êxtase era tanta que praticamente ninguém deu ouvidos à primeira instrução e logo foram responder as perguntas, com a pressa de se livrar logo da aula. Poucos minutos depois, uma aluna X levantou-se, deixou a folha quase em branco na mesa da professora e saiu. Todos os demais alunos entreolharam-se e concluíram: “Nossa, ela desistiu! Mas porque a professora a deixou sair?” Quase meia hora depois, outros alunos começaram a se levantar e entregar a folha quietos, unanimemente com um semblante de indignação absoluta. Foi então que eu cheguei à décima e última pergunta, que dizia: “Responda somente a a 10ª questão. Todas as demais não são necessárias, mas se já as respondeu, levante-se em silêncio e entregue a folha.”

Essa história ilustra que além de ser necessário você estar preparado para ser avaliado a qualquer momento, você também precisa dar a devida atenção à sua avaliação. A sede ao prêmio e a pressa levou a grande maioria dos alunos à derrota, e colocou apenas uma à frente dos demais.

Da mesma forma, leve a sério um processo seletivo; Cada vaga tem sua origem, um perfil ideal imaginado, uma necessidade a ser suprida. Por isso, como estamos falando especificamente ao universo de UX/UI Design, a forma que o processo de avaliação é conduzido não é igual a vagas de outros setores. Por sua vez, UX/UI Designers devem tratar esse processo como um projeto de UX/UI Design: Antes de mais nada, é preciso saber quem é seu usuário, o que espera, o que quer de verdade (e não o que diz querer), para então ajudá-lo a atingir os objetivos esperados, ou simplesmente, convencê-lo a usar seu produto. Tais pontos precisam estar bem claros em sua mente antes que se candidate a uma vaga, e farão com que os olhos do avaliador brilhem como os da professora ao ver a aluna atingir o objetivo: Todo contratante se inclinará a escolher, além dos critérios básicos, o candidato que genuinamente se mostrar mais interessado, motivado, informado sobre a empresa e preparado para aquela avaliação, principalmente em condições inesperadas.

Como ser reprovado em 6 passos

Yeah! Quero atuar como UX/UI Designer em alguma empresa agora mesmo! Calma lá. Existem fatores que você precisa ter a atenção mencionada anteriormente, se quiser cativar a atenção de contratantes. Que você sabe fazer UX/UI Design já é minimamente sabido e esperado, mas existem muitos outros pontos que contam na avaliação. Listo abaixo 6 erros clássicos, que se cometidos isoladamente já acendem uma luz vermelha; e se cometidos em conjuntos de 2 ou mais, são a receita de bolo da reprovação.

1. Candidate-se sem ler os descritivos de vaga

Ah, a famosa técnica do “vai que cola”: Saia dando tiros a todos os lados, candidatando-se a qualquer vaga bacaninha, sem atentar se as exigências estão além de sua capacidade ou perfil. Alguns descritivos de vagas, como na história da professora, já tem em si instruções específicas para candidatos seguirem, ou seja, se você não ler o descritivo completamente e com atenção, mesmo que haja um fit de seu perfil, você estará automaticamente desqualificado e dificilmente será possível recuperar a atenção do contratante. Nosso artigo “Seu Perfil X Vaga: Há mesmo um match?” detalha bem esse ponto.

2. Esteja inacessível

Uma vez que a empresa se interessa por um perfil, profissionais dificultam a conexão: Não divulgam dados como telefone e e-mail em seus links, dados estes que obviamente seriam utilizados para falar com eles. Algumas vezes deixam escapar um e-mail em algum de seus links, e o recrutador, com dificuldade, o descobre; E quando envia e-mail, simplesmente é ignorado. Nosso artigo “As barreiras invisíveis para se candidatar a uma vaga” esclarece essa questão.

3. Apresente-se mal

Passar a impressão errada sobre si mesmo é muito fácil: No primeiro contato, candidatos não dizem quem são, enviam arquivos muito pesados em vez de links, não detalham experiências anteriores, pedem altos salários / benefícios incongruentes com seu nível de maturidade e ainda por vezes dedicam o e-mail à pessoa errada (dando a entender que usam exatamente o mesmo texto para todos, e que sequer conferem o destinatário). Nosso artigo “Não seja pego nos detalhes” explica esse erro com mais profundidade.

4. Envie seu portfolio desatualizado

Aqui mora o mais comum dos problemas: Enviar portfolios mesmo que estejam desatualizados ou desalinhados com a vaga, justificando que não houve tempo para trabalhar nele. Há profissionais que realmente acreditam que o avaliador vai chegar à conclusão de que são tão ocupados e focados no trabalho, que não tem tempo pra mais nada. Mas na verdade, a conclusão que eles chegam é que esses candidatos não valorizam sua imagem profissional, não definem prioridades e administram muito mal seu tempo. Nosso artigo “Porque você precisa fazer a Lição de Casa” explica a origem e como evitar esse problema.

5. Chegue atrasado na entrevista

Deixar de antecipar problemas de força maior é perigoso. No caso de entrevistas presenciais, candidatos ficam presos no trânsito, têm dificuldade para encontrar o endereço correto e pegam filas enormes no saguão de prédios comerciais; e em caso de entrevistas por videoconferência, não checam sua conexão à internet, esquecem de carregar a bateria do laptop/celular e não avisam outros moradores da casa sobre a necessidade de privacidade naquele horário específico. É claro que imprevistos acontecem, mas a maioria dos problemas podem ser antecipados ou terem um plano B. Nosso artigo “Elimine ‘detalhes’ que desqualificam seu perfil profissional” vai mais fundo nesse tema.

6. Desista da vaga logo que começar

Entende-se que esse erro é o mais agressivo de todo o processo, porque nesse ponto o candidato já foi aprovado em todos os critérios. Da parte da empresa, já há uma confiança criada e planos desenhados para o início das atividades, quando subitamente o candidato desiste de atuar, seja por qualquer motivo. Nosso artigo “Entrei. Saí. Onde errei?” levanta pontos importantes e consequências dessa atitude.

Conclusão

Para que você passe bem longe de todos esses erros, esteja atento a cada ação tomada e tenha sua intenção em se candidatar a uma vaga muito clara. Com isso, todo o seu comportamento (que é o que estará sendo avaliado) seguirá uma linha mais assertiva, respeitosa e eficaz em processos seletivos.
Boa sorte! 🙂

We use cookies to give you the best experience. Cookie Policy