Qual desses é melhor para sua carreira?
Designers Generalistas X Especialistas
Vamos tomar por exemplo os médicos. Em sua época de academia, os jovens doutores aprendem como funciona o corpo humano, entendendo de forma geral cada ponto de nosso complexo organismo. Ao graduarem-se, estão tecnicamente aptos a iniciar suas atividades profissionais como Clínicos Gerais, o que é suficiente na maioria dos casos e muitos permanecem nessa atividade ao longo de sua carreira. Mas alguns deles optam por se aprofundar em determinadas áreas da medicina, tornando-se especialistas (como Cardiologistas, Pediatras, Ortopedistas, etc.). Logo, quando em certas situações faltar determinada informação ou experiência aos Clínicos Gerais, estes encaminharão o paciente a um especialista.
Em nosso universo de Design, não é diferente. Designers, especialmente os que atuam há mais tempo, foram treinados para conhecer todas as diferentes vertentes do design. Alguns permanecem nesse ponto e criam suas carreiras como generalistas. Outros, preferem se aprofundar mais em determinadas áreas, tornando-se especialistas. A questão que se coloca é: ao precisar de uma determinada tarefa, em qual desses profissionais você confiaria? Ao solicitar um generalista, você sabe que mesmo que ele faça o melhor que pode, sua entrega é satisfatória mas limitada. Mas ao solicitar um especialista, tenha a certeza de esse será mais profundo e certeiro.
Nesse aspecto, temos que definir um separador entre designers de outras disciplinas e UX/UI Designers. Regularmente, recebemos materiais de designers dos mais diversos tipos, como Diretores de Arte, Designers Gráficos, Designers 3D, Motion Designers, e mais. Esses profissionais, muitas vezes altamente qualificados e experientes, apresentam uma simples questão: Não são UX/UI Designers. Logo, entenda que UX/UI Design é em si uma especialização dentro do Design, voltada para criação de produtos digitais.
Conforme falamos no artigo Como aplicar a uma vaga, sua experiência anterior nas disciplinas do Design citadas acima podem te favorecer em certos pontos e agregar a seus entregáveis, mas não te dão a bagagem, práticas, metodologias e mentalidades específicas de UX/UI Design. Ninguém vai diretamente de Diretor de Arte Sênior a UX/UI Designer sênior. No momento em que você decide migrar para UX/UI e especializar-se nessa disciplina do Design, é somente a experiência à partir desse momento que conta como real para sua carreira de UX/UI Designer.
Fazendo uma breve comparação:
Designers Generalistas
São os designers que fazem de tudo, acostumados com o dia-a-dia intenso de entrega de peças visuais de diversos tipos. Diante da necessidade de aprender algo novo para atender demandas, eles desenvolvem-se suficientemente para cada entrega, podendo fazer tudo isso sozinhos e ao mesmo tempo. Logo, em maioria tornam-se freelancers pois atendem diversos tipos de clientes e projetos. Mas como nosso ponto sempre são oportunidades em empresas, infelizmente:
-
- São menos valorizados;
- Estão constantemente sobrecarregados de trabalho;
- Sua influência nos resultados do projeto e da empresa é baixa;
- Não contribuem ao crescimento do setor.
UX/UI Designers (especialistas)
São os designers que atuam especificamente com UX/UI Design. Mesmo tendo escolhido essa disciplina e se aprofundado em sua especialidade, devido à sua bagagem anterior, ainda são capazes de performar bem outras tarefas quando necessário. Dentro das empresas:
-
- São mais valorizados;
- São mais organizados, pois definem melhor rotinas de trabalho;
- Influenciam diretamente o resultado do projeto e da empresa;
- Fazem descobertas que levam o setor adiante.
Especializando-se em UX/UI Design
Uma vez que você busca desenvolvimento e se insere no universo de UX/UI Design, torna-se um profissional júnior. Mas não se iluda pela nomenclatura: Conforme falamos no artigo Como aplicar a uma vaga, um UX/UI Designer júnior sabe executar todas as tarefas satisfatoriamente, entendendo das ferramentas e metodologias para ter um entregável. Ou seja, para o mercado, mesmo que você seja um designer experiente em outras disciplinas e possa usar essa experiência, especificamente em UX/UI Design, você está começando.
Nesse ponto, há ainda uma grande crescente de profissionais provenientes de outras áreas não relacionadas ao design, como Psicologia, Redação e Tecnologia. Igualmente, ao ingressarem em UX/UI Design, mesmo que sua bagagem anterior seja agregadora, estarão começando.
A boa notícia é que vagas são únicas, para demandas específicas, em empresas com mindset próprio. Isso faz com que hajam oportunidades em que seja mais pertinente contratar pessoas com mais background em Psicologia, do que pessoas altamente qualificadas em visual design. Ficará a critério do perfil da vaga e do avaliador em definir seu fit com a oportunidade em questão, e em alguns casos, relevando a maturidade em UX/UI do candidato devido a determinada skill. Em vias práticas, há oportunidades em empresas de diferentes perfis para seu momento na carreira. Resumo abaixo:
Baixa Maturidade em Design
Normalmente empresas pequenas. Requerem profissionais que atuem de forma completa, por não terem total entendimento sobre a real função de um UX/UI Designer, ou mesmo budgets bem menores. Além disso, é claro, precisam que o profissional seja versátil suficientemente para contribuir em tudo o que for necessário no quesito visual e estratégico.
Média Maturidade em Design
Empresas de médio porte, startups, ou mesmo grandes empresas em processo de transformação digital. Essas já possuem liderança de design e profissionais mais qualificados e especialistas para esse processo, com times enxutos. São o lugar ideal para você ajudar na implantação do mindset de UX, merecendo um lugar na mesa dos stakeholders com a paciência e tempo necessários, ajudando-os em sua transformação digital na direção de produtos centrados no usuário.
Alta Maturidade em Design
Empresas maiores que já tem processos e metodologias implementadas, com produtos digitais consolidados e times de design experientes que estão condicionados a lidar com a cultura da empresa na criação de novos produtos ou melhoria dos atuais. Esses, por sua vez, são mais robustos pois envolvem muito mais pessoas, tecnologias, processos internos e investimentos, e por isso, há espaço e budget para profissionais altamente qualificados e especialistas.
O profissional “na forma T”
Já atuando como UX/UI Designer há algum tempo e tendo conhecido o processo de ponta-a-ponta, você notará que há um aprofundamento ainda maior nessa disciplina, como UX Writing e UX Research. Para alcançar essa “especificação da especificação”, será necessário que você se auto-avalie considerando todo o seu background anterior com o seu momento atual, definindo os pontos mais fortes ou o que você realmente ama fazer.
Para isso, foi criada uma terminologia / representação visual conhecida como T-Shape (“na forma T”, em tradução livre), que ilustra o profissional apto a atuar em todas áreas do Product Design, mas que em uma delas é mais profundo. Esse profissional agrega a times com mais qualidade e traz mais valor ao projeto, já que nunca estará totalmente desinformado sobre determinada tarefa (para que atrapalhe seu time) e sempre está melhor informado em sua expertise do que seus colegas (para que sua entrega individual seja mais completa).
Veja no exemplo abaixo uma explicação visual sobre esse conceito. É possível adicionar muito mais disciplinas do universo de UX/UI Design, mas vamos nos ater às mais comuns em profissionais avaliados. Cada uma dessas tem seu próprio aprofundamento.
Atente para o fato de que, uma vez que você é especializado em uma delas mas conhece todas, seu alinhamento com o time será muito mais prático e eficaz pois vocês entendem, em algum nível, das mesmas habilidades. Em sua especialidade, você terá mais voz; da mesma forma, os outros integrantes do time em suas próprias especialidades. Veja abaixo:
Conclusão
Se você é atualmente um designer “multitask” e deseja atuar como UX/UI Designer, esse processo não é simples e muito menos automático. Para especialize-se nessa disciplina, será necessário que você mergulhe de cabeça: estude, desenvolva outras habilidades, ouça pessoas, entenda processos e passe a valorizar dados, negócios e resultados — para então compreender a enorme diferença de mindset. Se está em busca de formação, recomendamos o BootCamp MID (Master Interface Design) da Aela.io.
UX/UI Designers são mais procurados atualmente e melhor remunerados, pois são especialistas. No final das contas, o caminho da especialização é o mais propício a lhe render melhores resultados na construção de sua carreira no longo prazo, possibilitando o crescimento em sua especialidade, reputação e valor de mercado.
Evite turnovers em sua carreira de UX/UI Designer
A síndrome do impostor
Em nossa experiência como recrutadores focados em UX/UI Designers, como já falamos em artigos anteriores, encontramos candidatos que apresentam posturas bem distintas. Por algumas vezes o profissional se vende bem, mas na realidade não é metade do que alega; Por outras, o profissional não consegue se vender muito bem, mas quando lhe é dada uma oportunidade, ele mostra do que é capaz. Infelizmente, o ponto de equilíbrio entre esses dois cenários é muito difícil de se encontrar.
Nos atendo ao primeiro caso: o termo “síndrome do impostor” é mais conhecido fora do Brasil, e é um fantasma que assombra as empresas em geral. Todas tem receio de contratar e perceber que o profissional não é o esperado: Ou não tem as skills necessárias, ou não tem a experiência alegada, ou não consegue se adequar ao time / cultura da empresa. Já houveram casos de o profissional demorar certo tempo para ser “desmascarado” pela empresa, quando esta percebe que ele esteve se ancorando no resultado de seus colegas até que sua incompetência tomasse proporções visíveis. Quando esse ponto chega, tenha a certeza de que esse profissional dificilmente terá outra oportunidade.
Se você perceber que está no lugar errado, não arraste esse problema: Rapidamente comunique sua liderança sobre essa disparidade. Quanto antes esse ponto for esclarecido, menos prejuízo gerará para todos os envolvidos. Se você for sincero, sua atitude será louvada e a empresa provavelmente avaliará a possibilidade para te alocar em outra função ou projeto. Mas se você der espaço e corpo a esse problema, no final do dia, o culpado será você e todos sairão perdendo. Há uma máxima que empresas e líderes do mundo todo seguem:
“Contrate o caráter, treine as habilidades.”
Consequências de uma contratação errada
O prejuízo gerado por uma contratação errada sempre é maior do que imaginamos. Além das consequências óbvias, que são a perda de dinheiro e tempo, existe a perda humana, que é o principal problema. Listo abaixo 4 pontos principais, que são decorrentes desse cenário.
Você perde
Mesmo que nosso mercado esteja em crescimento acelerado, ele ainda é demasiadamente pequeno comparado a outros. Independentemente de seu status, todos estamos construindo uma reputação no mercado: Como citado em nosso artigo Como aplicar a uma vaga de UX/UI Designer, o principal indicador de nível de maturidade é a forma como outros profissionais o vêem. Logo, atente para o fato de que um problema grave de comportamento pode manchar essa reputação que você está construindo. Em adição, a comunidade de UX/UI Designers é muito unida, já que é composta por pessoas que se ajudam e automaticamente se conhecem. Não queira fazer a conta da velocidade de uma notícia ruim. Mesmo com toda a tecnologia aplicada de hoje, a indicação ainda é um pilar na hora de contratar.
O time perde
Uma vez que você se ausenta (seja por desistência ou por demissão), estando inserido a um projeto e interagindo diariamente com pessoas, é evidente que há impacto para os outros integrantes de sua equipe com sua saída. Até que a empresa encontre, avalie e contrate um substituto, as pessoas terão que trabalhar mais para cobrir a sua falta, o que vai prejudicar frontalmente sua produtividade e sinergia. Além disso, quando a nova pessoa chegar, ainda haverão de atualizá-la de todo o projeto e ter a paciência para dar o tempo necessário a ela se adaptar.
O projeto perde
Em decorrência do impacto na equipe, é uma reação em cadeia: Sprints podem ser adiadas, pesquisas serem atrasadas, protótipos serem entregues com erros, e claro, deadlines serem perdidos. Como resultado, a reputação de todo o time perante os stakeholders pode perder força, o que vem a um custo muito alto para reconstruir.
A empresa perde
Por fim, quem paga a conta no final do mês é diretamente afetado. Esse é um ponto que poucos UX/UI Designers levam em consideração: Quanto você custa para empresa? Quanto ela investiu para te encontrar, contratar, e logo (ter que) te desligar? Pensar apenas no seu salário é como ver a ponta do iceberg: Lembre-se que se não fosse a coragem, ousadia, determinação, foco, resiliência e muito suor dos fundadores e da liderança da empresa, não haveria projeto e você não teria sequer tido essa oportunidade.
Gestão de expectativas
Conforme citamos em Boas oportunidades: Como não perdê-las, existem pontos fundamentais para que não falte e nem sobre informação em cada momento do processo seletivo. Nesse artigo, listamos os erros mais comuns que acontecem antes, durante e depois de aplicar a uma vaga. Lembre-se sempre que o tempo a ser investido em você é extremamente curto, por isso ser prático e objetivo faz toda a diferença, e diga-se de passagem, esses fatores fazem parte da sua avaliação como um todo — Não pense que um portfolio atualizado e um currículo bonito são suficientes: O desafio aqui pontuado é surpreender em cada etapa, e gradativamente, construir a imagem real e ideal de você. Aos pontos:
Apresente-se bem, sem exageros
A forma como você aborda o recrutador já diz muito sobre você. Uns preferem não escrever nada, nem seu próprio nome; Outros, contam uma “breve” história de sua carreira. A medida certa nesse momento é simplesmente apresentar-se objetivamente, dizer como chegou à vaga e listar seus principais links (Portfolio e LinkedIn). Não custa dizer que é extremamente importante que esses links funcionem.
Para surpreender: seja rápido, objetivo e único, com um discurso claro.
Envie um material alinhado a seu momento atual
Como citamos no artigo Como aplicar a uma vaga de UX/UI Designer, de nada adianta mostrar sua vasta experiência anterior se ela não for de UX/UI. Se você deseja ser avaliado como um UX Sênior, seus cases devem ter a qualidade, a consistência e a profundidade esperados desse nível de profissional. Logo, tenha certeza de seu nível de maturidade, alinhe seus projetos a esse nível e somente aplique a vagas que pedirem exatamente esse perfil.
Para surpreender: Só envie um portfolio que você tenha orgulho e que saiba explicar cada vírgula de cada projeto.
Demonstre propriedade, segurança e experiência na entrevista
Estranhamente, muito poucos candidatos perguntam detalhes sobre a vaga antes de aplicar. Logo, quando vão à entrevista (o momento de ouro em que a empresa já está interessada), sabem tão pouco sobre a vaga que ficam perdidos nas respostas, ou ainda pior: percebem que estão no lugar errado, e que tomaram o tempo de outras pessoas em vão. Esteja mentalmente pronto, com certeza de sua experiência e propriedade sobre seus projetos para responder qualquer pergunta, e genuinamente interessado na vaga.
Para surpreender: Seja o primeiro a chegar, responda às perguntas com convicção e só fale quando lhe for dada a palavra.
Conclusão
Para evitar turnovers, deve-se pensar nele desde a aplicação à vaga. Seja claro sobre você mesmo, de forma a ajudar os avaliadores a terem a impressão correta sobre você. Perceber que está no lugar errado já estando no lugar errado é extremamente prejudicial não apenas a você, mas principalmente aos envolvidos em todo o processo.
Boa sorte!
Aumente seu valor pessoal, além da técnica
Hard Skills VS. Soft Skills
Por definição, Hard Skills são as habilidades que desenvolvemos no quesito técnico, que nos capacitam a produzir. Dominar ferramentas, saber criar wireframes, jornadas de usuário, telas e protótipos são alguns deles. Logo, entende-se que mesmo um profissional em início de carreira deve ter essas habilidades.
Já as Soft Skills são habilidades relativas ao caráter e personalidade. São os aspectos pessoais que definem a forma como você se relaciona com outras pessoas, e como eles determinam seu comportamento profissional em um conjunto de pessoas que tem o mesmo objetivo em uma empresa. Como citamos no artigo Como aplicar a uma vaga de UX/UI Designer, a maioria dos UX/UI Designers define sua maturidade pela forma como outros profissionais os vêem — então o comportamento é o principal indicador nessa definição. São essas competências que determinam sua maturidade, acima das Hard Skills.
Soft Skills mais desejadas
Como falamos no artigo Sou um bom UX/UI Designer, mas as entrevistas são injustas comigo, gostar de gente é uma das premissas de um bom UX/UI Designer. Não estamos mais na época em que designers não tinham voz, e se acuavam atrás de imensos monitores. Um designer, em sua essência, é um profissional de comunicação. A importância disso tem tomado proporções cada vez maiores nas empresas, por isso, se você não tem essa habilidade, desenvolva-a urgentemente — e se perceber que não é possível mesmo, reavalie seus motivos para ser um UX/UI Designer.
From GiphyEm vias práticas, preste atenção na forma como você se relaciona em seu ambiente de trabalho — ou mais do que isso, atente para a forma como as pessoas se relacionam com você. Como sabemos: “Não preste atenção no que o usuário diz, mas no que ele faz.” Você não vai obter as respostas que procura perguntando diretamente às pessoas o que acham de trabalhar com você.
Listo abaixo as Soft Skills mais relevantes:
Colaboratividade / Comunicação com a equipe
Grandes projetos não são feitos por uma pessoa só. Essa habilidade trata de como você vai se posicionar mediante outras pessoas no projeto em questão. Essencialmente, no universo de UX há diferentes times envolvidos além do design, como Desenvolvimento, Product Owners e Stakeholders. Cada um deles tem seus próprios objetivos, que devem ser ouvidos e alinhados às suas tarefas para que o coletivo obtenha sucesso. Logo, é essencial que você consiga criar e cultivar uma via de comunicação com essas pessoas, a fim de manter um bom relacionamento com elas durante todo o projeto.
Empatia
Trata-se da habilidade de entender os sentimentos de outras pessoas, e não apenas isso, mas de torná-los relevantes em seu processo de trabalho. Apenas ouvir não basta, é necessário haver conversão prática em sua metodologia pessoal. Como cada integrante do projeto tem sua própria organização e metas, é primordial que você os entenda e os ajude a atingi-los. Não podemos ser só reativos, mas sim ativos, trazendo elementos que agreguem valor a todos.
Inteligência emocional
Esse ponto talvez seja um os mais desafiadores, quando suas questões particulares não interferem em seu trabalho. A forma como você lida com subordinação à liderança, críticas diretas / indiretas e decisões inesperadas no meio do projeto, ou até mesmo costumes que traz ao ambiente de trabalho, faz muita diferença na forma que as pessoas conseguem se relacionar com você. Manter-se focado, determinado e ainda produtivo em meio às adversidades é um desafio diário que todos enfrentamos, e quanto menos deixarmos nossos vícios pessoais interferirem, melhor.
Apresentação / Habilidades de falar em público
É fato que algumas pessoas são naturalmente mais extrovertidas, e para esses, falar em público não é problema. Se você não é uma dessas pessoas, saiba que essa habilidade pode (e deve) ser desenvolvida. É indispensável que você consiga, sem dificuldades, expôr processos, defender conceitos e decisões de design consistentemente. Uma vez que o UX/UI Designer tem estado cada vez mais envolvido nos negócios, dirigir-se aos Stakeholders com propriedade é primordial para manter seu lugar à mesa.
Liderança
É a habilidade de tomar a frente em determinada tarefa, conduzindo pessoas menos experientes na direção certa para que atinjam o máximo em produtividade e qualidade. Dessa forma, os resultados de toda a equipe tornam-se mais evidentes, rápidos e eficazes. Há aquela máxima em que o líder ideal é aquele que puxa o carro junto com os liderados, e vez de lhes dar chicotadas para que o puxem. Logo, liderar não é simplesmente dar ordens e cobrar que sejam cumpridas, mas abrir o caminho para que pessoas possam se desenvolver e alcançar excelência em seus entregáveis, garantindo a longevidade e qualidade da equipe.
Operações de negócios
Sabemos que UX/UI Designers já têm uma cadeira na mesa dos Stakeholders. Esse foi um grande passo de nosso setor, indubitavelmente — Cada vez mais as empresas estão percebendo o impacto direto que um Design Team pode trazer, seja no aumento de vendas, na retenção de clientes ou na redução de custos e desperdícios. Todos esses pontos estão diretamente ligados aos resultados da empresa como um todo. Por isso, UX/UI Designers precisam cada vez mais levar em conta o negócio, sabendo como documentar e analisar os resultados de seu trabalho.
Habilidades além do Design
Uma história real: Certo jovem, recém ingressado como UX/UI Designer em uma gigante do varejo nacional, se viu diante da oportunidade que serviria de trampolim para a sua carreira. Uma empresa nova e inspiradora, pessoas bacanas, boas metodologias e audaciosos desafios pela frente. Logo, ele fez o máximo que pôde para se integrar, ser participativo, ouvir, e por fim, se sentir parte do time. Meses se passaram, e ele tinha conseguido esse feito. Acontece que ninguém sabia que ele, antes de se tornar um UX/UI Designer, tinha sido professor de Yoga.
Certo dia, ele teve a brilhante ideia de sugerir a seus colegas de trabalho uma sessão de Yoga, totalmente grátis, no parque próximo à empresa. Era uma competência que ele tinha e podia oferecer, e que a seu ver, poderia ser muito agregadora para sua equipe de trabalho. Então promoveu a primeira aula. Depois a segunda.
Terceira. E assim, foram muitas aulas onde “o pessoal da firma” vinha pra investir em sua saúde, e mais do que isso, a se integrarem mais como time. Nem preciso dizer que a liderança da empresa simplesmente adorou esse gesto: Um colaborador, que por iniciativa própria e sem custo, criou uma forma de integrar a equipe, e ainda ajudar em sua saúde.
Esse é um exemplo perfeito de como as habilidades além do design podem fazer muita diferença em uma empresa e em um time. Todos nós, devido a experiências anteriores, certamente temos algo a agregar a outras pessoas com nossa vivência pessoal: Uns vieram do interior para a cidade grande, outros já estiveram fora de sua terra natal, outros já tiveram outras profissões, outros tem algum hobby bacana. Em todos esses casos, há histórias, aprendizados e descobertas que, se compartilhadas, podem favorecer as pessoas à nossa volta.
Conclusão
Evidencie essas competências em seu site / currículo.
Separe pontos importantes que aconteceram em sua carreira, que sejam dignos de mencionar. Em seu site ou currículo, faça questão de contar essas pequenas histórias sobre esses fatos, esclarecendo o cenário, o problema e a solução. São esses momentos que constróem sua experiência, mostrando os acertos (que serão seguidos) e erros (que serão evitados) em seus próximos desafios. Empresas não querem pessoas que trazem vícios, mas sim pessoas que já estiveram em situações adversas e souberam como vencê-las, para que apontem as futuras decisões na direção menos arriscada.
Grandes oportunidades estão abrindo para UX/UI Designers que estiverem prontos
UX/UI Designers brasileiros são bem vistos
Conversamos com diversos profissionais brasileiros que trabalham atualmente para empresas na Europa. A seu tempo, eles mudaram fisicamente de país para abraçar oportunidades, com muita coragem e ousadia, e chegaram lá. Alguns deles ocupam cargos importantes, como o Felipe Guimarães (VMware) e o Jon Vieira (QuantumBlack), e o que eles têm a dizer sobre a ideia que os “gringos” fazem sobre nós são muito motivacionais. Em vias práticas, brasileiros são notórios por esses pontos:
Criatividade — É sabido que nós somos muito criativos. E não se trata apenas de boas ideias e criações visuais, mas também de encontrar meios inteligentes para resolução de problemas.
Facilidade de adaptação — Para quem já saiu do Brasil, é fato que ao chegar em outro país, é enorme a chance de topar com outros brasileiros. Isso é porque nós, em maioria, conseguimos nos adaptar com menos dificuldade a outras culturas, inclusive em países com grande diferença climática como o Canadá.
Resiliência — Como estamos condicionados a viver sob intensa pressão, em um país de muitas incertezas e dificuldades no âmbito profissional como um todo, suportamos mais e por mais tempo as dificuldades de outros países. Há quem diga que se você consegue obter sucesso no Brasil, consegue em qualquer outro país. Realmente não desistimos fácil.
Novas oportunidades do mundo que ficou remoto
É evidente que a visão sobre o trabalho remoto mudou para sempre. Algumas empresas já tinham essa metodologia implementada e sofreram menos impacto; outras foram forçadas a se adaptar. Com essa adaptação em plena crescente, mais barreiras que ainda existiam estão sendo derrubadas, e uma delas é a diferença de países. Já que trabalho remoto iguala o profissional que está a 50 metros do escritório ao que está a 5.000 quilômetros, outras prioridades tomaram força — e uma delas, talvez a principal, é a enorme redução de custos. Com a diferença de moedas entre países nesse momento, as chances para brasileiros altamente qualificados aumentaram significativamente. Logo, é a sua chance de pleitear aquela vaga que tanto sonhou, já que as empresas europeias estão dispostas a investir em profissionais com as habilidades citadas acima, que conseguem chegar a bons entregáveis mesmo com toda a adversidade.
Como estar preparado
Depois da notícia boa, prepare-se para a não-tão-boa (esperamos que esse não seja o seu caso!). Em processos de seleção internacionais, existem barreiras que precisam ser derrubadas muito antes de o UX/UI Designer ser apresentado à empresa. Esse é um cartucho quer você não pode deixar queimar — Uma vez que a empresa se interessou em você, o próximo passo é evitar, com todas as suas forças, uma desqualificação por conta de algum fator que deveria estar sob seu controle. Listo abaixo 7 pontos cruciais que são esperados das empresas:
Inglês fluente
Fluência quer dizer que você é capaz de conversar, ler e escrever. Não apenas isso: Você precisa saber usar suas habilidades de comunicação nesse idioma, sendo capaz de defender suas sugestões e a conduzir conversas complexas sobre design, tecnologia, impacto no negócio, entre outros.
Consciência de seu nível profissional
Ter experiência comprovada, não apenas de técnicas e ferramentas, mas de solução de problemas complexos, e de condução de pessoas menos experientes. Além disso, profissionais altamente qualificados têm o posicionamento de não ter medo de especificações que pedem mais do que seu conhecimento, pois rapidamente adquirem essa informação.
Lição de casa feita
Seu portfolio precisa estar alinhado à sua senioridade, bem como seu currículo. É indispensável demonstrar processo, consistência, qualidade e clareza nos seus cases e, claro, tudo em inglês, devidamente revisados (pra evitar erros grosseiros que podem te desclassificar).
Ter expertise, mas ser versátil
Ter muito bem definida uma expertise principal não anula outras habilidades que podem agregar em determinados momentos do projeto. É interessante poder atuar como híbrido, tanto como UX quanto UI, e saber o momento adequado para usar os métodos e ferramentas que trazem otimização de processos.
Ser muito organizado
Por conta da diferença de fuso horário para países europeus, você vai precisar ser muito disciplinado e organizado para estar disponível em uma boa quantidade de horas, além de seus entregáveis precisarem obedecer esses horários. É necessário aprender a transformar essa diferença em vantagem, e não em desvantagem.
Comprometimento à cultura da empresa
Compartilhar a cultura a colaboradores em modo remoto e em diferentes países não é uma tarefa fácil às empresas. Com isso em mente, dedicar-se para potencializar os resultados do time e esforçar-se para ir além de sua zona de conforto são atitudes que garantem sua permanência nos projetos. Estando em modo remoto, é um desafio ainda maior se sentir realmente parte de uma comunidade e deixar evidente que sua presença faz diferença.
Ter postura profissional
Saber trabalhar em equipe, não ter ego para questionar lideranças, ter boa sinergia com outras equipes (como programadores) e não trazer maus hábitos pessoais ao trabalho são pontos indispensáveis. Além disso, ter pensamento sistêmico e tomar decisões consistentes de design são tão importantes quanto, evitando desperdício de tempo dos outros envolvidos no projeto.
Conclusão
Esteja atento ao movimento do setor de UX/UI no mundo, ele é muito maior do que imagina. Você pode ser mais interessante a essas empresas do que pensa — Como toda instituição, elas estão em busca de profissionais que trabalhem com dedicação, foco e comprometimento, porque acreditam e investem fortemente em Design Teams que podem fazer muita diferença nos resultados da empresa — seja no aumento de vendas, na retenção de clientes ou na redução de custos e desperdícios. Você pode ser parte desses resultados, e agora é um momento extremamente propício para dar esse passo.
Boa sorte!